Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Busca dos Casos de Abandono de Tuberculose: Desafio à Equipe Multiprofissional de Saúde
Jaqueline Rodrigues Oliveira

Resumo


Oliveira, JR.1.3; Barcellos, M1.; Fortes, P2.; Seixas, J M. 1.3; Sanches, FAD4.5; Kritski, A. L1.3 . 1. UFRJ: Programa Acadêmico de Tuberculose, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2. Policlínica Augusto Amaral Peixoto – Secretaria Municipal Saúde – RJ 3. Universidade Federal do Rio de Janeiro 4. Instituto de Doenças do Tórax – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 5. Hospital Universitário Pedro Ernesto – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Introdução: A tuberculose é uma doença grave e atinge, ainda no século XXI, grande parcela da população que vive em condições sócio-econômicas desfavoráveis. A doença acomete, principalmente, pessoas com déficit nutricional, que moram e/ou trabalham em locais insalubres, de difícil acesso aos serviços para manutenção da saúde. No Brasil, o tratamento é oferecido gratuitamente nas Unidades de Saúde e após 6 meses, a cura esperada em 100% dos casos. A tomada dos medicamentos é fundamental para quebrar a barreira de transmissão e evitar disseminação nas comunidades. A taxa de abandono no país é elevada, cerca de 10%, Estado do Rio de Janeiro, 15%, sendo aceitável, pela Organização Mundial de Saúde, taxa até 5%. Especificamente numa Unidade de Saúde, do Município Rio de Janeiro identificamos taxa média de 20% de abandono, nos últimos três anos. Objetivo: Realizar visitas domiciliares aos casos de abandono buscando sua reintegração ao serviço e cura da doença. Método: Incluímos 26 casos de abandonos entre anos de 2008 e 2010. Visitas foram feitas semanalmente, junho a setembro 2011, por enfermeiro e técnico de enfermagem da Unidade. Utilizamos questionário padronizado e abordamos questões como: motivos da interrupção do tratamento, acolhimento, conhecimentos sobre a doença, apoio dos familiares. Após aplicação do questionário e escuta das falas dos doentes, profissionais coletaram escarro para baciloscopia e cultura e ofereceram consulta médica e de enfermagem. Resultados: 80% das pessoas moravam em comunidades violentas, de difícil acesso: morros íngremes, barracos de chão batido, ausência de móveis, aglomerações em torno, escassez de escolas, serviços de saúde ou assistenciais. Em relação aos motivos do abandono observamos que mais da metade dos doentes, apresentou fala parecida: acharam estar curados mesmo sem completar 6 meses demonstrando desconhecimento da doença mesmo sendo orientados inicialmente na Unidade. Apesar de relatarem apoio familiar, cerca de 30% referiu medo da transmissão e a primeira atitude foi separação dos objetos. Dos 26 casos visitados, 12 retornaram e estão sendo acompanhados pela equipe de saúde. Quatorze não foram localizados por mudanças de endereço, uso de crack ou álcool, tráfico de drogas. Conclusão: A visita domiciliar é necessária para busca dos abandonos e compreensão da realidade de vida. É essencial o acolhimento dos doentes pela equipe multiprofissional visando abordagem efetiva e rede de apoio às suas necessidades.