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Cadastro de hipertensos e diabéticos em uma Unidade Básica de Saúde da Família: uma análise sob as lentes do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica.
Resumo
Introdução: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como a diabetes mellitus (DIA) e a hipertensão arterial (HA) vêm assumindo uma posição preocupante como problema de saúde pública mundial. O envelhecimento crescente da população, a acelerada urbanização, estilos de vida e hábitos alimentares pouco saudáveis são associados aos modos de vida sedentária, alimentação inadequada e, por vezes, obesidade mórbida, constituindo fatores preocupantes para as altas taxas de incidência e a prevalência de DCNT em todo o mundo. Estas doenças apresentam elevada morbi mortalidade, responsáveis por diversas complicações cardiovasculares, encefálicas, renais e vasculares periféricas. Tais complicações resultam em alto custo médico-social para os estados e municípios, elevando o número de internações, gerando vários prejuízos com ampla repercussão social, como mortes prematuras, perda de produtividade no trabalho, aposentadorias precoces e redução da população economicamente ativa. Nos últimos anos, as DCNT são os maiores responsáveis no indicador de mortalidade proporcional de óbitos em adultos no Brasil. Com a finalidade de controlar as doenças crônicas, prevenir os agravos e promover a saúde é primordial o cadastro e o acompanhamento dos usuários com estas doenças, bem como a melhoria do acesso aos serviços de saúde, como forma de alcançar os melhores resultados possíveis na assistência aos usuários. Nos últimos anos, o Ministério de Saúde lançou uma série de Programas, visando o aperfeiçoamento da Estratégia de Saúde da Família, entre estes o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Objetivos: Analisar o percentual dos hipertensos e diabéticos cadastrados no Sistema Informação de Atenção Básica (SIAB) em uma Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF); Discutir os fatores que dificultam a “captação” e o cadastro dos HA e DIA pelos agentes comunitários de saúde (ACS); e Propor alternativas para ampliar o cadastro de portadores da HA e DIA no SIAB. Material e Métodos: Trata-se de uma pesquisa em documentos do SIAB de uma UBSF, revisão bibliográfica e, discussões com a equipe da unidade sobre o cadastro realizado pelos ACS e o vinculo da população com a equipe da UBSF. A pesquisa foi desenvolvida durante dois meses de 2011 pelos acadêmicos do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET- Saúde). Os indicadores analisados foram: Proporção de diabéticos e hipertensos cadastrados no SIAB. Discussão: Os indicadores foram calculados com base nos parãmteros propostos no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), e a análise dos resultados demonstrou que o percentual estava abaixo do recomendado pelo programa. A proporção de diabéticos cadastrados foi de 45,2% (recomendado é 65%) e a de hipertensos cadastrados foi de 57% (recomendado é 80%). Estes dados indicam a importância do trabalho do agente comunitário de saúde, pois é realiza o cadastro e acompanhamento mensal durante as visitas. Além disso, ele também conhece os problemas da comunidade e orienta sobre os serviços oferecidos pela UBSF. Esta situação remete a discussão sobre os fatores que dificultam e facilitam o trabalho do ACS. Muitas vezes, os agentes comunitários não encontram os moradores em suas residências, pois as visitas domicliares são realizadas em horários de trabalho de muitas pessoas. Além disso, um número significativo de usuários, tem preferência em procurar atendimento em serviços do nível secundário e terciário. Em algumas situações, os moradores se recusam a receber o ACS, alegando que possuem planos ou seguros de saúde. Outra questão importante é que muitos usuários desconhecem a sua condição de portador de hipertensão ou diabetes, pois são doenças “silenciosas” que evoluem durante um longo período sem ocasionar sintomas, sendo diagnosticada muitas vezes devido as complicações quando a doença já atingiu um grau mais grave e critico. Neste contexto, o cadastro poderia ser ampliado e melhorado o acesso, através da busca ativa em grupos de pessoas que apresentam os fatores de risco. A presença dos usuários nos serviços de Atenção Básica é intenso, e no cotidiano do trabalho, existem diversos momentos oportunos para o rastreamento. Por exemplo, se algum paciente comparece para uma troca um curativo, e o profissional de saúde observa uma dificuldade de cicatrização e um excesso de peso, pode-se suspeitar de diabetes. E encaminhá-lo para uma avaliação clínica. A equipe de saúde deve estar sempre vigilante em relação a situação de saúde da população sob seus cuidados, realizar os exames e acompanhar. Outra medida é implantação de alguns horários alternativos de trabalho para os membros da equipe de saúde, médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e ACS. Por exemplo, o ACS pode fazer permuta de horário, trabalhando um período no final de semana ou extensão do horário durante a semana, como uma forma de a unidade realizar a assistência as necessidades dos usuários e assim alcançar melhores resultados nos cadastros e controle das doenças. Conclusão: Diante da situação encontrada no cadastro e tendo com base os relatos dos profissionais que compõem a equipe da unidade, evidencia-se a necessidade de analisar a forma como é realizado o cadastro e o acompanhamento dos portadores de DIA e HA. Recomenda-se a observação quanto a abordagem feita pelos agentes comunitários de saúde e a recepção do agente durante a visita domiciliar. A análise dos indicadores reforça também, a necessidade da educação permanente da equipe de saúde, quanto ao vínculo com os moradores e a abordagem durante as visitas domiciliares. Outrossim, a educação em saúde também auxilia na compreensão das orientações sobre suas condições, buscando um maior comprometimento com a sua própria saúde. Referências ALBUQUERQUE, G., MARTIN, B., ROCHA, C., SILVA, F., LONGO, R. Avaliação do cuidado ao usuário portador de diabetes em unidade de saúde. Cogitare Enfermagem, América do Norte, 2011. 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