Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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PROTAGONISMO JUVENIL E AS TROCAS DE BENS DE CUIDADO NA CONSTRUÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE
Daniele Borges de Mello, Martha Cristina Nunes Moreira

Resumo


Oriundo de uma pesquisa defendida no âmbito do mestrado em Saúde da Criança e da Mulher do IFF/FIOCRUZ, o presente trabalho discute o protagonismo juvenil no contexto das trocas sociais, focando a interação entre o jovem doente crônico e os profissionais que compõem o serviço especializado voltado para cuidar da sua saúde. Partindo de uma visão que valoriza a importância do papel ativo do jovem no que se refere ao desenvolvimento do autocuidado e elaboração de estratégias para lidar com sua situação de adoecimento, este trabalho pretende abarcar a relevância do protagonismo juvenil na construção do serviço de saúde destinado à juventude, a partir da produção e do estabelecimento das trocas de bens de cuidado. Esse estudo fundamenta-se na perspectiva teórica centrada na Teoria da Dádiva (Mauss, 2003), que destaca as relações sociais vivenciadas através de um circuito obrigatório de dar-receber-retribuir. A dádiva associada ao campo da saúde por Martins (2002), reconhece os elementos que integram esse circuito de trocas como bens de cura, que traduzidos para o contexto do adoecimento crônico, transformam-se em bens de cuidado. De natureza qualitativa, a pesquisa foi realizada em um serviço de saúde especializado no atendimento a jovens com doença renal crônica na cidade do Rio de Janeiro. Participaram do estudo, 11 usuários com idade entre 12 e 20 anos, e 4 profissionais de saúde envolvidos no cuidado a esse grupo. O trabalho de campo, que durou quatro meses, incluiu a observação participante e as entrevistas com os participantes do estudo. Como referencial teórico-metodológico nos guiamos pela Sociologia Compreensiva que permite explorar as relações sociais a partir da experiência do sujeito. Os resultados apontam para a importância da troca simbólica entre o jovem e o serviço na constituição e vivência plena da juventude e a relevância da perspectiva do jovem na construção do cuidado e da prática profissional dos cuidadores. A partir desse estudo, ficou evidente a importância de refletirmos sobre a ampliação do protagonismo juvenil realizado por esses jovens e estimulado pelo serviço de saúde na tentativa de reconhecermos, potencialmente, esse grupo como agente de sua própria saúde, bem como de outros sujeitos que compartilham o universo da doença crônica. A voz do jovem com doença renal crônica deve ser escutada e valorizada, no que concerne à criação de ações e estratégias de cuidado, principalmente, na construção de políticas públicas voltadas a esse segmento.