Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
Políticas públicas de saúde na atenção ao idoso: contribuições das enfermeiras da saúde coletiva
Carine Silveira Rodrigues, Lisie Alende Alende Prates, Rochele Santana Dornelles, Cenir Gonçalves Tier, Karina de Almeida Hammerschmidt

Resumo


Com o aumento quantitativo mundial da população idosa, a presença de idosos nos serviços de saúde se tornará cada vez mais frequente. Promover a saúde do idoso significa requerer a saúde e o bem-estar de pessoas de idade avançada, prestando cuidados de saúde adaptados aos problemas especiais dessas pessoas. Como origem das necessidades de saúde populacionais tem-se as politicas públicas de saúde, que expressam as tentativas de resolutividade de melhorias para a saúde dos indivíduos e coletividade. De modo geral, as políticas públicas voltadas para a saúde do idoso visam promover o envelhecimento populacional ativo e saudável. No entanto, reconhecemos que são muitas as dificuldades na implantação destas políticas, seja pela precária captação de recursos, seja pela falta de capacitação dos profissionais que deveriam atuar nestas políticas, ou pela falta de prioridade percebida pela parte do governo. Pois as políticas públicas existem, porém emergenciais, assistenciais, localizadas, e nada de caráter preventivo. Nesse contexto, este trabalho tem objetivo de apresentar um relato de experiência relacionado as atividades práticas da disciplina “Enfermagem no Cuidado à Saúde do Idoso”, na qual foram realizadas entrevistas com quatro enfermeiras atuantes na saúde coletiva no Município de Uruguaiana-RS, no período de março a abril de 2011. Estas atividades práticas nas UBS’s ocorreram naquelas identificadas entre as que apresentam o maior número de idosos cadastrados, conforme verificado em pesquisa documental à Secretaria Municipal de Saúde. As atividades em geral foram desenvolvidas com prévia discussão e planejamento na coletividade dos participantes, para a ação proposta, bem como desenvolver a capacidade de trabalhar em grupo. O desenvolvimento das atividades e sua organização proporcionaram maior integração entre os discentes envolvidos e, destes com os docentes durante o processo de ensino-aprendizagem, como também interação dos discentes e docentes com os enfermeiros do município de Uruguaiana, a fim de proporcionar oportunidades de aprendizado mútuo aos sujeitos. Este processo de ensino-aprendizagem na graduação possibilita o desenvolvimento e associação entre as atividades que articula estes na produção de diferentes oportunidades de aprendizado conjunto, que auxiliam/favorecem como propulsores à mudança nos modelos de pensar e produzir saúde por meio da troca de conhecimentos. Também incentivou as discussões em relação ao conhecimento do assunto abordado em questão e a reconhecer a deficiência dos planejamentos acerca da saúde do idoso em seus diversos contextos. Para realização das entrevistas, contou-se com um roteiro de entrevista, o qual dispunha de doze questionamentos relacionados com a saúde do idoso. Entre as questões, apresentava-se: “Você conhece as Políticas para idosos?”, este questionamento tinha o proposito de identificar as informações das enfermeiras em relação às políticas públicas relacionadas com a saúde do idoso. A partir da análise dos relatos, verificou-se que todas desconheciam as políticas públicas de saúde voltadas para a saúde do idoso. As participantes do estudo souberam informar que o idoso, legalmente, tem prioridade no atendimento preferencial nos serviços de saúde e tem direito à passagem intermunicipal, assim como também tem direito a utilizar gratuitamente os transportes municipais. Duas delas mencionaram ter conhecimento sobre a existência da Política Nacional de Idosos e da Cartilha do Idoso; no entanto, não apresentaram depoimentos com detalhes sobre estas, pois declararam não possuir aprofundamento teórico acerca do assunto. Após esta vivência, emerge o questionamento: qual a relevância do profissional enfermeiro conhecer as politicas públicas de saúde direcionadas a população idoso? É este um compromisso ético e profissional? E se for um compromisso ele envolve todos os profissionais de saúde? Este relato de experiência não tem intenção de criticar ou apresentar análise moral sobre profissionais ou assuntos, mas a enfermagem é uma profissão que está envolvida no processo de cuidar, e como responsável pelo cuidado identifica-se a necessidade destes profissionais estarem conscientes e informados sobre as políticas de saúde direcionadas a pessoa idosa. Em muitas situações, o profissional é procurado pelos idosos e pela comunidade para conhecer seus direitos em saúde, incluindo as políticas direcionadas a eles. Também enfatiza-se a relevância de conhecer e compreender as especificidades do processo de envelhecimento, pois estes profissionais tem grande atuação no cuidado direto ao idoso, e necessitam diferenciar o “normal” do patológico. Nesta experiência, evidenciou-se lacunas na atuação dos profissionais, alguns mostram-se despreparados para acolher a população idosa nos serviços de saúde, pode-se questionar se a formação é resultado desta realidade? Talvez a descontinuidade da formação profissional após a graduação? Acredita-se na necessidade de atualização por parte dos profissionais que atuam na saúde coletiva, de modo que possam aperfeiçoar-se para o acolhimento aos idosos, realização de ações de educação em saúde e implantação das Políticas Públicas voltadas para a saúde do idoso, possibilitando a promoção do envelhecimento ativo e saudável bem sucedido. Podendo assim, oferecer um espaço individualizado a cada um, para que estes possam se expressar e os profissionais possam identificar o que realmente eles necessitam naquele momento. A partir disso, acreditamos que as pessoas de uma maneira geral, envolvidas no trabalho, obtiveram a chance de repensar questões e conceitos, que antes não lhe pareciam importantes ou não sabiam que eram, e após, passaram a se questionar e investigar o porquê da existência dessas lacunas. Palavras-chave: idoso; enfermagem; saúde coletiva. VALENTINI, M. T. P.; RIBAS, K. M. F. Terceira idade: tempo para semear, cultivar e colher. Analecta, v. 4, n. 1, p. 133-145, 2003.