Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA NO PROGRAMA DE MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA (PMAQ)
Alessandra Xavier Bueno, Alcindo Antônio Ferla, Mayna Yaçana Borges Ávila, Rafael Dall Alba, Lucília Silva Marques, Raissa Barbieri Ballejo Canto, Maria Luiza Ferreira Barba, Regina Pedroso, Irani Jesus Borges Silva, Rosane Machado Rollo

Resumo


Introdução: Uma das principais diretrizes atuais do Ministério da Saúde é executar a gestão pública com base na indução, monitoramento e avaliação de processos e resultados mensuráveis, garantindo acesso e qualidade da atenção em saúde a toda a população. Nesse sentido, diversificados esforços têm sido empreendidos no sentido de ajustar as estratégias previstas na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) na direção de reconhecer a qualidade dos serviços de Atenção Básica (AB) ofertados à sociedade brasileira e estimular a ampliação do acesso e da qualidade nos mais diversos contextos existentes no país. Nos últimos anos, com o alcance de uma cobertura estimada de mais de metade da população brasileira pela Estratégia Saúde da Família (ESF) e uma cobertura populacional por outros modelos de AB que pode variar entre 20% e 40%, a questão da qualidade da gestão e das práticas das equipes de AB tem assumido maior relevância na agenda dos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, o Ministério da Saúde (MS) propõe várias iniciativas centradas na qualificação da AB e, entre elas, destaca-se o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). O PMAQ foi instituído pela Portaria nº 1.654 GM/MS de 19 de julho de 2011 e foi produto de um importante processo de negociação e pactuação das três esferas de gestão do SUS que contou com vários momentos nos quais, Ministério da Saúde e os gestores municipais e estaduais, representados pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), respectivamente, debateram e formularam soluções para viabilizar um desenho do Programa que possa permitir a ampliação do acesso e melhoria da qualidade da Atenção Básica em todo o Brasil. No escopo do PMAQ, foi proposta a pesquisa avaliativa produzida por instituições de ensino e pesquisa no conjunto das Unidades Básicas de Saúde e nas Equipes de Saúde da Família que aderirem ao Programa. O PMAQ representa uma grande inovação na gestão,articulando a pesquisa avaliativa, a certificação de unidades eequipes e incrementos no financiamento associados aodesempenho assistencial. No Programa, está prevista acolaboração de entidades de ensino e pesquisa no desenhodo processo avaliativo e na pesquisa propriamente dita emunidades básicas de saúde e em equipes cadastradas.Objetivos: Realizar a avaliação do conjunto de padrões de qualidade contratualizados pelas equipes de atenção básica, do acesso e satisfação do usuário e de infraestrutura das unidades básicas de saúde no âmbito do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) em parceria com outras instituições de ensino e pesquisa; realizar cooperação técnica com sistemas locais de saúde e outras instituições de ensino e pesquisa na qualificação das modelagens tecnoassistenciais; fortalecer a integração entre a formação de profissionais de saúde e a qualificação da atenção básica. Métodos: Estão previstas atividades de pesquisa e extensão no projeto. Dentre as de pesquisa está a realização de pesquisa avaliativa de equipes participantes do Programa e da infraestrutura de unidades básicas de saúde em diversos municípios do país no âmbito do PMAQ em parceria com outras instituições de ensino e pesquisa. Já dentre as atividades de extensão estão a realização de: atividades de formação de pesquisadores de campo para a pesquisa avaliativa da atenção básica; atividades de educação permanente em saúde e cooperação técnica com sistemas locais de saúde na qualificação das modelagens tecnoassistenciais; eventos e atividades de ensino para fortalecer a integração entre a formação de profissionais de saúde e a qualificação da atenção básica. Desafios: Dentre os desafios que o PMAQ pretende enfrentar para a qualificação da AB, destacam-se: I - Precariedade da rede física, com parte expressiva de UBS em situação inadequada;II - Ambiência pouco acolhedora das UBS, transmitindo aos usuários uma impressão de que os serviços ofertados são de baixa qualidade e negativamente direcionados à população pobre;III - Inadequadas condições de trabalho para os profissionais, comprometendo sua capacidade de intervenção e satisfação com o trabalho; IV – Necessidade de qualificação dos processos de trabalho das equipes de AB, caracterizados de maneira geral, pela sua baixa capacidade de realizar o acolhimento dos problemas agudos de saúde; pela insuficiente integração dos membros das equipes; e pela falta de orientação do trabalho em função de prioridades, metas e resultados, definidos em comum acordo pela equipe, gestão municipal e comunidade; V - Instabilidade das equipes e elevada rotatividade dos profissionais, comprometendo o vínculo, a continuidade do cuidado e a integração da equipe;VI - Incipiência dos processos de gestão centrados na indução e acompanhamento da qualidade;VII - Sobrecarga das equipes com número excessivo de pessoas sob sua responsabilidade, comprometendo a cobertura e qualidade de suas ações;VIII - Pouca integração das equipes de AB com a rede de apoio diagnóstico e terapêutico e com os outros pontos da Rede de Atenção à Saúde (RAS);IX - Baixa integralidade e resolutividade das práticas, com a persistência do modelo de queixa-conduta, de atenção prescritiva, procedimento-médico-centrada, focada na dimensão biomédica do processo saúde-doença-cuidado;XI - Financiamento insuficiente e inadequado da AB, vinculado ao credenciamento de equipes independentemente dos resultados e da melhoria da qualidade.Resultados: A primeira fase do PMAQ encerrou-se com um total de 4.333 municípios (76,86% do total) e 18.833 equipes de atenção básica – EAB – (106,59% do limite previsto) cadastrados no Programa. Durante o período de cadastramento e contratualização das EAB e municípios foram construídos os instrumentos que serão utilizados na avaliação externa e autoavaliação. Conclusões: A segunda fase consistirá na etapa de desenvolvimento do conjunto de ações que serão empreendidas pelas EAB, pelas gestões municipais e estaduais e pelo Ministério da Saúde, com o intuito de promover os movimentos de mudança da gestão, do cuidado e da gestão do cuidado que produzirão a melhoria do acesso e da qualidade da Atenção Básica.