Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Formação dos agentes comunitários de saúde: as práticas comunicativas como elemento intrínseco ao processo de trabalho
Larissa Beatriz do Carmo Moreira, Rodrigo Carvalho Paulino da Costa, Adriana Kelly-Santos

Resumo


Caracterização do problema: A inserção da primeira autora como docente do curso de Medicina da Universidade Federal de Viçosa no contexto da disciplina Prática Profissional e Trabalho em Saúde permitiu problematizar as práticas comunicativas sobre acolhimento e cuidado produzidas pelas Agentes Comunitárias de Saúde (ACS). A disciplina visa a articulação entre ensino-serviço-comunidade através de aulas teóricas e práticas em Unidades da Atenção Primária à Saúde da Estratégia de Saúde da Família (UAPS/ESF). Assim, notou-se a necessidade de construir espaços de educação permanente (EP) (Brasil, 2012) com as ACS e de formação-integração entre ensino-serviço-comunidade (Kelly-Santos, 2010). Descrição da experiência: Trata-se de um projeto de extensão com interface em pesquisa, desenvolvido numa UAPS/ESF da periferia do município de Viçosa-MG de fevereiro a dezembro de 2011. A equipe executora do projeto é multidisciplinar, sendo constituída por docentes de medicina e enfermagem e graduandos de medicina e jornalismo. O estudo foi realizado com doze (12) ACS, selecionadas pelo seu papel de mediação entre serviço-comunidade e pela importância da comunicação nas práticas de acolhimento e cuidado à saúde. Adotou-se a metodologia qualitativa e o referencial da hermenêutica-dialética (Minayo, 2000), empregando a técnica da observação participante para o mapeamento dos equipamentos sociais e o acompanhamento de trinta (30) visitas domiciliares (VD), além do desenvolvimento de duas (2) oficinas de leitura e de cinco (5) vivências de técnicas grupais. Estas atividades se constituíram em espaços de coleta de dados, que foram registrados em um diário de campo. Efeitos alcançados: As atividades permitiram a aproximação do contexto das relações da equipe. Verificou-se que os treinamentos são pouco frequentes, com temas muitas vezes distantes das reais necessidades, corroborando com o descompasso entre os conteúdos ofertados e a implementação dos conhecimentos adquiridos no cotidiano. Essa lacuna interfere na realização das práticas comunicativas como, por exemplo, na abordagem durante as visitas domiciliares e na elaboração de atividades coletivas como sala de espera e de grupos de orientação. A adoção de metodologias ativas fomentou o planejamento, execução e a reflexão crítica sobre as atividades de promoção à saúde, como o desenvolvimento de uma feira de saúde e de ações intersetoriais, resultando no estímulo à autonomia e no empoderamento das ACS na relação equipe de saúde-comunidade. O vínculo construído entre a equipe do projeto e as ACS, tendo como base o conhecimento e o reconhecimento de saberes, crenças, valores e dos modos de vida de cada integrante deste processo, favoreceu a construção de um espaço de fala sobre o processo de trabalho. O desenvolvimento e a compreensão das práticas de acolhimento e do cuidado de si e do outro permitiram vivenciar as dimensões subjetivas, culturais e relacionais da comunicação. Estes elementos, intrínsecos ao processo de trabalho, estão diretamente relacionados com a produção do cuidado na saúde. Recomendações: Sugere-se a EP como elemento da formação do profissional de saúde visto que esta permite a problematização do processo de trabalho e do contexto sociopolítico da ESF. O trabalho ora apresentado evidencia a necessidade de projetos no campo da comunicação e saúde na Atenção Primária a Saúde/Estratégia da Saúde da Família, pois a investigação do processo comunicativo entre gestores, membros da ESF e comunidade fornece a compreensão das relações sociais e das práticas comunicativas. Por fim, o aprimoramento das habilidades de comunicação é essencial para as práticas de acolhimento e cuidado na relação médico-paciente. Referências Bibliográficas: 1 - Kelly-Santos, A. (2010). Práticas comunicativas na Estratégia de Saúde da Família: o papel do Agente Comunitário de Saúde no acolhimento e cuidado aos usuários do Sistema Único de Saúde (Projeto de Extensão), Viçosa, MG, Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Medicina e Enfermagem, Curso de Medicina. 2- Brasil, Ministério da Saúde. A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde – PNEPS (2012). Sobre a Política. Brasília, 2012. Recuperado em 04 de março de http: //portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=26643&janela=1. 3 - MINAYO, M.C. S., 2000. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: ABRASCO.