Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Serviços de saúde do Estado do Rio de Janeiro e o trabalho em rede na atenção às mulheres em situação de violência sexual
Roberta Matassoli Duran Flach, Camila Rebouças Fernandes, Ludmila Fontenele Cavalcanti, Rejane Santos Farias, Maísa Almeida de Lima, Laisa Maia Sant'Ana

Resumo


Introdução: A complexidade da atenção às mulheres em situação de violência sexual requer uma abordagem interdisciplinar e intersetorial que implica na constituição e no fortalecimento de uma rede de atendimento a partir da articulação dos governos federal, estadual, municipal e da sociedade civil. Objetivo: Esse trabalho integra uma pesquisa avaliativa cujo objetivo é avaliar os serviços de atenção às mulheres em situação de violência sexual no Estado do Rio de Janeiro. Assim, pretendeu-se analisar a incorporação dos parâmetros sugeridos na Norma Técnica “Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes” (Ministério da Saúde, 2007) no que se refere à participação dos serviços de saúde no trabalho em rede. Método: Privilegiou-se a pesquisa qualitativa junto aos serviços de saúde de 19 municípios das 9 regiões do Estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas entrevistas do tipo semi-estruturada, baseadas em roteiro, com 112 profissionais de saúde e 34 gestores. Resultados: A atenção terciária é o nível mais apontado, pelos gestores e pelos profissionais de saúde, como coordenador da atenção a saúde das mulheres em situação de violência sexual. Isso pode ser explicado devido a pouca incorporação desse tipo de atendimento pela atenção básica e pelo acesso predominante através das emergências. Os serviços das políticas de segurança pública, da política de atendimento à mulher e da política de assistência social são identificados como os que encaminham as mulheres em situação de violência sexual para os serviços de saúde. No entanto, observa-se a dificuldade de acompanhamento das usuárias decorrente da insuficiência de serviços e da fragilidade da informação acerca da rede intersetorial no âmbito municipal e regional. São ainda incipientes as iniciativas de construção de rede intersetorial local. Conclusão: A elevada prevalência da violência sexual exige que o maior número possível de profissionais esteja capacitado para a detecção e abordagem, sendo da competência dos gestores municipais e estaduais a consolidação da rede intersetorial. Nesse sentido, é necessário um esforço permanente de promover a integração e articulação dos serviços e instituições que supere o mero encaminhamento de usuárias para e consolide um fluxo resolutivo, de realização de ações integradas, de sistema de registro/notificação eficaz, de capacitações compartilhadas, entre outras possibilidades de construção da integralidade.