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Violência no namoro: sentidos atribuídos e estratégias adotadas
Resumo
Introdução: No Brasil, a violência ocorrida durante o namoro não tem sido foco de muitos estudos. Apesar disso, a sua incidência já é apontada por estudos como o de Méndez e Hérnandez (2001), Aldrighi (2004), Caridade e Machado (2008), e Minayo et al (2011). Outros estudos têm relacionado à violência ocorrida nas relações amorosas do namoro com o contexto universitário (Caridade e Machado, 2008; Aldrighi, 2004). Objetivo: Analisar os sentidos atribuídos por estudantes de graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) à violência ocorrida no namoro. Método: Buscou-se adotar neste estudo a abordagem qualitativa, a fim de analisar os sentidos atribuídos por estudantes de graduação da PUC-Rio à violência ocorrida no namoro. Como instrumento adotou-se a entrevista semi-estruturada baseada em roteiro, com consentimento livre e esclarecido. Resultados: Estudos americanos e canadenses destacados por Aldrighi (2004) apontam uma alta incidência de violência física entre os jovens universitários. Essa incidência pode ser de 20% a 40%. Algumas atitudes praticadas pelos namorados podem ser observadas como forma de alerta para a prevenção da violência, contribuindo para que a pessoa rompa a relação amorosa ou mesmo não se envolva numa relação violenta. Entre os indícios se destacam o controle e isolamento, a agressividade verbal, a falta de reconhecimento dos próprios erros, as diversas formas de humilhação e depreciação da parceira. Uma vez dentro de uma relação violenta, para que a pessoa em situação de violência decida romper com esta relação, é preciso primeiramente se dar conta do que está sucedendo e quais são as conseqüências para manter-se nesta relação. Conclusão: A idéia de amor romântico, ainda presente na sociedade brasileira contribui para que as mulheres tolerem os atos violentos como algo intrínseco a relação amorosa. A ausência de visibilidade do fenômeno da violência no namoro contribuiu para que esta não ganhe a importância devida nas discussões políticas e nos planos e programas governamentais brasileiros. Acrescente-se a isso a cobrança, exercida sobre o profissional, na sua prática de saber tratar das seqüelas resultantes da violência sem, no entanto, ter sido preparado durante o curso universitário para lidar com essa problemática no exercício profissional.