Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Educação em saúde na prevenção de acidentes de trânsito junto a um grupo de escolares
João Paulo Porto Dias, Luane Lira, Simone Vicente Dias, Jairo Calado Cavalcante, Divanise Suruagy Correia, Rejane Rocha da Silva

Resumo


CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA Os acidentes de trânsito representam uma importante parcela dentre as causas externas de óbitos. Eles geram custos de bilhões de reais, onerando os sistemas de saúde. Estima-se que mais de 1,2 milhões de pessoas morrem a cada ano. Estes números crescem em muitas regiões do mundo, tendendo a levar os acidentes de trânsito para a 5ª colocação entre todas as causas de morte em 2030 (WHO, 2009). Visto que os acidentes de trânsito deixam sequelas em boa parte dos acidentados e geram a ocupação de grande quantidade de leitos nos hospitais de urgência e emergência, eles podem ser classificados como um problema de saúde pública. Dessa forma, tomar medidas para diminuí-los é uma ação de promoção à saúde. Os acidentes são eventos previsíveis e evitáveis (BRASIL, 2002a), que podem ser resultantes, além de problemas infra-estruturais, de imperícia, negligência e imprudência sendo que medidas educativas podem ajudar a melhorar os índices. Como os pedestres estão entre os mais atingidos, e entre eles as crianças e idosos são os mais vulneráveis, implementar medidas de educação no trânsito para crianças em idade escolar pode ser eficaz na formação de condutores com comportamento mais adequado e configura-se como uma estratégia de promoção à saúde. A escola onde foram aplicadas as medidas educativas fica localizada no bairro do Tabuleiro do Martins, o segundo com mais registros de mortes por acidentes de trânsito em Maceió-Alagoas (DETRAN-AL, 2010). Além disso, o público alvo está na faixa etária que apresentou maior risco de óbito por acidentes trânsito (SMS-MACEIÓ, 2007). DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA O trabalho foi desenvolvido na Escola Municipal Professora Hévia Valéria, Maceió, com escolares do 1º ao 4º ano, inclusos numa faixa etária de 3 a 16 anos, no período de agosto a dezembro de 2011. No primeiro momento, foram realizadas reuniões com a diretoria e o corpo docente da escola explicando os objetivos e a metodologia das atividades. Posteriormente, realizaram-se reuniões com os pais e responsáveis dos alunos a fim de apresentar-lhes a proposta do projeto, e também aplicar-lhes um questionário para levantamento do perfil socioeconômico (ABEP, 2011) do grupo e verificação da opinião sobre acidentes de trânsito. Após o consentimento dos pais/responsáveis, foram construídas estratégias para aproximar as crianças da realidade do trânsito, tais como: rodas de conversas, cartazes, vídeos educativos e jogos interativos. Os temas abordados foram: condutas de risco e de segurança nos transportes que eles mais utilizam no dia a dia; identificação de situações de risco no trânsito, sinalização e comportamento seguro no trânsito. EFEITOS ALCANÇADOS Durante as reuniões com os diretores, professores, pais e responsáveis dos alunos, foram notados o interesse e a abertura desses indivíduos no que se refere ao tema do trabalho e aos métodos dinâmicos usados nas atividades. As análises dos questionários aplicados aos pais e responsáveis dos escolares mostraram que 75% deles estão nas classes econômicas E e D, as mais baixas, com renda familiar média entre R$ 415,00 e R$ 680,00. A obtenção do perfil socioeconômico possibilitou uma maior compreensão da realidade na qual se trabalhou tendo em vista que há correlações entre o nível socioeconômico e o de instrução com os riscos de ocorrência de um acidente, bem como o tipo do mesmo. Cerca de 40% dos entrevistados já sofreram, ou alguém de sua família já sofreu, algum acidente no trânsito. Na pesquisa também foram identificados os meios de transporte utilizados pelas crianças tendo destaque os ônibus, as bicicletas e as motos. Essas informações foram relevantes para nortear a escolha das temáticas trabalhadas com os alunos a fim de que elas condissessem com a realidade da comunidade. As estratégias usadas possibilitaram a aproximação dos escolares com a realidade no trânsito sendo importante a interatividade dos mesmos, que relataram algumas experiências próprias ou de amigos.Isso tornou as dinâmicas mais interessantes. Os alunos perceberam seu papel como pedestres, vendo-se como participantes da dinâmica do trânsito e podendo até orientar seus pais sobre medidas simples, como usar o cinto de segurança ou o capacete. RECOMENDAÇÕES Foi notado que há pouca discussão sobre conteúdo ou ações relacionadas à educação no trânsito apesar de que esses deveriam estar presentes na maioria das escolas, fazendo com que gradativamente cada indivíduo perceba a sua responsabilidade no trânsito, seja ele motorista, pedestre, ciclista ou somente ocupante de veículo. Referências WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Status Report on Road Safety – Time for action. Geneva; 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional para Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violências. Brasília, DF, 2002a. DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO DE ALAGOAS. Anuário de Indicadores do Detral/AL – 2010/2011. Disponível em: <http: //servicos.detran.al.gov.br/anuario/>. Acesso em fev. 2012. ABEP. Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério de Classificação Econômica Brasil, 2011. Disponível em: <http: //www.abep.org/novo/Content.aspx?SectionID=84>. Acesso em jul. 2011.