Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A EXPERIÊNCIA DO VER-SUS CULTURA: PROMOÇÃO E PRODUÇÃO DE SAÚDE ATRAVÉS DA ARTE
Vivian Costa da Silva, Vitor Pedroso Brasil, Cristianne Maria Famer Rocha, Mayna de Ávila, Adriana Dewes Presser, Beate Rosecher, Camila Bertamoni, Fernanda Concatto, Graziele Schweig, Jorge Mirin, Juliana Tavares Ferreira, Lêda Fernandes Bertamoni, Melissa Sander, Renata Pekelman, Tania Regina Marques Leal

Resumo


A Promoção (e a produção) da Saúde O conceito de Promoção da Saúde, expresso na construção da Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2010), contempla a noção de qualidade de vida, de relações mais solidárias, tolerantes com os outros, relações cidadãs com o Estado e relação de extremo respeito à natureza. A Promoção da Saúde é, portanto, uma das estratégias do setor saúde para buscar a melhoria da qualidade de vida da população. Seu objetivo é produzir a gestão compartilhada entre usuários, movimentos sociais, trabalhadores do setor sanitário e de outros setores, produzindo autonomia e co-responsabilidade. A Política Nacional de Promoção da Saúde, diz que: [...] Entende-se que a promoção da saúde é uma estratégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso País, visando à criação de mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas [...] (BRASIL, 2010) O VER-SUS A realização de projetos de Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS) tem sido uma estratégia adotada, nacional e localmente, com o objetivo de reorientar a formação profissional em saúde por meio da integração de estudantes à realidade da organização dos serviços, levando-se em consideração os aspectos de gestão do sistema, as estratégias de atenção, o controle social e os processos de educação na saúde. Os participantes das vivências/estágios são estimulados a se comprometerem com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e com as necessidades da população, e agirem como atores sociais capazes de realizar transformações. O VER-SUS permite a integração de diferentes profissionais da área da saúde, incentivando, assim, a convivência e o trabalho multiprofissional. Os Pontos de Cultura e Saúde Em 2004, nasce o Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania – Cultura Viva que visa estimular e fortalecer uma rede de criação e gestão cultural, baseada no empoderamento, na autonomia e no protagonismo social, recepção e disseminação cultural, tendo como principal ação a criação de Pontos de Cultura selecionados por meio de editais. Os Pontos de Cultura são espaços de permanente produção, formação do indivíduo, reconhecimento dos modos de vida, participação social, recepção e disseminação cultural (IPEA, 2010). São transversais à cultura e não possuem um modelo único nem de instalações físicas, nem de programação ou atividade (BRASIL, 2005). Os Pontos de Cultura são reconhecidos e apoiados financeira e institucionalmente pelo Ministério da Cultura e possuem gestão compartilhada entre o poder público e a comunidade. No ano de 2007, os Ministérios da Cultura e da Saúde fizeram um acordo de cooperação para desenvolverem ações em conjunto no sentido de garantir acesso aos bens e serviços culturais, à qualificação do ambiente hospitalar e das unidades de saúde, promovendo o diálogo entre as práticas culturais e as políticas públicas de saúde, considerando a diversidade, promovendo a humanização e resignificando, assim, o cuidado em saúde (BRASIL, 2010). Em 2008, foi lançado o edital Cultura e Saúde, que selecionou iniciativas culturais que atuassem no campo sociocultural com promoção da saúde, prevenção de doenças e educação popular para o cuidado/autocuidado em saúde. No Rio Grande do Sul, o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) criou, através deste edital, uma Rede de Pontos de Cultura e Saúde que fazem articulação entre a rede pública de atendimento à saúde e a rede pública de equipamentos culturais. A experiência do VERSUS CULTURA Em 2010, a Comissão de Integração Ensino Serviço da 1ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul (CIES-1ª CRS/RS), em parceria com o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), com docentes, discentes e trabalhadores, realizou o “VER-SUS CULTURA: Um Tororó de Parpite”, junto à Rede de Pontos de Cultura e Saúde do GHC. O VER-SUS CULTURA foi realizado em dezembro de 2010. A primeira atividade teve como objetivo propiciar aos estudantes conhecer e vivenciar algumas das práticas de promoção de cultura e saúde nos Pontos visitados: Ponto “Falando a Gente se Entende” (tem como objetivo formar comunicadores populares); Ponto “Teia Viva: Arte, Trabalho e Saúde” (tem como desafio construir espaço de reflexão sobre o conceito de cuidado, a partir da percepção de saúde como um bem associado a outras esferas da vida, lazer, trabalho e educação); Ponto “Ventre Livre” (têm como foco trabalhar a saúde da mulher, em especial questões relacionadas à gravidez); Ponto “Jardim Ipiranga” (realiza oficinas com o objetivo de criação de grupos que possibilitem a inserção social na construção da cidadania); Ponto “Saúde na Tela” (aborda o tema cinema e saúde e tem por objetivo proporcionar às comunidades atendidas pelo GHC acesso à cultura audiovisual e conhecimentos técnicos para geração de trabalho e renda); Ponto “Cultura GHC: no Caminho da Integralidade” (Programa Saúde na Comunidade em parceria com a Rádio Comunitária do Rubem Berta); Ponto “Nazaré Zen” (o foco prioritário são os jovens, com vistas à qualificação para o mercado de trabalho no ramo da informática). No segundo momento da vivência, os participantes, através da metodologia de discussão em roda, debateram a experiência e conversaram sobre os aprendizados que a vivência proporcionou. Neste encontro, refletiu-se acerca da potencialidade que estudantes, profissionais e usuários, enquanto diferentes atores sociais, tem de transformar a realidade social. Discutiu-se também sobre a construção de um conceito ampliado de saúde, sobre a educação permanente e o empoderamento dos usuários. Evidenciou-se a importância das práticas interdisciplinares e multiprofissionais, articuladas interinstitucional e intersetorialmente, a fim de que seja possível obter maior integração ensino-serviço no campo da saúde e a necessidade de reorientar as práticas de ensino e atenção. Além disso, a vivência permitiu reafirmar a saúde como um direito social, fortalecendo a consciência sanitária, realizando um amplo debate sobre o fortalecimento da cidadania, compreendendo a importância da participação do Estado e da sociedade no que se refere ao direito à saúde. O VER-SUS CULTURA permitiu, por fim, que os participantes (literalmente) vivenciassem novas formas, através da cultura, de se promover e produzir saúde, ressaltando o potencial de iniciativas culturais nos mais diversos espaços de educação e saúde. Para que se tenha uma dimensão do quanto realizado, disponibilizamos um vídeo construído pelos próprios participantes (com cerca de 5min de duração), a fim de refletir sobre a potencialidade das experiências vividas e apontar novos e possíveis caminhos para a educação popular em saúde e para a promoção da saúde. Vídeo disponível em: http: //www.youtube.com/watch?v=UEV71m4En8k BRASIL. Ministério da Cultura (MinC). Catálogo Cultura Viva - Programa Nacional de Arte, Educação, Cidadania e Economia Solidária. 3ªed. 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – 3. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. IPEA (SILVA, Frederico A. Barbosa da & ARAÚJO, Herton Ellery: organizadores). Cultura viva: avaliação do programa arte educação e Cidadania. Brasília: Ipea, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação na Saúde. VER – SUS Brasil: cadernos de textos. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.