Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O lúdico e a informação: a experiência da dramatização nas atividades de educação em saúde no Hospital Regional de Ponta Grossa.
Rosilea Clara Werner, Taynara de Almeida Tomal, Elaine Ferreira dos Santos Almeida Alves

Resumo


O Hospital Regional de Ponta Grossa- Wallace Thadeu de Mello e Silva foi criado para atender exclusivamente usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), com vista a se tornar um serviço de referência no setor de atendimento á saúde para os municípios abrangidos pela 3.ª Regional de Saúde, no Paraná. O Hospital é composto por vários setores, entre eles o Ambulatório de Especialidades, onde são desenvolvidas as atividades de sala de espera. As atividades de sala de espera tiveram a iniciativa do Serviço Social, que atua junto ao Ambulatório de Especialidades. O Serviço Social tem como compromisso ético-político a defesa do Sistema Único de Saúde – SUS, de forma a garantir a conquista da saúde como bem público, é nesta perspectiva que se iniciou as atividades de educação em saúde. A experiência aqui relatada, ocorreu na sala de espera, do ambulatório de especialidades do Hospital Regional de Ponta Grossa, no período de setembro a dezembro de 2011, com pacientes que aguardavam consulta medica especializada. A atividade foi planejada e executada por três estagiarias e professora do Serviço Social, através do projeto de extensão “Inserção do Serviço Social no Hospital Regional de Ponta Grossa Wallace Thadeu de Mello e Silva”. Os usuários do ambulatório eram convidados a participar, não existindo a obrigatoriedade de participação, e liberdade de ficar o tempo que considerasse interessante, podendo entrar e sair da sala de educação em saúde livremente. Nos primeiros encontros a equipe apresentava os seis princípios da Carta de Direitos dos Usuários do Sistema Único de Saúde, publicada pelo Ministério da Saúde em 2006. A equipe contava com o uso de multimídia, para facilitar a visualização para os usuários. Porém, ao longo do tempo verificou-se que os participantes prestavam atenção mas não tinham identidade com a atividade, não se percebiam como os cidadãos apresentados na Carta de Direitos. Não conseguiam entender o que significa os direitos dos usuários da saúde e se perceber como usuário de direito do SUS Na tentativa de aproximar as informações sobre o direito a saúde ao cotidiano dos usuários, foi planejada atividades lúdicas, utilizando a dramatização de vivências do cotidiano dos pacientes. A dramatização foi escolhida no intuito de aproximação com os usuários, para que eles se sintam a vontade para realizar perguntas e debater a proposta da atividade. O tema da dramatização era debatido e estudado pela equipe a partir das observações e das falas dos usuários. As cenas dramatizadas foram situações de não acesso ao direito a saúde e de serviços nem sempre humanizados. A partir da ludicidade da dramatização os usuários se identificavam com situações cotidianas e argumentavam sua experiência com a equipe. A equipe por sua vez questionava como a população reage quando seus direitos são violados, qual o caminho a ser percorrido na garantia dos direitos? Situações que provocativas que geravam um ambiente favorável para troca de experiências e informações. Os presentes comentam o seu cotidiano a partir das situações dramatizadas, expondo situações vivenciadas de desrespeito e/ou negligência de seus direitos. Em alguns momentos indagam, porque os direitos citados não são divulgados, nos espaços de atendimento, da mesma forma que o artigo 331 do Código Penal, que define a pena de detenção ou multa em caso de desacato a funcionários públicos. Lembram que dificilmente se encontra fixado cartaz sobre a prioridade de atendimento do SUS, como no caso de situações de dor. EFEITOS ALCANÇADOS As atividades são desenvolvidas de uma forma dinâmica e interativa, possibilitando que os usuários possam se sentir como detentores de direitos e venham a exercer seu papel frente ao controle social. As atividades de educação em saúde favorecem a compreensão da política de saúde, e permite uma troca de saberes científicos e populares, ajudando no crescimento profissional e pessoal dos presentes nas atividades. Com a dramatização observamos que os usuários têm maior liberdade de questionar e trocar informações e experiências, reconhecendo a saúde como direito e percebendo o seu papel na promoção, proteção e recuperação da saúde. Também identificam que conquistar a efetivação do direito à saúde não é fácil, mas é preciso o empoderamento de informações que dêem autonomia para esta conquista. RECOMENDAÇÕESCompreendemos como bem escreve Vasconcelos (2001) que a educação em saúde é o campo da prática e conhecimento do setor saúde que possibilita a criação de vínculos entre os profissionais e usuários tirando a verticalidade das relações. O uso do lúdico na educação em Saúde em ambulatórios de referência de hospitais ainda é visto de forma preconceituosa. Mas para a equipe de profissionais que desenvolveu a proposta o lúdico e o criativo são elementos constituintes do homem que conduzem o viver para formas mais plenas de realização; são, portanto, indispensáveis para uma vida produtiva e saudável, do ponto de vista de auto-afirmação do homem como sujeito, ser único, singular, mas que prescinde dos outros homens para se realizar, como ser social e cultural, formas imanentes à vida humana. Ressaltamos a importância da ludicidade na vida do ser humano, afim de que ele possa aproveitar intensamente os momentos de alegria, criatividade e imaginação possíveis dentro da sociedade atual. Com o uso do lúdico em atividades de educação em saúde, há maiores possibilidades de ocorrer o processo educativo efetivo, e a participação e aderência do usuário no tratamento. O empoderamento e a participação dos usuários no controle social podem ser o resultado positivo das atividades educativas desenvolvidas no ambulatório REFERÊNCIAS BRASIL. Carta dos direitos dos usuários da saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. VASCONCELOS, Eymard Mourão. Redefinindo as práticas de Saúde a partir de experiências de Educação Popular nos serviços de saúde. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 5, n. 8, fev. 2001 . Disponível em <http: //www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832001000100009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 20 mar. 2011.