Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
Dança de Salão e Devir: engendrando novos modos de cuidar
Lisiane Miwa Yonezawa

Resumo


CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: A procura pela prática de dança de salão (DS), amiúde é em busca de sua beleza estética, de socialização, de exercício físico, entre outros. A fim de atender estas demandas, seu ensino vem se reduzindo a reprodução de passos e memorização de movimentos. Com isso, há uma racionalização do corpo, uma vez que deixa de ser expressivo e singular em suas criações e passa a ser reprodutor de formas codificadas, elaboradas por alguém sempre externo. Assim, a DS se distancia de algumas de suas singularidades enquanto arte corporal, como a potência de expressão e criação, de sensibilidade e de implicação do cuidado de si e do outro.DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: O coletivo dEVIR ofereceu a “Oficina de dança de salão: princípios para dançar a dois”, que ocorreu no Museu da Imagem e Som de Campinas, em caráter de grupo aberto durante quatro meses. Houve a participação de trinta pessoas, de diversas faixas etárias e experiências na dança, desde nenhum contato até monitores, e pessoas com ou sem deficiência física. As aulas foram estruturadas com aquecimentos corporais, conteúdos da DS e exercícios de improvisação e expressão corporal. O grupo também se engajou em produzir festas no Museu e encontros em espaços públicos para praticar e socializar.EFEITOS ALCANÇADOS: A partir da filosofia de Deleuze, Guatarri e Spinoza foi possível compreender que as atividades da oficina permitiram uma experiência de dançar a dois como forma de devir, onde os corpos se encontram, intermeados pela música, e neste encontro existe a potência de produzir afectos ainda não explorados, ainda não sentidos, mas que produziram transformações. Foi possível uma desmistificação da potência de aprendizado e expressão do corpo independente de limitações etárias, físicas, culturais, entre outras, assim como um aprendizado na responsabilização e implicação de si nas relações interpessoais; ampliação da sensibilidade e cuidado de si e do outro de forma imanente, sem submissões ou imposições.RECOMENDAÇÕES: Incrementar a experiência dançante como uma forma de expressão e exploração das potências do corpo em relacionar-se, cuidar de si e do outro e sensibilizar-se, ultrapassando os objetivos imediatos de apreensão de movimentos físicos esvaziados de intensão e subjetividade dos dançarinos. Trata-se, portanto, de um questionamento dos valores e metodologias de ensino de DS, num resgate da dança enquanto arte, e da DS enquanto arte produzida por duas pessoas, com as implicações para produzir relações potentes.