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A capacitação profissional como estratégia de qualificação da atenção às mulheres em situação de violência sexual
Resumo
Introdução: A formação e a capacitação dos profissionais de saúde fazem parte do conjunto de estratégias do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (SPM, 2008) e do Plano Estadual de Adesão ao Pacto de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres (SUDIM, 2007) e condicionam a intervenção qualificada na atenção às mulheres em situação de violência sexual. Objetivo: Esse trabalho integra uma pesquisa avaliativa cujo objetivo é avaliar os serviços de atenção às mulheres em situação de violência sexual no Estado do Rio de Janeiro. Assim, pretendeu-se analisar a incorporação dos parâmetros sugeridos na Norma Técnica “Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes” (Ministério da Saúde, 2007) no que se refere à qualificação dos gestores e profissionais de saúde. Método: Privilegiou-se a pesquisa qualitativa junto aos serviços de saúde de 19 municípios das 9 regiões do Estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas entrevistas do tipo semi-estruturada, baseadas em roteiro, com 112 profissionais de saúde e 34 gestores. Resultados: A falta de abordagem da temática da violência sexual durante a graduação e a ausência de treinamento na unidade em que atuam foi informada pela maioria dos entrevistados. Os gestores informaram ter feito algum curso ou ter participado de capacitação depois de formados e por interesse na aproximação com a temática. A falta de capacitação dos profissionais de saúde que realizam o atendimento foi uma das principais dificuldades percebidas pelos entrevistados. Conclusão: A fragilidade da qualificação profissional para atuar junto às mulheres em situação de violência sexual contribui para a invisibilidade da demanda e para a assistência nem sempre adequada. Observa-se a necessidade de investimento e ampliação das atualizações e acompanhamentos continuados dos gestores e profissionais de saúde. Além do enfoque no preparo técnico, envolvendo as proteções legais e a avaliação de risco, é importante discutir a disponibilidade interna a ouvir e orientar e a função social dos profissionais e dos serviços. Isso pode contribuir para reduzir os estereótipos ancorados no senso comum ainda presente nas falas de gestores e profissionais na compreensão do fenômeno da violência sexual contra a mulher. Cabe destacar a importância da inclusão do tema na formação profissional e o estímulo ao desenvolvimento de pesquisas e projetos de extensão em parceria com as universidades no âmbito dos serviços.