Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A investigação de um surto de meningite na AP 5.2
Beti Brisse, Geise Aparecida Figueiredo Barbosa, Bárbara Vanessa Gonsales da Silva de Melo, Pablo Waldeck Gonçalves de Souza, Aline Silva de Almeida, Thalita Ferreira Vieira

Resumo


Segundo a Portaria nº 5 de 2006 do Ministério da Saúde, a meningite bacteriana faz parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória, sendo alvo de notificação e investigação imediatas, caracterizando-se por infecção bacteriana aguda, de início súbito, com febre, cefaléia intensa, náusea, vômitos e rigidez de nuca, podendo apresentar erupções e petéquias. Por suas altas taxas de letalidade, necessita de ações de bloqueio precoces. No ano de 2010 o Serviço de Vigilância em Saúde da Área Programática 5.2 recebeu a notificação de dois óbitos por meningite bacteriana, com intervalo inferior a 24 horas, residentes da mesma rua, no sub bairro Rio da Prata, em Campo Grande. Os dois casos evoluíram para óbito em menos de 24 h. No decorrer de oito dias foram notificados mais seis casos. O processo de investigação iniciou-se com o levantamento de informações através de prontuários hospitalares e dos contatos na creche onde as crianças estudavam. Os passos para investigação no logradouro foram a definição de caso suspeito (pacientes residentes na localidade dos dois casos iniciais com sintomas do agravo e contactantes dos mesmos); levantamento de pessoas chave para estabelecimento de vínculo epidemiológico (pais e tia da 1ª criança a falecer). As atividades de bloqueio foram realizadas nas crianças da mesma turma na creche, nos professores e cuidadores da turma e nos contatos intra domiciliares. Foram feitos 95 bloqueios, orientações à comunidade e descarte de novos casos suspeitos. Quanto ao primeiro caso, foi colhido líquor pós mortem e enviada amostra de sangue para realização de PCR. Para o segundo caso foi coletado líquor, que teve bacterioscopia positiva para DGN e látex positivo para Neisseria meninditidis W135. O monitoramento da comunidade continuou por mais dois meses, quando um terceiro paciente, passou a residir na casa do 2º caso de óbito e em nove dias após sua chegada, apresentou os sintomas, evoluindo para óbito em menos de 12 horas, tendo sido ampliadas as ações de bloqueio. Desta forma, destacamos a necessidade da investigação epidemiológica, avaliação da probabilidade do vínculo entre os casos suspeitos, realização de bloqueio entre os contactantes e monitoramento do aparecimento de novos casos suspeitos.