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O cotidiano do trabalho na Estratégia de Saúde da Família para População em Situação de Rua e o acolhimento ao problema da Violência de Gênero.
Resumo
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a violência como sendo o uso da força física contra si próprio, contra outra pessoa, contra um grupo ou uma comunidade, podendo ocorrer tanto através do poder real quanto na forma de ameaça. As conseqüências podem ser ou a possibilidade ou resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação (OMS, 2002). De acordo Ministério da Saúde (2005) os vários tipos de violência são: contra as crianças, contra adolescentes, de gênero, contra o idoso, interpessoal, auto-infligida, no trabalho e no trânsito. Optou-se por trabalhar a questão da violência de gênero. Segundo Joan Scott (1995) “o termo ‘gênero’ (...) é usado para designar as relações sócias entre o sexo”, rejeitando as explicações biológicas que naturalizem o comportamento e formas de se relacionar de homens e mulheres. Scott (1995) ainda acrescenta que na concepção biologicista o “Gênero é (...) uma categoria imposta sobre um corpo sexuado”. Dessa forma, escolheu-se essa concepção que rejeita uma visão estritamente biológica sobre gênero por não se aceitar tal imposição, que tem como uma de suas implicações a naturalização da subordinação da mulher pelo homem. O presente trabalho tem como objetivo o conhecer as formas de lidar no cotidiano do trabalho e os significados atribuídos por uma equipe de ‘Estratégia de Saúde da Família para população em situação de rua’ sobre a Violência de Gênero. Tem como fundamento metodológico a pesquisa qualitativa. Foi realizado um Grupo Focal para se obter os dados desejados, pois a técnica permite que sejam conhecidas as idéias de um grupo sobre determinado tema (Neto, Moreira, Sucena e Marins, 2001). Como resultados parciais apresenta-se a seguinte discussão ocorrida no Grupo Focal: de forma geral, os serviços que deveriam atender as mulheres moradoras de rua que estão em situação de violência de gênero, não o fazem, privando de atendimento a essa população. Sendo assim, conclui-se que é preciso haver atividades de formação para os profissionais dos diversos setores responsáveis por atender pessoas em situação de violência de gênero (saúde, assistência social e segurança pública), de modo a capacitá-los a atender adequadamente a mulheres moradoras de rua.