Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Interdisciplinaridade no PET-Saúde/Vigilância da PUCR
Agnes Andreoli, Sirlei Farjado, Laura Freitas, Mariana Ibaldi, Luciene Schwaab, Beatriz Bosner, Maria Rita Cuervo, Karla Livi

Resumo


Agnes Andreoli, Laura Freitas, Mariana Ibaldi, Luciene Schwaab, Beatriz Bosner, Maria Rita Cuervo, Karla Livi, Sirlei Farjado.Caracterização do problema: segundo o Instituto Nacional do Câncer, o câncer do colo do útero é o quarto colocado se tratando de óbitos em mulheres no Brasil. No Rio Grande do Sul ele ocupa o terceiro lugar na incidência de câncer no sexo feminino. Por ano, faz 4.800 vítimas fatais e apresenta 18.430 novos casos. Prova de que o país avançou na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram da doença invasiva. Ou seja: o estágio mais agressivo da doença. Atualmente 44% dos casos são de lesão precursora do câncer, chamada in situ, que é localizada. A possibilidade de cura para a doença é alta para mulheres diagnosticadas precocemente, se tratadas adequadamente. (http: //www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/inca/portal/home). Há diversos fatores de risco associados à doença tais como: Infecção pelo Papiloma Vírus Humano-HPV (principal fator de risco), início precoce da atividade sexual, multiplicidade de parceiros sexuais, tabagismo, baixa condição sócio-econômica, imunossupressão, uso prolongado de contraceptivos orais, higiene íntima inadequada (http: //dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad13.pdf). O Programa de Educação pelo Trabalho – PET-Saúde é um programa criado pelo governo que tem entre seus objetivos visar um exercício profissional diferenciado, bem como favorecer a iniciação ao trabalho e vivências direcionadas aos estudantes de diferentes cursos de graduação da área da saúde direcionadas para o fortalecimento de áreas estratégicas para o Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com seus princípios e necessidades. O PET-Vigilância é destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Vigilância em Saúde caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviços dos profissionais da saúde. Descrição da experiência: o projeto PET-Vigilância em Saúde é uma parceria da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e da Equipe de Vigilância de Eventos Vitais e Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Porto Alegre. O projeto Implementação de um Sistema de Vigilância do Câncer de Colo de Útero Para Mulheres de 25-64 Anos Moradoras de Porto Alegre iniciou em 2010, está em andamento e tem como objetivo geral implementar a qualidade da atenção básica em saúde na prevenção do câncer do colo do útero. Os bolsistas foram submetidos a leituras, seminários e palestras sobre a temática do câncer, doenças não transmissíveis, caráter metodológico, SUS, atenção básica, entre outros. Os bolsistas saíram a campo em pequenos grupos em busca de dados para a construção da pesquisa e, além disso, realizavam encontros semanais para a troca de conhecimento e experiências. Todos esses encontros permitiram uma troca de conhecimentos não só por parte daqueles em que o estudo da doença é o enfoque principal como a medicina, mas sim de todos aqueles que se permitiram aprofundar seus conhecimentos, mostrando que esse está em constante movimento. O projeto se caracteriza por duas etapas. A primeira etapa foi definida por conhecer a história de vida de mulheres que foram a óbito em 2009 e 2010 e que internaram em 2010. Esta busca foi pesquisada em prontuários hospitalares a partir de uma ficha de investigação. Após esse processo, conseguimos traçar o histórico clínico destas usuárias. Tendo poucas informações, recorremos aos serviços de saúde de cada paciente para entender melhor como esta chegou ao diagnóstico. Hoje, estando na segunda etapa do projeto, estamos construindo um material de devolução com o qual iremos aos serviços de determinado distrito divulgar os resultados da pesquisa. A ideia é que posteriormente possamos fazer um trabalho de capacitação aos profissionais sobre a temática que nos espantou com os resultados obtidos. Efeitos alcançados: Os cursos da saúde mostram a limitação pelo seu campo de conhecimento e atuação, o que gerou num primeiro momento sentimentos de dúvida e incerteza quanto ao futuro do projeto. Durante toda a graduação nos confrontamos com situações impostas pelo cotidiano de nossa formação que pressupõe discussões com aqueles que também a tiveram. O PET propõe a quebra desses limites, no momento em que se estimula a integração do aluno com diferentes profissionais, porém com o mesmo objetivo que é o da promoção da saúde. Ao encontro com o objetivo do PET de integração ensino-saúde-comunidade, está a interdisciplinaridade. Durante o período das discussões em grupo foi possível observar que apesar das leituras dos textos cada um interpreta de forma diferente, mostrando que os saberes não se anulam e sim se complementam. Além disso, a forma como informações são apresentadas facilita o desenvolvimento das habilidades de comunicação e adequação da linguagem, característica muito importante os profissionais que trabalham na saúde com diferentes populações. Isso somente fortalece o trabalho em equipe, a troca de experiências e a busca de saúde de qualidade. O trabalho interdisciplinar, como se caracteriza o PET-Vigilância, aponta muitas barreiras. Entre elas, respeitar as diferenças de perfis e opiniões muitas vezes opostos aos seus próprios sabendo ouvir sem julgamentos. Afinal, é natural que cada aluno tenha um olhar mais direcionado para sua profissão e realmente fica complicado quebrar esse vício. Porém o exercício não só da escuta e sim da reflexão, é de extrema importância. Essa experiência é ímpar para a maioria dos alunos envolvidos, pois na rotina acadêmica são raras as trocas entre colegas de outros campos. No momento em que o estudante sair do ninho e entrar de fato no mercado de trabalho, ele já estará muito mais preparado para encarar os desafios da equipe que, todos sabem, é rotina no ambiente profissional. Ninguém trabalha sozinho. O projeto em si mostra com seus resultados obtidos, que existe uma problemática que vai além do diagnóstico e do histórico clínico a que este chegou. Fomos a campo e vimos que o cuidado na atenção básica peca em suas características mais fundamentais. O câncer de colo do útero é tratável se diagnosticado precocemente. É ainda prevenido quando trabalho pelos profissionais junto das usuárias a saúde da mulher. Este é o debate que se deve amadurecer. Recomendações: o PET-Saúde/Vigilância contribui para a ampliação dos conhecimentos de vigilância epidemiológica, além de permitir maior interação entre diferentes profissionais no âmbito do Sistema Único de Saúde. Essa dinâmica é positiva e deveria ocorrer de forma natural na formação acadêmica, se estendendo para a carreira profissional. É o momento de vincular a teoria à prática, possibilitando a aplicação de conceitos abstratos em situações concretas.