Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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CONHECER, OPINIÃO E ATITUDE DAS ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE DIVINÓPOLIS SOBRE PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO E HPV
Deolane Vasconcelos Antunes, Viviane Aparecida Lopes Santiago, Cleonice Ferreira Rabelo, Lucimária Martins Vilela, Vanessa Aparecida das Dores

Resumo


RESUMO Introdução A enfermagem em cancerologia é uma área da prática profissional que cobre todos os grupos etários. As adolescentes são mais vulneráveis a infecções pelo HPV por apresentarem a zona de transformação do colo localizada na ectocervice estando assim mais expostas ao vírus7. Há outros fatores de risco como a iniciação precoce da vida sexual, além de múltiplos parceiros, promiscuidade, fatores imunológicos, hábitos de higiene, tabagismo, contraceptivo oral e história de infecções genitais podem contribuir para o desenvolvimento do câncer de colo uterino8. Acredita-se que muitas mulheres adultas que apresentam lesões cervicais de alto grau e câncer foram infectadas pelo HPV durante a adolescência. Objetivo Entender as atitudes e práticas sobre a prevenção do câncer de colo de útero e infecção pelo Papiloma Vírus Humano da população adolescente de uma escola pública de um distrito de Divinópolis, Minas Gerais. Método Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, no qual foram analisados os dados obtidos através de um questionário estruturado com questões sobre características sociodemográficas, econômicas, sexuais, métodos contraceptivos e acesso ao exame Papanicolaou. O mesmo foi aplicado às adolescentes do sexo feminino, matriculadas em uma escola pública do Distrito de Santo Antônio dos Campos, município de Divinópolis, Minas Gerais, no mês de outubro de 2010. Fizeram parte da pesquisa 191 adolescentes matriculadas entre a sexta série do ensino fundamental e o terceiro ano do ensino médio. Esse estudo passou pela aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Universidade de Itaúna. A permissão dos pais ou responsáveis das adolescentes para a participação na pesquisa foi solicitada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados Em relação ao estado marital, 110% das adolescentes participantes do estudo encontravam-se solteiras. Já na distribuição etária observou-se maior concentração na faixa etária de 11 a 13 anos (40,3%). O perfil sexual e reprodutivo das 22 adolescentes com iniciação sexual mostra que a maioria das jovens (45,4%) teve sua primeira relação entre 14 a 15 anos de idade corroborando outros estudos9,10. A tendência da iniciação sexual precoce gera preocupação, já que aproxima as adolescentes de problemas da esfera reprodutiva e sexual11. Nessa fase da vida, a atividade biológica cervical está em nível máximo, além da replicação celular e substâncias presentes no meio cervical facilitam a infecção por Papilomavírus humano.12 O uso do preservativo masculino na iniciação sexual foi relatado por 86,4% delas, com decréscimo do percentual para 54,5% quando questionadas sobre o uso do mesmo na última relação. Os dados analisados sobre a prevalência do uso do preservativo entre os jovens corroboram a literatura sobre o tema, que aponta para o aumento do uso em relação há alguns anos. Entretanto, mesmo com este aumento nos últimos anos, deve-se observar que o uso desse método não se mantém aos mesmos percentuais quando comparados a dois eventos, a primeira e a última relação sexual13. Sabe-se que alem de fatores biológicos que expõe as adolescentes à infecção pelo HPV, a multiplicidade de parceiros, promiscuidade, tabagismo, contraceptivo oral e história de infecções genitais podem contribuir para o desenvolvimento do câncer de colo uterino. Com isso, as intervenções das equipes de saúde devem focar primordialmente o uso constante do condon em todas as relações sexuais, já que os demais fatores de riscos parecem depender mais de ações que envolvem outras esferas. O uso do coito interrompido também teve destaque (18,2%) quando questionadas a respeito do contraceptivo utilizado na ultima relação sexual. Uma das razões que justificaria essa opção seria a imaturidade psicoemocional, característica da adolescência14. Para avaliar sobre a prevenção do câncer de colo uterino e a infecção pelo HPV, foram incluídas todas as adolescentes participantes do estudo. Quanto ao conhecimento, 65 (34,2%) afirmaram saber o objetivo do Papanicolaou. A respeito do conhecimento sobre o HPV, verificou-se que 48,9% das adolescentes já ouviram falar do vírus. De fato, a infecção pelo vírus tem sido uma das doenças sexualmente transmissíveis mais frequentes em todo mundo15. Comparando-se o conhecimento e a variável renda familiar, constatou-se que das 65 que conheciam sobre o exame, 61,5% referiam renda entre 1 a 2 salários mínimos, e 12,1% entre 3 e 5 salários. O que contradiz pesquisas que demonstraram que o poder aquisitivo está relacionado ao nível de informação e o acesso ao serviço de saúde, gerando maior conhecimento aos que possuem maior renda familiar15. Entretanto, deve-se levar em consideração que o estudo foi realizado em uma área que abrange uma população de baixa renda, não sendo possível comparar com jovens de maior nível econômico, o que implica no resultado a pergunta sobre o tema. Das jovens participantes, apenas uma afirmou ter realizado o preventivo. A baixa procura pelo exame se deve a falta de acesso, ainda existente, as informações e serviços adequados em relação à saúde sexual e reprodutiva, que interferem nas atitudes e práticas das jovens em relação ao assunto. Além disso, o fato das jovens participantes da pesquisa serem residentes a área interiorana, de costumes morais significativos, com discussões sobre sexualidade no convívio familiar, na maioria das vezes, ausente, implica nas práticas de prevenção ao câncer de colo uterino. Este conjunto aponta para a ausência de políticas efetivas na saúde do adolescente. O assunto, quando comparado a variável faixa etária, constatou-se a prevalência entre 14 a 15 anos de idade (36,6%). Entre as púberes que já tiveram relação sexual, 68,2% afirmaram conhecer sobre o Papilomavírus Humano. Apenas uma participante afirmou já ter tido DST e relata desconhecer sobre o patógeno causador da doença. Conclusões A falta de informação sobre o HPV e formas de prevenção tornam as jovens mais vulneráveis a uma vida sexual de risco. É preciso investimentos em ações de prevenção e promoção à saúde, voltadas para o empoderamento das jovens frente à infecção do HPV. O espaço escolar, local de aprendizagem, formadora de opiniões e parceira dos serviços de saúde, deve oferecer programas com enfoque adequado que visem ajudar os jovens na tomada de decisões seguras e que minimizem o risco de agravos a vida sexual e reprodutiva. Além disso, a capacitação dos profissionais se faz necessário, uma vez que a abordagem e a linguagem utilizada são pontos chaves para aproximação dessas adolescentes, reduzindo assim os danos da prática sexual inapropriada. Palavras-chave: câncer de colo do útero, adolescentes, prevenção de câncer de colo uterino, papanicolaou