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ESTUDANTES NA COMPOSIÇÃO DE UM COLETIVO SOCIAL DE MUDANÇAS EM SAÚDE
Resumo
INTRODUÇÃO: O estudo descreve vivências de estudantes na constituição do Coletivo Social de Mudanças em Saúde (COSMUS), os quais vinculam-se ao Centro de Educação Superior Norte do estado do Rio Grande do Sul/Universidade Federal de Santa Maria, campus Palmeira das Missões, uma das expansões de universidades públicas no Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência do tipo qualitativo, descritivo e exploratório. OBJETIVO: Relatar a experiência de atores/as estudantis juntamente com apoiadores, que a partir do contato com a proposta das Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde - VER_SUS/Brasil sentiram-se desafiados a discutir e a intervir na formação em saúde, contribuindo com o debate sobre o fortalecimento e consolidação do Sistema Único de Saúde, na discussão acerca dos movimentos sociais e na sociedade em que se vive. RESULTADOS: A proposta de Vivências e estágios na realidade do Sistema Único de Saúde, com ênfase na atenção primária em redes, organizou-se desde a provocação da Escola de Saúde Pública do estado do Rio Grande do Sul, como disparadora, por meio do evento VER_SUS: Construindo Redes, realizado em Porto Alegre aos vinte e dois dias do mês de agosto de 2011, o qual reuniu estudantes do Centro de Educação Superior Norte do Rio Grande do Sul – CESNORS/Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, integrantes de Diretório Acadêmico do curso de Enfermagem e Diretório Central dos Estudantes. Neste encontro tomou-se contato com experiências anteriores de VER_SUS/Brasil realizadas nos anos de 2004, 2005, 2007 e 2009 na região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, em Ijuí, Santa Rosa, Tenente Portela, Pejuçara, São Miguel das Missões e em Santa Cruz do Sul. Algumas destas vivências tiveram financiamento do Ministério da Saúde, outras não, nas quais foi encontrando outras formas de subsistir e resistir na aposta em uma proposta que discute a formação acadêmica, a saúde e a sociedade em que se vive. A partir disso, vários/as estudantes, dentre contaminados/as e curiosos/as, começaram a se encontrar e constituíram o Coletivo Social de Mudanças em Saúde – COSMUS, com aposta na diversidade em sua composição – estudantes da área da saúde e afins, trabalhadores de saúde e integrantes de movimentos sociais, no caso, do movimento dos/as pequenos/as agricultores/as, e do Coletivo de Mulheres deste movimento. No decorrer do segundo semestre de 2011, o COSMUS quis compartilhar o sentimento de contágio com outras pessoas e realizou o I Encontro de Estudantes e Apoiadores das macrorregiões norte, centro-oeste e missioneira na construção do VER_SUS no Rio Grande do Sul. Neste, ocorreu o insight de que VER_SUS é construção, co-construção, desconstrução e re-construção. A partir disso, elaborou-se a Carta Relatório de Palmeira das Missões, na qual consta os/as atores/as do processo, histórico, e propósitos de constituição de um movimento em defesa da vida e do SUS. Inaugurava-se um outro modo de fazer, independente das experiências anteriores de VER_SUS. Um outro momento. Um outro jeito. Se há ou houve amarras, foram construídas com a possibilidade da desconstrução. Essa é a possibilidade de revisitar o vivido permanentemente. É a educação permanente em e no ato vivo. O COSMUS pauta-se pelo processo de rediscussão da formação acadêmica na área da saúde com vistas à atender os princípios sanitários da universalidade, integralidade e equidade no acesso a saúde, por meio da realização de Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde, para a efetivação do direito a saúde. O COSMUS foi se compondo, construindo e desconstruindo conceitos e paradigmas sempre na perspectiva da co-gestão. Elegeram-se algumas diretrizes. Diretrizes são direções de para onde se quer ir, indicam estratégia e dispositivos do que vai ser necessário para a caminhada, ou seja, de como se vai, e que se avalia permanentemente no decorrer do percurso. Uma das diretrizes foi à ampliação do Coletivo, visando com que não se reduzisse a uma única área do conhecimento, ou seja, que incluísse mais pessoas, a diversidade, as diferenças. Ampliou-se a roda. Atualmente, constituem o coletivo estudantes da área da saúde e outras, assim como, estudantes de diversas instituições de ensino, educadores, trabalhadores de saúde, gestores, movimentos sociais e pessoas da comunidade. Outra diretriz compreende, o processo permanente político, de estudo, reflexão e análise. Também é diretriz, ampliar a participação em espaços de controle social, como conselhos de saúde, colegiados gestores, transformando sujeitos políticos e críticos para atuar na sociedade. Assim, participa-se de colegiados de Cursos, Departamentos, Conselho de Centro, Universitário, Comissão de Integração Ensino-Serviço regional e estadual, e discute-se a participação estudantil em Conselhos de Saúde. Ampliou-se o diálogo com movimentos sociais, campesino e indígena, e buscou-se refletir sobre a banalização que a mídia impõe sobre as ações destes movimentos. Identifica-se a necessidade de aproximação e participação em executivas de Cursos e ampliação do diálogo com Diretórios Acadêmicos e Diretório Central dos Estudantes, para que desta forma fortaleça o movimentos estudantil e estas entidades retomem o papel de verdadeira representação dos estudantes, o que está enfraquecido. Neste sentido, busca-se juntamente com a União Nacional dos Estudantes gerar ações propositivas que demarquem o espaço do estudante juntos aos ógãos deliberativos como governos estaduais e federal. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Neste contexto, busca-se o fortalecimento do movimento estudantil para o fortalecimento do SUS, sendo estratégia a realização das Vivências e Estágios na realidade do SUS, como potentes dispositivos ao encontro dos sentidos pelos quais este Coletivo se compõem e se move, em prol de uma formação em saúde voltada para o SUS, saúde para todos/as, sociedade mais justa, solidária e equânime, com ampliação da cidadania e autonomia das pessoas em prol do bem comum e da humanidade.