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O FORTALECIMENTO DO USO COTIDIANO DE INFORMAÇÕES PARA A TOMADA DE DECISÕES ATRAVÉS DA CRIAÇÃO DE UM OBSERVATÓRIO EM SAÚDE
Resumo
Introdução O projeto do Observatório de Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde (OTICSSS), foi proposto e vem sendo implementado considerando que o uso da informação e suas tecnologias para apoio à gestão e ao ensino constituem-se em prioridades políticas e estratégicas do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme apontam a literatura especializada e documentos institucionais. Esse desafio foi tomado por meio da necessidade de uma produção em rede, de caráter multidisciplinar e envolvendo diversas instituições de diferentes localizações e naturezas. O Observatório pretendia - e se vem se constituindo - em uma ferramenta de fortalecimento do uso da informação e suas tecnologias, além de disponibilizar recursos tecnológicos para a utilização mais ampliada da informação no cotidiano do SUS. Essa construção nos permite transitar para uma das idéias que se constituíram como centrais na construção teórica do Projeto OTICSSS: a compreensão na perspectiva da gestão da saúde e dos diferentes atores (gestores, propriamente ditos, trabalhadores, rede de participação e rede de formação) como dado-inteligência coletiva. Essa aproximação exploraria um conjunto de reflexões que associam o cotidiano do trabalho em saúde, necessariamente, da produção de conhecimentos. No nosso entendimento, a compreensão da informação como um dispositivo para esses processos de negociação, mudança, produção de novos sentidos para a atuação no mundo do trabalho não somente é possível, senão que também traz aportes para esses deslocamentos nas práticas de trabalho. No contexto dessa problemática, encontramos as definições da política nacional de educação permanente em saúde, que destaca a necessidade de uma nova aliança entre os operadores do mundo do trabalho em saúde e o trabalho em si, de maior protagonismo. A nova aliança é, na verdade, uma relação entre o ator e as evidências da realidade, estabelecendo padrões de falseamento onde, potencialmente, emerge conhecimento que ressignifica o próprio trabalho. A educação é, assim, permanente na saúde, por abertura intelectual, por potencial de criação, por reivindicação ética, por ser potencialmente – e necessariamente – produzida na relação mesma dos indivíduos com o trabalho. Essas formulações permitem retomar, uma vez mais, a política de informação e informática em saúde. Nessa política, as diretrizes apontam claramente para a idéia de pôr em circulação as informações e conhecimentos, de respeito às realidades e necessidades locais, de construir definições de forma ascendente, de constituir o intercâmbio de experiências e de aumentar a capacidade de aprendizagem para o cotidiano do trabalho. Nesse ponto encontramos, provavelmente, a maior inovação operacional que o Observatório pretendeu: constituir possibilidade para esses conceitos e para as diretrizes das políticas e, mais do que isso, fortalecer o contexto em que a nova aliança entre o mundo do trabalho na saúde e os agentes desse trabalho seja possível. Metodologia O Projeto teve como objetivo geral desenvolver e implementar um Observatório de Tecnologias de Informação e Comunicação em Sistemas e Serviços de Saúde, composto por um conjunto de soluções tecnológicas e operacionais abrangendo aspectos tecnológicos e político-organizacionais, visando qualificar o monitoramento e a avaliação de indicadores de saúde, bem como criar meios que facilitem o acesso e a troca de informações entre os diversos atores envolvidos direta ou indiretamente com informação em saúde, estabelecendo a base para um processo permanente e contínuo de gestão. A meta inicial era envolver seis realidades locorregionais. Como objetivos específicos, foram estabelecidos: · Avaliar o desempenho dos sistemas de saúde, isto é, o grau com que os objetivos e execução das metas pré-estabelecidas nas políticas nacionais e regionais de saúde são atingidos; · Fortalecer a criação de grupos de pesquisa na área de informação em saúde nas instituições parceiras; · Disponibilizar para os alunos dos Cursos de Graduação da área da Saúde das instituições proponentes, os conselhos municipais de saúde e gestores municipais um diagnóstico situacional dos respectivos sistemas municipais de saúde, de forma permanente e atualizada, fortalecendo a divulgação científica em saúde; · Criar uma solução tecnológica para ambiente educacional, integrado ao Observatório com a finalidade de facilitar o acesso aos alunos dos Cursos de Graduação da área da saúde dos resultados encontrados. Os objetivos iniciais foram alcançados e superados, uma vez que os produtos previstos foram desenvolvidos e a rede de atores que compõe o Observatório superou significativamente a meta inicialmente prevista. Novos resultados, não previstos inicialmente, foram alcançados e o Observatório incluirá condições de animação da utilização e ambientes para inglês e espanhol. As expressões “monitoramento” e “avaliação” pretendem compor, aqui, não dois conceitos isolados, mas um enunciado para o ciclo dado-informação-conhecimento-inteligência coletiva. Buscam representar, portanto, a idéia de que a gestão da saúde pode ser embasada no conhecimento fornecido pela avaliação, conforme descrito por Contandriopoulos (2006), mas também que as evidências sistematizadas do cotidiano sejam captadas como novos conhecimentos à gestão, como propõem Ceccim e Ferla (2008). Conclusões O conceito utilizado para o Observatório foi de um conjunto de soluções tecnológicas e operacionais abrangendo aspectos tecnológicos e político-organizacionais, visando qualificar o monitoramento e a avaliação de indicadores de saúde, bem como criar meios que facilitem o acesso e a troca de informações entre os diversos atores envolvidos direta ou indiretamente com informação em saúde, estabelecendo a base para um processo contínuo de gestão e para a educação permanente em saúde. Como resultados do projeto, foram desenvolvidos um portal na internet, funcionalidades para o ensino, que permitem avançar do conceito tradicional de ambientes virtuais de aprendizagem, incluindo atividades em rede em tempo real. Em relação à gestão, foram desenvolvidas ferramentas para associação de bases de dados para a produção de indicadores úteis para a avaliação de desempenho dos sistemas de saúde e para atividades de suporte à educação permanente dos trabalhadores, contribuindo para as mediações necessárias para o fortalecimento do uso cotidiano de informações para a tomada de decisões em diferentes níveis do sistema de saúde. Como conclusão, o projeto logrou uma aproximação forte entre o uso da informação para a gestão e para o ensino e a concepção da educação permanente em saúde, conforme anunciava como potencialidade a Política Nacional de Informação e Informática em Saúde para o SUS, que suscitou o projeto.