Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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REDUZINDO O RISCO FARMACOLÓGICO COMUNITÁRIO
Luiz Vieira Junior

Resumo


Introdução: A automedicação, o intercâmbio comunitário de medicamentos e outras práticas populares geram riscos significativos a população, sobretudo as mais carentes e com menos acesso a assistência sanitária. Entre 2007 e 2010 pesquisadores e estudantes realizaram 4 etapas anuais de visitas domiciliares em 1112 domicílios (5926 habitantes pesquisados; 37 % da população) em uma comunidade carente (IDH 0,612) da Zona Oeste do Rio de Janeiro, com o objetivo de identificar os riscos farmacológicos, e promover ações educativas para a Saúde. Objetivos: Investigar o uso irregular de medicamentos; e reduzir a automedicação e o uso inadequado de medicamentos através de ações educativas. Metodologia: Entre 2007 e 2010, os entrevistadores autorizados pelo morador, inspecionaram a residência em busca de medicamentos sem receita, sem orientação terapêutica, com data de validade expirada, com rótulo e/ou embalagens que inviabilizam a identificação ou verificação de data de validade, entre outros aspectos. Posteriormente aplicaram um questionário sobre o consumo de medicamentos. Por fim, ofereceram informações sobre os riscos de acidentes causados pela automedicação e outras práticas de irregulares através de palestra na associação de moradores. Resultados obtidos: entre os muitos resultados, destaca-se a queda de 23,4% para 2,6% de domicílios com medicamentos irregulares entre 2007 e 2010; de 18,5% para 1% de domicílios com medicamentos expirados; de 4,2% para 0,3% de domicílios com medicamentos controlados sem receita; os entrevistados afirmam trocar medicamentos com vizinhos ou parentes caiu de 17 para 2%; o percentual de entrevistados que informam consumir medicamentos em condição reprovável (com validade vencida, embalagem violada, etc.) caiu 78%; 0,3% dos entrevistados relataram um ou mais episódios de agravos ou acidentes com medicamentos em condição irregular no domicílio, no ano, em 2010, contra 8% em 2007. Conclusão: a baixa renda, o baixo grau de instrução e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde ampliam a exposição da população aos riscos farmacológicos, pois esses fatores estimulam o uso irregular, a retenção de medicamentos e o seu compartilhamento na comunidade. É papel dos profissionais de saúde desmistificar as panacéias e promover a redução de riscos, e estimular práticas positivas e seguras.