Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
ANÁLISE DA ATUAÇÃO DA PRÉ-ESCOLA PRIVADA NA PREVENÇÃO DA OBESIDADE INFANTIL EM UM MUNICÍPIO DO CENTRO-OESTE MINEIRO
Juliano Teixeira Moraes, Letícia Maria de Oliveira, Mariana Saldanha Otoni Braga Carvalho

Resumo


1- INTRODUÇÃO Atualmente a obesidade tem sido um grande problema de saúde pública, tendo como uma importante causa a falta de ações preventivas (ALVES; VIANA, 2006). Sabe-se ainda que a prevalência de obesidade infantil em menores de 5 anos no Brasil, tem variado de 2,5% entre as crianças de famílias com menor poder aquisitivo a 10,6% entre as crianças de grupos economicamente mais favorecidos” (SILVA; et al 2005). As crianças em fase escolar estão vulneráveis a uma alimentação inadequada. Nesta fase a intervenção dos pedagogos é primordial, pois as mesmas estão passando por um período de formação de conceitos, ou seja, diferenciar o certo do errado (VARGAS et al, 2011). Estes profissionais têm um papel fundamental na formação de um indivíduo, inclusive em fazer com que as crianças se conscientizem da importância dos hábitos alimentares saudáveis, juntamente com a atividade física para que, assim, possam prevenir doenças decorrentes da obesidade e, consequentemente, diminuir o índice de obesidade infantil (GONÇALVES et al, 2008). Desta forma, este estudo objetivou identificar se existem intervenções em saúde por parte dos pedagogos para a prevenção da obesidade infantil na pré-escola. Pretendeu-se ainda caracterizar o conhecimento dos profissionais pedagogos sobre a obesidade infantil e verificar quais os alimentos e as atividades físicas são disponibilizados pela escola. 2- METODOLOGIA Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, realizada pelo método do estudo de caso, pois forneceu o conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada, em que o tamanho da amostra não interferiu no resultado. É ainda do tipo exploratória e descritiva. A pesquisa foi desenvolvida com os 4 pedagogos que trabalham com crianças em fase pré-escolar em uma escola privada de uma cidade do Centro-Oeste Mineiro, que, segundo dados do IBGE, possui 10.405 habitantes, dos quais 76,59% vivem na zona urbana (BRASIL 2010). Durante uma semana, entre os dias 12/09/2011 e 16/09/2011, foram observadas a alimentação e a atividade física desenvolvidas na escola com os alunos. Os sujeitos da pesquisa foram esclarecidos sobre a participação de cada um conforme a resolução CNS número 196/96, e assinaram o TCLE. O trabalho foi apreciado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FUNEDI/UEMG, tendo sido aprovado através do parecer número 18/2011. Para fins de privacidade, não foi descrito o nome da escola, do município, e dos sujeitos entrevistados. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista semiestruturada com os pedagogos, utilizando um gravador de voz. Para a pesquisa observacional, os pesquisadores descreveram os alimentos e as atividades físicas oferecidas pela escola no período de uma semana, visto que as refeições e as atividades físicas são diferentes no decorrer desse tempo. Nesse período, os pesquisadores permaneceram em tempo integral na escola, que funciona no período da tarde. A análise de dados foi feita por meio da análise de conteúdo. Foram utilizados codinomes aos sujeitos da entrevista a fim de preservar sua identidade. 3- RESULTADOS Para melhor compreensão do objeto de estudo, os resultados foram apresentados em três categorias: Formação dos professores, Alimentação na escola e Atividade física na escola. 3.1 Formação dos professores Verificou-se que todas as professoras entrevistadas atualmente trabalham apenas na escola estudada e apenas uma delas tem experiência em outra instituição. O período de experiência das profissionais varia entre oito meses e três anos. Observou-se que duas das entrevistadas já são pedagogas e as outras duas cursam pedagogia. Nota-se que, no que diz respeito à formação para a educação em saúde com foco na prevenção da obesidade, não foi relatada durante o período acadêmico. 3.2- Alimentação na escola A escola não oferece e não fornece o lanche. Os alimentos ingeridos pelos alunos são trazidos de casa, de acordo com um dos regulamentos propostos pela escola. Foi verificado que, de segunda a quinta-feira, as crianças não levam salgados fritos ou assados, chips, refrigerantes, chocolates, doces, entre outras guloseimas. Estes alimentos são liberados apenas na sexta-feira ou quando se é comemorado o aniversário de algum aluno na escola. Os alimentos trazidos pelos alunos com maior frequência para o lanche foram sucos artificiais e/ou naturais de vários sabores, pão doce com manteiga ou não, biscoitos de polvilho, bolachas de sal, leite achocolatado, pão-de-queijo, bolacha recheada, bolacha de maizena, bolos caseiros e bolinhos de chocolate industrializados. Na escola não existe acompanhamento nutricional, mais foi observado que as professoras demonstram interesse pelo assunto, pois desenvolvem ações isoladas sobre alimentação saudável como: a hora da fruta, realizada todos os dias da semana com todos os alunos da sala; o projeto da semana da alimentação, que ocorre no mês de março e atividades em sala de aula que falam sobre a alimentação. Com relação a obesidade, apenas uma criança foi considerada obesa, segundo relato das professoras, sendo informado que a mesma já estava tendo acompanhamento nutricional para educação alimentar e havia apresentado redução de peso. 3.3- Atividade fisíca na escola As atividades desenvolvidas são estabelecidas de acordo com cada turma e idade das crianças. Sendo desenvolvidas atividades livres no parque recreativo, no qual foram observados a presença de escorregador, balanço e gira-gira. As crianças brincam em todos os brinquedos e correm o tempo todo, outras atividades constatadas foram a amarelinha, pique-pega, morto-vivo, passa-aliança e de casinha. Existem ainda atividades de desenvolvimento psicomotor e coordenação motora, que são as atividades de bola na cesta, pula corda e andar em linha reta; o nível de dificuldade aumenta a cada rodada. Outras atividades observadas foram brincadeiras de peteca, queimada e pique-pega. 4- CONCLUSÃO Este estudo tem como contribuição científica a abordagem de um tema em constante crescimento no Brasil e em outros países, a obesidade infantil. Conclui-se que a escola pesquisada realiza intervenções isoladas para formação de bons hábitos alimentares, mas essas ações não são suficientes para prevenir a obesidade infantil, uma vez que as profissionais que ali atuam não apresentam formação para abordagem do assunto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ALVES, Cláudia Regina Lindgren; VIANA, Maria Regina de Almeida. Saúde da família: cuidando de crianças e adolescentes. Belo Horizonte: COOPMED, 2006. 282p. ISBN: 8585002581. BRASIL, Ministério da Saúde; Caderno de Atenção Básica: Saúde na escola. v. 24, Brasília: 2009. GONCALVES, Fernanda Denardin; CATRIB, Ana Maria Fontenele; VIEIRA, Neiva Francenely Cunha; VIEIRA, Luiza Jane Eyre de Souza. A promoção da saúde na educação infantil. Interface (Botucatu) [online]. 2008, v. 12, n. 24, [citado 2011-05-26], p.181-192. Disponível em: <http: //www.scielo.br/scielo.php?script=sci _arttext&pid=S1414-32832008000100014&lng=en&nrm=iso>. SILVA, Giselia Alves Pontes da; BALABAN, Geni; MOTTA, Maria Eugênia F. de A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de diferentes condições socioeconômicas. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. [online]. 2005, v. 5, n.1, [citado 2011-05-26], p.53-59. Disponível em: <http: //www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292005000100007 &lng=en&nrm=iso>. VARGAS, Izabel Cristina da Silva; SICHIERI, Rosely; SANDRE-PEREIRA, Gilza; VEIGA, Gloria Valeria da. Avaliação de programa de prevenção de obesidade em adolescentes de escolas públicas. Rev. Saúde Pública [online]. 2011, v. 45, n.1, [citado 2011-05-26], p.59-68. Disponível em: <http: //www.scielo.br /scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102011000100007&lng=en&nrm=iso>.