Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Uso inovador do twitter
Sueli Rodrigues de Sousa, Silvia M. M. Costa, Nilton Bahlis dos Santos, Marco Eduardo R. da Silva, Rebert de Lima

Resumo


A transmissão de eventos científicos pela web, gravação em vídeo e registro em áudio já fazem parte das iniciativas de difusão da produção do conhecimento. O evento científico no campo da saúde é uma ação de educação continuada voltada à atualização de conhecimentos dos profissionais, tendo em vista a transitoriedade dos saberes e as rápidas mudanças que afetam as práticas cotidianas e fazem com que diversos componentes da vida social durem menos do que uma vida – imaginando a expectativa de vida na sociedade atual definida em cerca de 70 anos. A pergunta sobre a suficiência dos meios de transmissão de eventos, considerando as possibilidades interativas da internet, levou o Núcleo de Experimentação de Tecnologias Interativas (Next), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) / Fundação Oswaldo Cruz, a mais uma experimentação. Iniciou-se, assim, a análise dos ambientes das redes sociais na internet, em busca do meio adequado para atender a essa necessidade. O ponto de partida é a noção da internet como um meio multimodal, que inclui inúmeros formatos, sendo mais do que uma rede de redes. A internet conforma espaços interativos, opondo-se ao padrão da mídia de massa que oferece produtos unidirecionais provenientes de uma fonte centralizada. As características interativas e de integração com outras redes do microblog “Twitter” o indicaram como ferramenta apropriada à atividade proposta. Entre os desafios percebidos estava a forma de transmissão típica do meio, tendo em vista o formato do Twitter que (1) impõe o limite de 140 caracteres por mensagem, (2) estabelece uma cultura de comunicação ágil em situações pontuais e descontínuas e (3) entremeia cada tweet com diversos outros. O enfrentamento do limite de caracteres requeria uma ação de síntese e rapidez de raciocínio que propiciassem a inclusão do máximo de idéias em cada post. Quanto à agilidade e às situações pontuais e descontínuas, o processo de inovação tende a mudar culturas e inserir novas práticas. No que diz respeito ao volume de tweets que se misturam aos posts de transmissão do evento e no apoio das aulas presenciais dos cursos oferecidos pelo Next, leva-se em conta a possível dificuldade de compreensão da proposta. Os desafios colocados pelas características do Twitter foram superados aos poucos, conforme o Next transmitia novos eventos e aperfeiçoava a metodologia. Cada evento era acompanhado no Twitter e nas redes a ele conectadas, como o Facebook, alcançando um grande número e diversidade de interlocutores. A experiência mostrou que se deve criar alguns tweets informativos sobre o evento antes de seu início, assim como intercalar tweets de conteúdo e de informações sobre o palestrante e a iniciativa , no decorrer da transmissão. Essa é uma forma de gerar conteúdo, já que todas as informações transmitidas são acompanhadas de uma hashtag (conjunto de tags usadas em algum tweet enviado ao Twitter, para criar uma classificação que possibilite consultas futuras sobre esses eventos ou cursos e recuperação da informação). A hashtag é um modelo de endereço seguido do símbolo “#”, de modo que os tweets (ex. #next) fiquem armazenados em uma espécie de link ou sejam acessados pela digitação do endereço. Em caso de grande número de informações, a hashtag é disponibilizada no Twitter Trend Topics. Uma vez testado o novo uso do Twitter, sua aplicação passou a integrar as ações do Next também para cursos. Como ferramenta de informação e comunicação, o Twitter somou-se às demais plataformas já utilizadas pelo Next, para a divulgação de suas ações, tanto online quanto offline. A partir da incorporação do Twitter no “ambiente” do Next, percebeu-se que suas particularidades coincidem com a dinamicidade da vida contemporânea e com a necessidade dos atores ativos da cultura digital de informar-se e comunicar-se através de um ambiente virtual que lhes seja habitual. Nesse caso, o Twitter pode ser visualizado metaforicamente como uma prateleira de informações, no qual cada um pode inserir seus produtos (informação) de acordo com a oportunidade. Também por ter sua prateleira repleta de outros produtos informacionais, que são perfis de pessoas, organizações etc., onde afirmam sua presença nesse ambiente virtual, absorve-se outras informações compartilhadas, funcionando como um grande bazar de troca de ideias e informação, com possibilidade de comunicação e estreitamento de laços. Neste sentido, surgem novas formas de pensar, sentir e interagir. Também ressalta-se a importância da descentralização do discurso, a multiplicidade de vozes proporcionada pelos tweets, aumentando a reciprocidade, o feedback e o capital social. Outra observação resultante da inovação é o nível alto de interação entre os atores em torno de um assunto, evento, dado etc., geralmente, vinculado a uma hastag. Fica evidenciada a inserção dos participantes em rede e como esse aspecto é determinante para o compartilhamento da informação. Em setembro de 2010, o “Twitter.com” divulgou em seu site o número total de usuários registrados: 175 milhões. A ferramenta concentra uma quantidade relevante de trânsito de informação entre pessoas, empresas, órgãos de governo, movimentos sociais etc. Essas Redes Sociais deixam rastros, já sendo tecnicamente possível acompanhá-los, mensurá-los e analisá-los, por meio de softwares específicos para o Twitter, incluindo métricas aplicadas aos retweets , twitter list e trending topics. Com o uso do Twitter, gestores e docentes podem potencializar as ações de ampliação do conhecimento dos indivíduos que estão, de alguma forma, interligados. Segundo Newman (2003), típicos estudos de redes sociais abordam questões de centralidade (quem são os indivíduos que concentram maior número de conexões, isto é, supostamente com mais influência) e conectividade (se e como os indivíduos estão ligados uns aos outros através das redes). No decorrer dos eventos e aulas, o Next realizou experimentos em diversas plataformas e redes da Web 2.0 e as que mais se adequaram às atividades foram o Twitter e o Livestream, que proporciona um suporte para um chat direto no Twitter, facilitando o acesso do público e contribuindo para a interação entre o orador e o receptor, com maior espaço para o público e quebra de barreiras interpostas por sistemas fechados, como ocorre com outras plataformas de ensino e de web conferência. O Twitter é utilizado como um apoiador para divulgação e armazenamento de informação dos eventos e aulas online promovidas pelo Next, tendo em vista a facilidade e um maior poder de organização na transmissão das informações e também por estar conectada as outras redes. Referências: Las Casas, A. L. (org.). Marketing interativo: a utilização de ferramentas e mídias digitais. São Paulo: Saint Paul Editora, 2010. Levy, Pierre. Cibercultura. Ed. 34. São Paulo, 1999. Newman, M. E. J. The Structure and Function of Complex Networks. SIAM Review. 45 (2003): 167-256. (MEJN Santaella, Lucia & Ramos, Renata. Redes Sociais Digitais: A Cognição Conectiva do Twitter. Ed. Paulus. São Paulo, 2010.