Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Avaliação participativa na FESF-SUS: trilhando caminhos rumo a processos democráticos de gestão do trabalho na saúde.
Grasiela Damasceno de Araújo, Maria do Carmo Campos dos Santos Lima, Maria Batista Costa, Maria do Carmo Campos dos Santos Lima, Maria Batista Costa

Resumo


A FESF-SUS foi instituída por 69 municípios do Estado da Bahia com permissão da Lei Complementar Estadual n.º 29, de 21/12/2007, tendo como base os princípios de gestão compartilhada, democrática e participativa. Constituiu-se como uma proposta inovadora de reforma do Estado para avançar no fortalecimento do SUS, atuando em todas as regiões da Bahia na Estratégia Saúde da Família, cumprindo função essencial para a gestão compartilhada de serviços de saúde integrados com os entes federativos. A instituição se assenta em quatro ideias fundamentais: I - gestão associada e compartilhada dos serviços de saúde; II - desenvolvimento de ações comprometidas com a pactuação e avaliação de metas e resultados; III - valorização profissional, com plano de emprego, carreira, salários e educação permanente; IV - controle social pelos Conselhos de Saúde e Governança Pública. Para cumprir os segundo e terceiro pressupostos, a instituição vem consolidando um sistema de avaliação institucional que tem avançado e que sofre influência do método chamado de Avaliação 360 Graus – também conhecido como Feedback 360 Graus, Avaliação Multivisão e Feedback com Múltiplas Fontes –, sendo utilizado na área de gestão estratégica de pessoas com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de competências e comportamentos de liderança demandados pela organização que o utiliza. Trata-se de um processo no qual os participantes recebem simultaneamente avaliações estruturadas de superiores diretos e seus pares, bem como o participante executa também autoavaliação. Os resultados dessas avaliações são confidenciais e a pessoa que os recebe não sabe quem a avaliou. Somente o avaliado e a chefia imediata têm acesso ao resultado integral da avaliação do participante, e a partir dela, serão criadas condições para o estabelecimento de redes de petição e compromissos, no intuito da qualificação do trabalho e o desenvolvimento profissional, principalmente no que se refere a competências e comportamentos de liderança. A Fundação Estatal Saúde da Família da Bahia (FESF-SUS) vêm desenvolvendo desde 2010 este método avaliativo como uma das estratégias da política de gestão do trabalho, com os objetivos de avaliar o desempenho dos trabalhadores; avaliar seus dirigentes e a qualidade dos processos de trabalho das diretorias administrativas da Fundação; com vistas ao resultado esperado de atingir, progressivamente, graus avançados de qualidade no trabalho institucional. No primeiro ciclo de avaliação, ocorrido entre os anos de 2010 e 2011, foram realizadas 1.122 avaliações entre os 81 avaliados das quatro diretorias. Os critérios considerados foram classificados em 4 grupos principais, segundo as seguintes capacidades: Direção, Inciciativa, Ação Coletiva e Comunicação Iniciativa. Os dados foram coletados a partir de um formulário do Googledocs® criado pela equipe da Coordenação de Desenvolvimento do Trabalhador e Qualificação do Trabalho (CDQT), e enviado por e-mail aos trabalhadores. O preenchimento do referido formulário gerou, automaticamente, um banco de dados que, após conclusão do período de avaliação foi convertido e armazenado no Excel, a partir do qual foram feitas as análises. No que se refere às categorias de avaliação, as repostas, por sua vez, foram classificadas em: supera, atende, atende parcialmente e não atende. O parâmetro para medir a desempenho individual do trabalhador nos critérios de avaliação foi a média aritmética, tanto na avaliação positiva, quanto na negativa, do coletivo do setor. Os bancos de dados foram analisados pela equipe da CDQT, que, a partir dos resultados, elaborou o relatório com as recomendações para as chefias imediatas em cada diretoria, visando a promoção do feedback individual. Em síntese, os resultados alcançados foram: a) sistematização dos pontos fortes e fracos das diretorias, no intuito de desencadear processos contínuos de planejamento e reflexões acerca das relações de trabalho e desenvolvimento individual dos trabalhadores; b) avaliação o nível de qualidade do trabalho atingido em cada diretoria/coordenação/equipe; c) análises críticas sobre a qualidade da gestão FESF-SUS através da avaliação de desempenho de seus dirigentes; d) construção e/ou reprogramação de pactos e redes de pedidos e compromissos entre pares e entre empregados e seus dirigentes. Nessa perspectiva e com o sucesso dessa experiência, aprimoramos a ferramenta, denominando-a de avaliação participativa, ampliando-a para as atividades meio (administrativo-financeira, gestão do trabalho e da educação) até as atividades fim da gestão (apoio institucional regionalizado e municipais), a partir da inserção de algumas novidades tecnológicas na condução do processo. Os critérios de avaliação foram agregados em três categorias: avaliação das competências gerais, onde todos os trabalhadores se avaliam e realizam autoavaliação; das competências gerenciais, onde todos os trabalhadores avaliam o desempenho dos seus dirigentes e os dirigentes entre si; e das competências setoriais, onde os trabalhadores de um mesmo setor avaliam o trabalho em equipe. Para 2012, a FESF-SUS planeja criar um instrumento informatizado de avaliação participativa que permita ampliar a capacidade dessa avaliação para todos os trabalhadores da instituição, seja na sede, seja na assistência à saúde. Palavras chaves: gestão do trabalho; avaliação participativa; avaliação de desempenho funcional.