Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Fluxograma descritor: mapeamento das formas de entrada das gestantes no ambulatório de pré-natal de alto risco no HC-UFPR
Afrânnia Hemanuelly Castanho Duarte, Rossana Staevie Baduy, Adriana Lucinda Oliveira

Resumo


INTRODUÇÃO: O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, localizado no município de Curitiba, é um hospital público de ensino, que presta assistência a saúde de alta densidade tecnológica e atende exclusivamente o Sistema Único de Saúde, sendo considerado o maior prestador de serviços no estado do Paraná. A estrutura hospitalar também possui o atendimento da Maternidade, onde se localiza o ambulatório do pré-natal que presta atendimento as gestantes de alto risco. Este resumo trata-se de resultados parciais de uma pesquisa realizada com profissionais que atuam no ambulatório de pré-natal do Hospital de Clínicas - UFPR. A pesquisa teve como OBJETIVO analisar o processo de trabalho do ambulatório do pré-natal de forma situacional possibilitando uma melhor compreensão da organização deste serviço. METODOLOGIA: Para isso apropriou-se de referencial teórico relacionando a temática proposta utilizando da pesquisa qualitativa e de grupo focal, na oportunidade os próprios profissionais puderam mapear o fluxo de atendimento da gestante, em suas diferentes formas de entrada e encaminhamentos no ambulatório. RESULTADOS: Obtivemos como resultado parcial a sistematização do fluxograma em uma etapa, que corresponde as formas de entrada da gestante no ambulatório. Para construção do fluxograma utilizamos os símbolos padronizados e universalmente aceitos que são representados pelas seguintes figuras: elipse, retângulo e losango.A primeira etapa do fluxograma trata da entrada da usuária que se dá de três formas: a primeira seria via encaminhamento da Unidade Básica de Saúde (UBS); a segunda através de pedido de interconsulta para a usuária internada em alguma unidade do hospital e que necessite de uma consulta médica obstetra e a terceira via seria a entrada pelo Pronto Atendimento da Maternidade, encaminhada através do SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e/ou a procura espontânea da usuária. Essas três formas de entrada a usuária passará pela triagem com o médico residente e/ou médico obstetra, esta avaliação consiste em verificar se a gestação é de alto risco, para que a usuária possa ser vinculada ao pré-natal, ou seja, é uma triagem clínica restrita ao profissional médico. Caso a avaliação não corresponda ao parecer de alto risco, a usuária é encaminhada a UBS de sua referência regional. Na primeira forma de entrada da usuária a UBS gera um código de transação, para o encaminhamento da gestante ao ambulatório do HC, respeitando o fluxo e sistema de referência e contra-referência municipal, através do sistema de informação Central de Marcação de Consultas e de Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapias (CMCE /SADT). Nas outras formas de entrada para que a usuária possa ser incluída no ambulatório de pré-natal é necessário que o/a funcionário/a da recepção do hospital gere um código, que corresponde ao número do registro eletrônico do atendimento na Unidade de Emergência do Hospital (Ficha Amarela eletrônica), através do sistema de informação municipal. Após a emissão deste registro poderá gerar o código de transação que dará autorização para o procedimento de alta complexidade (densidade tecnológica). Essas formas de inclusão da gestante devem priorizar a urgência necessária. Os profissionais afirmam que essas formas de entrada agilizam uma questão burocrática que muitas vezes a usuária enfrenta ao ser encaminhada via UBS. Isso demonstra um dos ruídos do fluxo de atendimento, o encaminhamento via UBS pode gerar demora e os profissionais acabam articulando outras formas de entrada no fluxo para agilizar o atendimento. Estas formas de entrada devem ser devidamente registradas para que o hospital receba por estes procedimentos, de acordo com os sujeitos, o hospital universitário deve respeitar a demanda a partir da contratualização do serviço com a Prefeitura e de acordo com a missão do hospital, que é prestar assistência e garantir a produção do conhecimento. A usuária em acompanhamento no ambulatório de pré-natal, independente de sua forma de entrada, também tem o intuito de ser acompanhada pela UBS de referência, seja de Curitiba ou da região metropolitana. De acordo com a Politica Nacional de Atenção Básica (Portaria MS/GM nº 2.488, 21/10/2011) a atenção básica “deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação da Rede de Atenção à Saúde”. Dessa forma consideramos que a rede de serviços em saúde deve trabalhar na perspectiva de saúde integral, articulada com a rede regionalizada e hierarquizada. Nesta primeira etapa demonstra que a usuária pode ser encaminhada para outros atendimentos profissionais após a consulta médica. Os encaminhamentos são realizados pelo profissional médico. Após inclusão da usuária no ambulatório de pré-natal por meio do Sistema Informatizado, a mesma é encaminhada com autorização médica à recepção para agendamento do próximo retorno. É de responsabilidade somente do profissional médico, avaliar a necessidade de inclusão dessa usuária no ambulatório, assim como fica a critério dele encaminhar para outros profissionais, que atuam na equipe multiprofissional. Os resultados obtidos da pesquisa, através dos depoimentos dos sujeitos evidencia um modelo de atenção médico-centrado e expressa algumas fragilidades do trabalho em equipe, evidencia que não há fluxo de atendimento previamente definidos pela instituição, a operacionalização dos protocolos de atendimento assim como as formas de encaminhamentos, ficam a critério dos profissionais. Os resultados também demonstram que assim como não há um planejamento do fluxo de atendimento, não há um planejamento multiprofissional do projeto terapêutico. Ambos são centrados no atendimento especializado médico e a partir da missão institucional que deve garantir a assistência hospitalar e a produção de conhecimento através do ensino. CONSIDERAÇÕES: A partir dos resultados obtidos consideramos que a pesquisa propiciou grande aproximação e conhecimento do fluxo de atendimento do ambulatório pré-natal. O uso do fluxograma descritor possibilitou o mapeamento do trabalho da equipe de saúde e a reflexão do grupo sobre o processo de trabalho. Para além das dificuldades existentes, os profissionais puderam se identificar enquanto sujeitos integrantes e corresponsáveis pela construção e manutenção do fluxograma de atendimento. Consideramos que o planejamento na atuação profissional e em equipe de saúde é uma ação indispensável e muito importante, que deve ter como estudos prévios o contexto e a missão institucional no qual ele atua. O uso do fluxograma e análise situacional pode auxiliar os profissionais de saúde na sistematização do planejamento e para a construção de programas e projetos terapêuticos que dêem a instrumentalidade necessária e consistente para a atuação profissional.