Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A TRAJETÓRIA DO GRUPO DE HIP HOP BLACK CONFUSION: DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE SAÚDE MENTAL E CULTURA HIP HOP
Lucas Fonseca

Resumo


Este trabalho pretende sistematizar a experiência desenvolvida com um grupo de jovens negros(as) atendidos(as) em um serviço especializado em saúde mental em Porto Alegre. A experiência originou o Grupo de Hip Hop Black Confusion (GHHBC) que demonstra a efetividade das relações entre a reabilitação psicossocial no SUS com as redes intersetoriais. O GHHBC é um grupo de Rap que surgiu no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS - 08 de Porto Alegre em 2001 por meio de OFICINA DE Hip Hop realizadas por mim na época, estagiário de ensino médio. Este trabalho pretende apresentar os processos de autonomia, empoderamento, luta saúde e intensificação da vida gerada pela experiência ética e estética do GHHBC. De forma a contextualizar a experiência será importante o entendimento de conceitos relativos à Loucura e desinstitucionalização e aos conceitos da cultura Hip Hop. Sobre loucura e desinstitucionalização na interface com a experiência do GHHBC utilizarei os autores como Rotelli e Amarante entre outros ligados a reforma psiquiátrica e as intervenções artísticas na saúde mental. A fim de compreender os processos culturais do GHHBC vale conceituar a Cultura Hip Hop. Surgida na década de 70 na periferia americana, África Bambataa juntou as manifestações artísticas das ruas como os cincos elementos do Hip Hop: As artes plásticas , o Graffiti a arte pública nas ruas; a dança do Hip Hop como expressão corporal denominada Break; A música RAP; MC - mestre de cerimônia, DJ - responsável pela instrumental da música Rap e o Conhecimento sobre estudo da história e cultura Negra com reflexão crítica da realidade social. A experiência do GHHBC compreende um período de mais de dez anos de trabalho com transformações nas vidas de cada pessoa envolvida nesta história. Gostaria de contar detalhes sobre esta história socializando a experiencia de forma expandida no congresso. Porém neste pequeno resumo vale instigar o leitor com a trajetória deste grupo iniciou as atividades enCAPSulado cantando apenas em hospitais ou centros de saúde. No processo de desenvolvimento do grupo transcendemos as paredes do CAPS e as barreiras do manicômio mental participando do circuito cultural brasileiro reconhecido pelo Ministério da Cultura. Um grupo originado por meio de oficinas de Hip Hop em serviço de saúde mental, que desde 2007 realiza seus ensaios e participa de um Ponto de Cultura da cidade e que vem lutando há 11 anos contra a exclusão dos cidadãos pelo estigma da doença mental através da arte.