Tamanho da fonte:
A importância terapêutica da musicoterapia com participação de residentes multiprofissionais do IPUB em atuação no projeto enfermarias
Resumo
A residência multiprofissional no IPUB, no primeiro ano é realizada nos cenários de práticas internos, incluindo enfermarias e demais serviços como Hospital dia, Projad (serviço para o tratamento do uso abusivo de álcool e outras drogas) CARIM(capsi) e Serviços Residenciais Terapêuticos. No primeiro ano da residência comecei a atuar nos cenários internos do IPUB, trabalhei em dois cenários de prática basicamente: enfermaria e hospital dia. Por isso, houve a possibilidade de interlocução entre estes dois cenários de prática. Assim a musicoterapia foi a estratégia utilizada com vistas não só a conectar esses dois espaços como também lançar mão de outras intervenções que não a estritamente farmacológica. .O hospital dia, local em que estive no período de seis meses, apresenta diversas atividades tais como: como oficina de bijuteria, cine pipoca,oficina de salão de beleza,oficina pintando e bordando, grupo de familiares, recepção e acolhimento a atividade de musicoterapia. Esta última atividade que enfatizo neste trabalho ocorre sempre às terças e quintas na parte da tarde. Com o projeto enfermaria, pensou-se em desenvolver atividades que pudessem tornar o ambiente da enfermaria menos sombrio e assustador de forma a amenizar o sofrimento do paciente no período de internação, porém sempre pensando na perspectiva de articulação de alta hospitalar que envolve o trabalho em rede que precisa da participação de diversos atores. Dentre as atividades propostas, pensou-se também na musicoterapia em que ocorreria a partir desta proposta, sempre ás quintas feiras na enfermaria masculina. Cada residente no primeiro ano era designado a acompanhar alguns pacientes que fossem designados em sua equipe de plantão. Ou seja, havia um proposta de se trabalhar com estes pacientes designados durante a internação. A atividade de musicoterapia na enfermaria também era considerada uma proposta de ação do projeto terapêutico, considerando , é claro, a demanda da paciente. Isto significa que o paciente quem define suas necessidades, possibilitando a resolutividade das ações de saúde.. Alguns sinalizavam sentir-se bem incluídos e acolhidos com esta proposta de inserção de uma atividade que se restringia apenas ao hospital dia. Como residente multiprofissional, era necessário buscar alguns pacientes que desejassem participar desta atividade que estivessem na enfermaria e convidar os que estivessem na própria enfermaria masculina. Isto sinaliza que a atividade coletiva também é uma eficácia terapêutica para os pacientes que delas são integrantes. Entretanto, existe outra forma de atuação como residente multiprofissional: a possibilidade de levar os pacientes que estivessem acompanhando para participar de tal atividade , contribuindo para realização do projeto terapêutico singular. Então, haveria possibilidade de trabalhar o individual no coletivo. A escolha desta temática se deu devido minha inserção como residente em dois desses cenários, o hospital-dia e a enfermaria, e a possibilidade e experimentar na minha formação os efeitos terapêuticos com os pacientes, em um curto período de tempo, da atividade de musicoterapia realizada em ambos cenários. Considerando a minha área de formação em enfermagem foi possível realizar uma interface com a musicoterapia porque é considerada uma forma cuidado ao portador de sofrimento psíquico. Objetivos: Realizar um relato de experiência sobre o uso da musicoterapia na integração de pacientes do hospital dia com os pacientes internos da enfermaria. ( talvez seja necessário manter o anterior) Metodologia: Observação participante na atividade de musicoterapia na enfermaria masculina do instituto de psiquiatria e posterior sistematização em relatos de prática. Foram utilizadas apostilas com distintos repertórios musicais como instrumento de integração entre os pacientes da enfermaria e hospital-dia. Alguns Resultados: Os pacientes do hospital dia conseguiram se integrar com os da enfermaria Uns tiveram mais facilidades em relação a participação de uma atividade na enfermaria por já terem vivenciado situação semelhante e por isso, serem solidários ao sofrimento alheio. Outros pacientes do hospital dia , relataram se deslocar até o local para se divertirem sem se preocupar com o fato de estarem em uma enfermaria de crise. Outros pacientes do hospital dia , ainda, ao longo da atividade na enfermaria foram se adaptando gradualmente, de maneira a se soltarem mais. Quanto aos pacientes das enfermarias , relataram se sentirem bem acolhidos e aceitos. Alguns desafios ainda persistem, pois, agora, haverá necessidade de dar continuidade a este de trabalho que requer uma gestão afinada da micropolítica do trabalho que envolve acima de tudo acolhimento, escuta das demandas do paciente no sentido de escolher a música que quer ouvir e que instrumento quer tocar , bem como de entender certa agitação do paciente que deseja sair da atividade antes de a mesma terminar em momentos de crise. Outra questão, seria o rompimento lento e gradativo da estigmatização do sofrimento dos pacientes da enfermaria em relação aos do hospital dia. Em algumas situações, notável que estes pacientes do hospital dia costumam ser são tão hostis e apreensivos com aqueles da enfermaria. Os efeitos desse trabalho nos fazem apostar de que os próximos residentes e profissionais se comprometam em dar continuidade ao trabalho em parceria com a musicoterapia. Com isto, estarão livres para acrescentar e promover a invenção de novas formas de cuidado muito além da tradicional. Estas novas formas de cuidar seriam baseadas na demanda do paciente e em questões que possam amenizar o sofrimento sem ter que recorrer, apenas, a esta forma tradicional de intervenção como contenção física ou medicamentosa frente ao paciente em crise. Por fim, considero que foi possível experimentar a musicoterapia como um dispositivo super potente de produção de cuidado e de integração de pacientes muito graves.