Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Experenciando a compreensão da Redução de Danos no VER-SUS Canoas/RS
Renata Flores Trepte, Fabiano Barnart

Resumo


No enfrentamento com as políticas totalitárias e repressivas de “guerra às drogas” a Redução de Danos vem se consolidando e sendo reconhecida como proposta de atenção em Saúde. A Redução de Danos hoje é estratégia norteadora da Política do Ministério da Saúde para Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras drogas e da Política de Saúde Mental. Até se estruturar como o novo paradigma ético, clínico e político para a política pública brasileira, a Redução de Danos vem passando por um processo de embates com as políticas antidrogas baseadas na abstinência (cujas bases no País foram fundadas no período ditatorial). O grupo de viventes do VER-SUS, em imersão na cidade de Canoas-RS, teve a oportunidade de conhecer grande parte da rede especializada de Saúde Mental deste município, dentre as visitas cabe destacar a vivência no CAPS Álcool e Drogas, nesse contato as responsáveis pelo serviço alegaram que neste espaço não se trabalha com Redução de Danos e que as intervenções visam a abstinência dos usuários. Buscando uma avaliação dessa situação o que se intenciona é analisar as múltiplas cristalizações da instituição que, em muitos momentos, estabelece uma atitude pouco eficaz no âmbito do cuidado. Rearranjos macropolíticos necessário foram feitos e a política foi efetivada na reforma estatal de atenção a usuários de álcool e outras drogas, mas no cotidiano do serviço a lógica da abstinência persiste e é defendida pelos profissionais. A proposta de saúde em prol da autonomia do usuário esbarra em práticas moralistas de compreensão do bem-estar. Ratificando essa lógica de funcionamento o Conselho Municipal de Saúde (CMS) aprovou verba para ampliação de leitos psiquiátricos no Hospital Universitário da ULBRA, pois percebem uma demanda muito grande para internação de usuários que fazem abuso de sustâncias psicoativas, fazendo-se necessário que a ala já existente para esse fim seja reforçada. Tal movimento do CMS diz do modo como a Saúde Mental é acolhida no município. O trabalho é feito na contramão das preconizações ministeriais e da própria Reforma Psiquiátrica, visto que essa verba poderia ser investida na efetivação dos serviços substitutivos já existentes no município e/ou na implementação de um CAPS do tipo III, pois dessa forma se reduz a demanda por internação psiquiátrica e mostra-se desnecessário o investimento nessa medida extremada.