Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O processo de elaboração do mapa inteligente no território de abrangência da Estratégia de Saúde da Família de Vila Velha – ES: Relato de experiência
Thaís Coutinho, Eduardo Alves, Thiago Louzada, Luiza Santos, Elizabeth Borlot, Nathália Conceição, Raphael Melo, Vanessa Madureira, Winni Felix

Resumo


Introdução: A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é uma proposta do Ministério da Saúde de reorientação do modelo assistencial, baseado nos conceitos de integralidade, territorialização e longitudinalidade, na implantação de equipes multiprofissionais e no desenvolvimento de ações de saúde individuais e coletivas. Neste contexto, o Planejamento de Saúde a partir dos problemas identificados, é um importante instrumento de gestão, proporcionando às ações de saúde uma intervenção mais voltada à realidade local e guiadas pelas especificidades dos contextos do território da vida cotidiana. Para tanto, faz-se necessária uma análise – considerando aspectos biológicos, sociais e políticos - sobre os problemas de saúde sobre os quais se deverá atuar. Inserido no Planejamento de Saúde, o Mapa Inteligente é utilizado como ferramenta de diagnóstico do território no sentido de dinamizar os dados físicos, socioeconômicos e epidemiológicos de uma determinada área. Assim, o Mapa inteligente facilita a visualização e utilização pelos profissionais de saúde dos dados referentes à comunidade assistida. O presente trabalho descreve a realização do mapa inteligente desenvolvido pelos alunos do terceiro período de medicina da Universidade de Vila Velha por meio do Programa de Interação Ensino, Serviço e Comunidade (PISEC). Objetivos: Reconhecer o território do bairro de Balneário Ponta da Fruta; incluindo ruas, casas, estabelecimentos comerciais e principais pontos de referência. Identificar o perfil epidemiológico da comunidade; principais doenças e afecções em saúde que mais acometem cada faixa etária e suas prováveis causas e soluções. Conhecer os problemas que interferem na saúde da população com vista a elaborar propostas de soluções. Metodologia: O seguinte trabalho foi realizado pelos acadêmicos do terceiro período do curso de medicina da Universidade de Vila Velha (UVV), inserido na disciplina Programa de Interação, Serviço, Ensino e Comunidade (PISEC). No período de julho de 2010 a abril de 2011, os acadêmicos tiveram contato direto com a população e os profissionais de saúde, realizando uma vez na semana passeios locais na comunidade a fim de reconhecer o território e as características da população. Os acadêmicos, divididos em subgrupos, fizeram caminhadas pelo bairro, quase sempre acompanhados de um Agente Comunitário de Saúde (ACS), e observaram, identificando e anotando, os aspectos geográficos da área. Para a elaboração do Mapa Inteligente observaram-se aspectos geográficos como lagoas, matas, terrenos baldios, comércio e aspectos socioeconômicos e epidemiológicos como a presença de grupos de risco prioritários na comunidade como crianças menores de cinco anos e incidência de diabetes e hipertensão. Os perfis socioeconômico e epidemiológico tiveram como auxilio as observações em campo e a Estimativa Rápida, que se constitui em um método rápido e barato de avaliação das características da comunidade, baseando-se em entrevistas estruturadas com informantes-chave, ou seja, pessoas influentes ou moradores antigos da comunidade. O Mapa Inteligente foi inicialmente confeccionado de maneira fracionada pelos subgrupos em folhas de papel A4 e posteriormente unidas em um único mapa, em folha de papel vegetal, o que nos proporcionou melhor percepção da área por inteiro. A disponibilização deste mapa para a USF é importante na prática diária das ações de saúde, portanto foi necessário fazer uma digitalização deste Mapa, tornando-o mais dinâmico, inteligente, atualizável e intuitivo, utilizando para isso o programa Microsoft Visio®. Resultados: Os principais problemas diagnosticados são relacionados à infraestrutura urbana, tais como: precariedade de saneamento básico com presença de fossas a céu aberto, acúmulo de lixo nas vias públicas, falta de pavimentação, irregularidades nas instalações de energia elétrica. Ainda foram identificados problemas concernentes à disponibilidade de serviços à comunidade como bancos, correios, telefones públicos, sistema de coleta de lixo, sistema de transporte coletivo. Soma-se a esses a distância entre a referida comunidade e a Unidade de Saúde da Família. Quanto à saúde da comunidade, verificou-se que há uma alta prevalência de hipertensos e diabéticos na população, além de crianças menores de 5 anos que merecem maior atenção à saúde. Casos isolados de disenteria, dengue e outras morbidades foram relatados, porém pouco significativos para mapeamento. O mapa final foi capaz de expor com alguns detalhes os aspectos físicos e geográficos de Balneário Ponta da Fruta, os lotes foram divididos em moradias, comércios, terrenos baldios, igrejas, templos, construções, ferros-velhos e áreas de mata. Mereceram destaque a presença de Centro Comunitário e Associação de Moradores, aparelhos sociais importantes para a comunidade. As casas onde residiam pessoas portadoras de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus, assim como a presença de crianças menores de cinco anos de idade e acamados tiveram identificação no mapa. Conclusão: Após a construção do Mapa Inteligente, evidenciou-se que os problemas que se apresentam no território de Balneário Ponta da Fruta são complexos e multifatoriais apontando a necessidade de ações intersetoriais para seu enfrentamento. Devido à crescente urbanização do Município de Vila Velha, acredita-se que seja apenas questão de tempo para que os problemas de infraestrutura urbana e disponibilidade de serviços à comunidade sejam solucionados. Nessa perspecyiva, a mobilização e organização política da população se faz de fundamental importância para se alcançar melhorias para o bairro. Como trabalho pioneiro em Balneário, encontrou-se dificuldades em função do tempo, para abranger um território relativamente grande e ainda disponibilidade dos Agentes Comunitários em acompanhar os acadêmicos no mapeamento e identificação de problemas. Como limitação do trabalho, ressaltamos ainda a impossibilidade de mapeamento de uma microárea por falta de Agente responsável pelo local. O trabalho realizado foi de fundamental importância para aproximação dos acadêmicos com a comunidade na qual atuam, além de possibilitar o conhecimento dos problemas do local, possibilitando a elaboração de ações mais adequadas às necessidades de saúde dessa população.