Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
O FORTALECIMENTO DO USO COTIDIANO DE INFORMAÇÕES PARA A TOMADA DE DECISÕES ATRAVÉS DA CRIAÇÃO DE UM OBSERVATÓRIO EM SAÚDE
Raíssa Barbieri Ballejo Canto, Raissa Barbieri Ballejo Canto, Alcindo Antonio Ferla, Mayna Yaçana Borges de Ávila, Rafael Dall Alba, Ana Lucilia da Silva Marques, Maria Luiza Ferreira de Barba, Regina Pedroso, Irani Jesus da Silva, Rosane Machado Rollo

Resumo


Introdução O projeto do Observatório de Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde (OTICSSS), foi proposto e vem sendo implementado considerando que o uso da informação e suas tecnologias para apoio à gestão e ao ensino constituem-se em prioridades políticas e estratégicas do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme apontam a literatura especializada e documentos institucionais. Esse desafio foi tomado por meio da necessidade de uma produção em rede, de caráter multidisciplinar e envolvendo diversas instituições de diferentes localizações e naturezas. O Observatório pretendia - e se vem se constituindo - em uma ferramenta de fortalecimento do uso da informação e suas tecnologias, além de disponibilizar recursos tecnológicos para a utilização mais ampliada da informação no cotidiano do SUS. Essa construção nos permite transitar para uma das idéias que se constituíram como centrais na construção teórica do Projeto OTICSSS: a compreensão na perspectiva da gestão da saúde e dos diferentes atores (gestores, propriamente ditos, trabalhadores, rede de participação e rede de formação) como dado-inteligência coletiva. Essa aproximação exploraria um conjunto de reflexões que associam o cotidiano do trabalho em saúde, necessariamente, da produção de conhecimentos. No nosso entendimento, a compreensão da informação como um dispositivo para esses processos de negociação, mudança, produção de novos sentidos para a atuação no mundo do trabalho não somente é possível, senão que também traz aportes para esses deslocamentos nas práticas de trabalho. No contexto dessa problemática, encontramos as definições da política nacional de educação permanente em saúde, que destaca a necessidade de uma nova aliança entre os operadores do mundo do trabalho em saúde e o trabalho em si, de maior protagonismo. A nova aliança é, na verdade, uma relação entre o ator e as evidências da realidade, estabelecendo padrões de falseamento onde, potencialmente, emerge conhecimento que ressignifica o próprio trabalho. A educação é, assim, permanente na saúde, por abertura intelectual, por potencial de criação, por reivindicação ética, por ser potencialmente – e necessariamente – produzida na relação mesma dos indivíduos com o trabalho. Essas formulações permitem retomar, uma vez mais, a política de informação e informática em saúde. Nessa política, as diretrizes apontam claramente para a idéia de pôr em circulação as informações e conhecimentos, de respeito às realidades e necessidades locais, de construir definições de forma ascendente, de constituir o intercâmbio de experiências e de aumentar a capacidade de aprendizagem para o cotidiano do trabalho. Nesse ponto encontramos, provavelmente, a maior inovação operacional que o Observatório pretendeu: constituir possibilidade para esses conceitos e para as diretrizes das políticas e, mais do que isso, fortalecer o contexto em que a nova aliança entre o mundo do trabalho na saúde e os agentes desse trabalho seja possível. Metodologia O Projeto teve como objetivo geral desenvolver e implementar um Observatório de Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde, composto por um conjunto de soluções tecnológicas e operacionais abrangendo aspectos tecnológicos e político-organizacionais, visando qualificar o monitoramento e a avaliação de indicadores de saúde, bem como criar meios que facilitem o acesso e a troca de informações entre os diversos atores envolvidos direta ou indiretamente com informação em saúde, estabelecendo a base para um processo permanente e contínuo de gestão. A meta inicial era envolver seis realidades locorregionais. Como objetivos específicos, foram estabelecidos: · Avaliar o desempenho dos sistemas de saúde, isto é, o grau com que os objetivos e execução das metas pré-estabelecidas nas políticas nacionais e regionais de saúde são atingidos; · Fortalecer a criação de grupos de pesquisa na área de informação em saúde nas instituições parceiras; · Disponibilizar para os alunos dos Cursos de Graduação da área da Saúde das instituições proponentes, os conselhos municipais de saúde e gestores municipais um diagnóstico situacional dos respectivos sistemas municipais de saúde, de forma permanente e atualizada, fortalecendo a divulgação científica em saúde; · Criar uma solução tecnológica para ambiente educacional, integrado ao Observatório com a finalidade de facilitar o acesso aos alunos dos Cursos de Graduação da área da saúde dos resultados encontrados. Os objetivos iniciais foram alcançados e superados, uma vez que os produtos previstos foram desenvolvidos e a rede de atores que compõe o Observatório superou significativamente a meta inicialmente prevista. Novos resultados, não previstos inicialmente, foram alcançados e o Observatório incluirá condições de animação da utilização e ambientes para inglês e espanhol. As expressões “monitoramento” e “avaliação” pretendem compor, aqui, não dois conceitos isolados, mas um enunciado para o ciclo dado-informação-conhecimento-inteligência coletiva. Buscam representar, portanto, a idéia de que a gestão da saúde pode ser embasada no conhecimento fornecido pela avaliação, conforme descrito por Contandriopoulos (2006), mas também que as evidências sistematizadas do cotidiano sejam captadas como novos conhecimentos à gestão, como propõem Ceccim e Ferla (2008). Conclusões O conceito utilizado para o Observatório foi de um conjunto de soluções tecnológicas e operacionais abrangendo aspectos tecnológicos e político-organizacionais, visando qualificar o monitoramento e a avaliação de indicadores de saúde, bem como criar meios que facilitem o acesso e a troca de informações entre os diversos atores envolvidos direta ou indiretamente com informação em saúde, estabelecendo a base para um processo contínuo de gestão e para a educação permanente em saúde. Como resultados do projeto, foram desenvolvidos um portal na internet, funcionalidades para o ensino, que permitem avançar do conceito tradicional de ambientes virtuais de aprendizagem, incluindo atividades em rede em tempo real. Em relação à gestão, foram desenvolvidas ferramentas para associação de bases de dados para a produção de indicadores úteis para a avaliação de desempenho dos sistemas de saúde e para atividades de suporte à educação permanente dos trabalhadores, contribuindo para as mediações necessárias para o fortalecimento do uso cotidiano de informações para a tomada de decisões em diferentes níveis do sistema de saúde. Como conclusão, o projeto logrou uma aproximação forte entre o uso da informação para a gestão e para o ensino e a concepção da educação permanente em saúde, conforme anunciava como potencialidade a Política Nacional de Informação e Informática em Saúde para o SUS, que suscitou o projeto.