Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Articulando Saúde e Cultura em Redes Tecnossociais
Claudia S. F. Martins, Wagner de Jesus Martins, Renato Cerceau, Antonio Cordeiro, Nilton Bahlis dos Santos

Resumo


A integração e articulação dos universos da saúde e da cultura necessitam de estratégias que as potencializem. Esses universos são plenos de estruturas, serviços e ações que embora com órbitas coincidentes, tendem a se afastar, pela ausência de um espaço real de interação que proporcione a sinergia necessária e desejada. Nesse sentido, surge a proposta de um ambiente virtual, onde os diferentes atores se encontrem e interajam, através de metodologias que propiciem a interação para além das relações intersubjetivas, que com frequência, caracterizam as relações nesses dois setores. O Decreto nº. 7.492, de 02 de junho de 2011, instituiu o Plano Brasil sem Miséria (BSM), “com a finalidade de superar a situação de extrema pobreza da população em todo o território nacional, por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações.” (BRASIL, 2011). O Plano Brasil sem Miséria tem por principal estratégia a localização, o cadastramento e a inclusão social de famílias em pobreza extrema, desenvolvendo para isso ações que incluem a identificação de serviços existentes além da criação de novas ações e estruturas. Para o alcance de seus objetivos, diversas atividades estão previstas, voltadas para os cerca de 16 milhões de pessoas em extrema pobreza, encontrados nos ambientes rurais e urbanos, entre elas, mutirões, campanhas, palestras, atividades sócioeducativas, visitas domiciliares, armazenamento de bases cadastrais e qualificação de gestores públicos. A inter-relação e integração entre setores da sociedade nacional são necessárias, uma vez que a saúde, a educação, a cultura, a assistência social, de forma isolada não dispõem de mecanismos que garantam nem a inclusão nem o acesso dessas pessoas aos serviços básicos, na perspectiva de torná-los cidadãos e da redução das intensas desigualdades. A Fundação Oswaldo Cruz se insere nesse plano, a partir da proposta de composição de uma Rede Fiocruz em apoio ao BSM (Saúde, ciência e educação na rede Fiocruz pelo Brasil sem Miséria), e do Comitê de Integração Estratégica da Fiocruz no Plano Brasil sem Miséria (CIEF-BSM), bem como delineou os eixos da matriz de projetos que poderão ser desenvolvidos na rede de modo a coordenar esse esforço e a impactar nas ações do BSM. A referência central é a ideia de que caberá a Fiocruz gerar e agregar ao BSM seu produto principal – o conhecimento científico em saúde – em apoio às iniciativas das instâncias executivas das ações do BSM. Até o presente, como ações da Fiocruz no BSM em 2012, destacamos a expedição realizada em Paudalho/PE, em janeiro e a oficina de diálogo social em Sobradinho/DF, em março. Ambas as experiências, embora diferentes em sua forma e territórios, guardaram em comum, a preocupação de estreitar relações com a população, e a utilização incipiente de redes tecnossociais, na perspectiva da criação de uma rede, que cresça de forma emergente e concêntrica. A Rede Saúde e Cultura, como parte integrante do Programa “Cultura Viva promovendo inclusão e qualidade de vida”, surge como um dos produtos de um Acordo de Cooperação entre os Ministérios da Saúde e da Cultura, que se propõe a ser o espaço onde ocorram ações de sinergia entre diferentes projetos e atividades na interseção entre as áreas de saúde e cultura, através da articulação das redes públicas de “atendimento à saúde” e de “equipamentos culturais”. Ela tem como premissa a promoção do diálogo entre as práticas tradicionais em saúde e as políticas públicas, considerando as mais diversas manifestações e linguagens, que promovam a humanização e a ressignificação do cuidado em saúde. Cultura e Saúde determinam a nossa existência, a forma que somos, nosso modo de ser. A maneira de entender e cuidar da saúde, as práticas, os valores, as concepções sobre a saúde refletem e são expressões de uma cultura. Um ambiente mais interativo gera novas formas de práticas em saúde e aumenta as chances de inovação (CAMPOS, 2002). Sabemos, por outro lado, que entre os 16 milhões de pessoas, alvos do Brasil sem Miséria, extensa proporção necessita de cuidados de saúde. O que se observa é que além de estarem à margem do desenvolvimento alcançado pelo país, também sofrem do abandono da saúde. Porém, garantir a inclusão não se faz somente pelo aumento de equipamentos e profissionais de saúde. As estratégias devem ir além do convencional. Nessa dimensão, do não-convencional mas estritamente necessário, situam-se ações de inclusão que exigem novas formas de pensar a promoção da saúde. Nesta dimensão, ações de inclusão exigem novas formas de pensar a promoção da saúde, como a proposta de um ambiente virtual de interação, onde diferentes atores se encontrem. As relações intersubjetivas podem ser superadas através de metodologias que proporcionem maior amplitude de interação, como redes tecnossociais. Tem como premissa a promoção do diálogo entre as práticas tradicionais e as políticas públicas, visando aumentar as chances de inovação. Esse diálogo será mediado pela virtualização da Rede. Como ferramenta tecnológica escolhida para implementação, o software livre Elgg, sistema com características de rede social e Personal Learning Environment, que disponibiliza ferramentas para a construção de um ambiente favorável à potencialização do relacionamento, aprendizagem formal/informal e aproximação entre comunidades distantes e singulares (CORDEIRO et al, 2011). Pretende-se, neste ambiente virtual de interação, experimentar ferramentas que possam ser utilizadas, compreendidas e aprimoradas por um número maior de sujeitos, dispersos espacial e temporalmente, reduzindo o isolamento e a tendência à centralização dos modos de gestão. Esta abordagem permitirá a elaboração de planos, considerando estratégias emergentes; o monitoramento e a coordenação de ações e a avaliação dos resultados e impactos através de informações, da Rede Saúde e Cultura, como atividade integradora no âmbito do Brasil sem Miséria. CORDEIRO, A. et.al. 22º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO. 2011, Aracaju. Anais do 22º Simpósio Brasileiro de Informática da Educação, Aracaju. Disponível em: http: //www.br-ie.org/sbie-wie2011/workshops/wapsedi/wapsedi11-94958_1.pdf Acesso em: 05 dez. 2011. BRASIL. Decreto nº 7.492, de 02/06/2011. Institui o Plano Brasil Sem Miséria. CAMPOS, G.W.S. Sete considerações sobre saúde e cultura. Saúde e Sociedade, v. 11, n. 1, p. 105-115, jan./jul., 2002.