Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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ESTUDANTES NA COMPOSIÇÃO DE UM COLETIVO SOCIAL DE MUDANÇAS EM SAÚDE
Lairton Bueno Martins, Vanessa Fátima Schons, Jaqueline Arboit, Liamara Denise Ubessi, Liane Beatriz Righi, Andressa Magalhães Flores, Gabriela Andreatta Roessler

Resumo


INTRODUÇÃO: O estudo descreve vivências de estudantes na constituição do Coletivo Social de Mudanças em Saúde (COSMUS), os quais vinculam-se ao Centro de Educação Superior Norte do estado do Rio Grande do Sul/Universidade Federal de Santa Maria, campus Palmeira das Missões, uma das expansões de universidades públicas no Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência do tipo qualitativo, descritivo e exploratório. OBJETIVO: Relatar a experiência de atores/as estudantis juntamente com apoiadores, que a partir do contato com a proposta das Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde - VER_SUS/Brasil sentiram-se desafiados a discutir e a intervir na formação em saúde, contribuindo com o debate sobre o fortalecimento e consolidação do Sistema Único de Saúde, na discussão acerca dos movimentos sociais e na sociedade em que se vive. RESULTADOS: A proposta de Vivências e estágios na realidade do Sistema Único de Saúde, com ênfase na atenção primária em redes, organizou-se desde a provocação da Escola de Saúde Pública do estado do Rio Grande do Sul, como disparadora, por meio do evento VER_SUS: Construindo Redes, realizado em Porto Alegre aos vinte e dois dias do mês de agosto de 2011, o qual reuniu estudantes do Centro de Educação Superior Norte do Rio Grande do Sul – CESNORS/Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, integrantes de Diretório Acadêmico do curso de Enfermagem e Diretório Central dos Estudantes. Neste encontro tomou-se contato com experiências anteriores de VER_SUS/Brasil realizadas nos anos de 2004, 2005, 2007 e 2009 na região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, em Ijuí, Santa Rosa, Tenente Portela, Pejuçara, São Miguel das Missões e em Santa Cruz do Sul. Algumas destas vivências tiveram financiamento do Ministério da Saúde, outras não, nas quais foi encontrando outras formas de subsistir e resistir na aposta em uma proposta que discute a formação acadêmica, a saúde e a sociedade em que se vive. A partir disso, vários/as estudantes, dentre contaminados/as e curiosos/as, começaram a se encontrar e constituíram o Coletivo Social de Mudanças em Saúde – COSMUS, com aposta na diversidade em sua composição – estudantes da área da saúde e afins, trabalhadores de saúde e integrantes de movimentos sociais, no caso, do movimento dos/as pequenos/as agricultores/as, e do Coletivo de Mulheres deste movimento. No decorrer do segundo semestre de 2011, o COSMUS quis compartilhar o sentimento de contágio com outras pessoas e realizou o I Encontro de Estudantes e Apoiadores das macrorregiões norte, centro-oeste e missioneira na construção do VER_SUS no Rio Grande do Sul. Neste, ocorreu o insight de que VER_SUS é construção, co-construção, desconstrução e re-construção. A partir disso, elaborou-se a Carta Relatório de Palmeira das Missões, na qual consta os/as atores/as do processo, histórico, e propósitos de constituição de um movimento em defesa da vida e do SUS. Inaugurava-se um outro modo de fazer, independente das experiências anteriores de VER_SUS. Um outro momento. Um outro jeito. Se há ou houve amarras, foram construídas com a possibilidade da desconstrução. Essa é a possibilidade de revisitar o vivido permanentemente. É a educação permanente em e no ato vivo. O COSMUS pauta-se pelo processo de rediscussão da formação acadêmica na área da saúde com vistas à atender os princípios sanitários da universalidade, integralidade e equidade no acesso a saúde, por meio da realização de Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde, para a efetivação do direito a saúde. O COSMUS foi se compondo, construindo e desconstruindo conceitos e paradigmas sempre na perspectiva da co-gestão. Elegeram-se algumas diretrizes. Diretrizes são direções de para onde se quer ir, indicam estratégia e dispositivos do que vai ser necessário para a caminhada, ou seja, de como se vai, e que se avalia permanentemente no decorrer do percurso. Uma das diretrizes foi à ampliação do Coletivo, visando com que não se reduzisse a uma única área do conhecimento, ou seja, que incluísse mais pessoas, a diversidade, as diferenças. Ampliou-se a roda. Atualmente, constituem o coletivo estudantes da área da saúde e outras, assim como, estudantes de diversas instituições de ensino, educadores, trabalhadores de saúde, gestores, movimentos sociais e pessoas da comunidade. Outra diretriz compreende, o processo permanente político, de estudo, reflexão e análise. Também é diretriz, ampliar a participação em espaços de controle social, como conselhos de saúde, colegiados gestores, transformando sujeitos políticos e críticos para atuar na sociedade. Assim, participa-se de colegiados de Cursos, Departamentos, Conselho de Centro, Universitário, Comissão de Integração Ensino-Serviço regional e estadual, e discute-se a participação estudantil em Conselhos de Saúde. Ampliou-se o diálogo com movimentos sociais, campesino e indígena, e buscou-se refletir sobre a banalização que a mídia impõe sobre as ações destes movimentos. Identifica-se a necessidade de aproximação e participação em executivas de Cursos e ampliação do diálogo com Diretórios Acadêmicos e Diretório Central dos Estudantes, para que desta forma fortaleça o movimentos estudantil e estas entidades retomem o papel de verdadeira representação dos estudantes, o que está enfraquecido. Neste sentido, busca-se juntamente com a União Nacional dos Estudantes gerar ações propositivas que demarquem o espaço do estudante juntos aos ógãos deliberativos como governos estaduais e federal. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Neste contexto, busca-se o fortalecimento do movimento estudantil para o fortalecimento do SUS, sendo estratégia a realização das Vivências e Estágios na realidade do SUS, como potentes dispositivos ao encontro dos sentidos pelos quais este Coletivo se compõem e se move, em prol de uma formação em saúde voltada para o SUS, saúde para todos/as, sociedade mais justa, solidária e equânime, com ampliação da cidadania e autonomia das pessoas em prol do bem comum e da humanidade.