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PROTAGONISMO JUVENIL E AS TROCAS DE BENS DE CUIDADO NA CONSTRUÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE
Resumo
Oriundo de uma pesquisa defendida no âmbito do mestrado em Saúde da Criança e da Mulher do IFF/FIOCRUZ, o presente trabalho discute o protagonismo juvenil no contexto das trocas sociais, focando a interação entre o jovem doente crônico e os profissionais que compõem o serviço especializado voltado para cuidar da sua saúde. Partindo de uma visão que valoriza a importância do papel ativo do jovem no que se refere ao desenvolvimento do autocuidado e elaboração de estratégias para lidar com sua situação de adoecimento, este trabalho pretende abarcar a relevância do protagonismo juvenil na construção do serviço de saúde destinado à juventude, a partir da produção e do estabelecimento das trocas de bens de cuidado. Esse estudo fundamenta-se na perspectiva teórica centrada na Teoria da Dádiva (Mauss, 2003), que destaca as relações sociais vivenciadas através de um circuito obrigatório de dar-receber-retribuir. A dádiva associada ao campo da saúde por Martins (2002), reconhece os elementos que integram esse circuito de trocas como bens de cura, que traduzidos para o contexto do adoecimento crônico, transformam-se em bens de cuidado. De natureza qualitativa, a pesquisa foi realizada em um serviço de saúde especializado no atendimento a jovens com doença renal crônica na cidade do Rio de Janeiro. Participaram do estudo, 11 usuários com idade entre 12 e 20 anos, e 4 profissionais de saúde envolvidos no cuidado a esse grupo. O trabalho de campo, que durou quatro meses, incluiu a observação participante e as entrevistas com os participantes do estudo. Como referencial teórico-metodológico nos guiamos pela Sociologia Compreensiva que permite explorar as relações sociais a partir da experiência do sujeito. Os resultados apontam para a importância da troca simbólica entre o jovem e o serviço na constituição e vivência plena da juventude e a relevância da perspectiva do jovem na construção do cuidado e da prática profissional dos cuidadores. A partir desse estudo, ficou evidente a importância de refletirmos sobre a ampliação do protagonismo juvenil realizado por esses jovens e estimulado pelo serviço de saúde na tentativa de reconhecermos, potencialmente, esse grupo como agente de sua própria saúde, bem como de outros sujeitos que compartilham o universo da doença crônica. A voz do jovem com doença renal crônica deve ser escutada e valorizada, no que concerne à criação de ações e estratégias de cuidado, principalmente, na construção de políticas públicas voltadas a esse segmento.