Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Violência contra mulher: problema só de mulher?
Fernando Gomes Ceccon, Lisie Alende Prates, Jussara Mendes Lipinski

Resumo


Caracterização do problema: No Brasil, a atenção à saúde da mulher em se tratando de políticas de saúde, desde as primeiras décadas do século XX, tem sido reduzida, em grande parte, a atenção materno-infantil, em especial às demandas relativas à gravidez e ao parto. Contudo, nos últimos anos, temáticas relacionadas à saúde mental, sexualidade, aborto, adolescência, envelhecimento, trabalho, cidadania e violência vem sendo cada vez mais destacadas como áreas essenciais, que exigem avanços urgentes. Dentre estas temáticas, destacamos a violência contra a mulher como uma das áreas temáticas as quais tem se dedicado os estudos feministas no Brasil desde os anos 80 e que atualmente tem sido pauta de discussões em vários segmentos da sociedade. Descrição da experiência: Esta experiência trata-se de uma vivência em uma oficina denominada “Violência contra mulher: o que se vê e o que se vive”, realizada em outubro de 2011, que teve como objetivo propor a reflexão sobre as situações cotidianas de violência contra a mulher e suas repercussões para a saúde desta. A oficina teve duração de 4 horas e contou com 30 participantes, profissionais e acadêmicos da área da educação e saúde. Foram realizadas dinâmicas com a utilização de textos, músicas e frases do cotidiano de mulheres que expressam a violência como coisa normal, assim foi possível promover a reflexão e a troca de saberes entre os indivíduos. Efeitos alcançados: Durante a realização da oficina, um aspecto que chamou a atenção foi a pouca participação de indivíduos do sexo masculino, representados apenas por dois sujeitos. A questão da violência contra a mulher foi levantada e discutida durante as dinâmicas e o grupo identificou que a temática ainda não é explorada pelo sexo masculino, que ainda se mantém distante dessa discussão. Ficou para o grupo o entendimento de que os homens não são coadjuvantes nesta história e para produzir mudanças em seu comportamento, precisam ser incluídos nas pautas de discussão. Recomendações: Embora o homem esteja envolvido na maioria dos tipos de violência que a mulher possa sofrer, não basta apenas culpá-lo, aprisioná-lo ou lhe oferecer algum tipo de tratamento, é necessário também proporcionar um espaço de escuta para que este possa compreender como se estabelece o comportamento agressor e quão grandes são suas raízes, assim como, entender o que são e como se produzem as relações de gênero e alternativas para resolução destes conflitos dentro de um processo de mudança. Referências ANDRADE, L. F. A lei Maria da Penha e a implementação do grupo de reflexão para homens autores de violência contra mulheres em São Paulo. Fazendo Gênero 8 – Corpo, Violência e Poder. Florianópolis, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço / Secretaria de Políticas de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2001.