Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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VER-SUS Canoas: problematizando acontecimentos
Renata Flores Trepte, Fabiano Barnart, Angélica Fenalti Santos, Filipe Sehn, Ivan Ricalde, Aline Kramer, Vinícius Azambuja, Helena Stochero

Resumo


Trabalhando com inspiração no movimento institucionalista e usando o conceito-ferramenta “analisador” como situações que colocam algo (uma instituição, um dispositivo, uma encomenda) em análise, tenta-se unir conceitos e experiência para apontar divergências, fragilidades e pontos a ser explorados a partir do VER-SUS Canoas, com o intuito de provocar deslocamentos. No decorrer de 10 dias, diferentes serviços e regiões do município de Canoas/RS foram visitados, o que contribuiu para o surgimento de questionamentos e para a promoção de reflexões a respeito da organização e articulação do Sistema Único de Saúde (SUS) na esfera municipal de governo. O grupo elegeu dois aspectos da vivência como os analisadores mais relevantes do funcionamento do SUS em Canoas. O primeiro deles trata-se das relações de trabalho, o quanto foi possível perceber sua precarização, pois a grande maioria dos trabalhadores de saúde é cooperativada, estando submetida à grande instabilidade. Esta forma de vínculo precarizada gera grande rotatividade dos profissionais de saúde, o que é contrário à ideia de os pacientes formarem vínculo com os profissionais e antagoniza com as preconizações ministeriais de atenção a saúde. Compreendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal e a descentralização do atendimento integral à Saúde, é sabido que os municípios tiveram que recorrer a novas alternativas de contratação como, por exemplo, as cooperativas. Entendemos, entretanto, que é necessária maior orientação às gestões municipais sobre como proceder a essas demandas e de que forma fazê-lo garantindo direitos trabalhistas e concretizando uma política de valorização do trabalhador. O outro analisador relevante refere-se a forma de descarte do lixo contaminado das unidades de saúde. Pudemos ver que se trata de uma dificuldade transversal nos serviços visitados, já que não existe empresa que recolha o lixo contaminado, apenas uma empresa que recolhe o Descarpack (caixa de papelão especial para o descarte de materiais perfuro-cortantes) então a solução das unidades de saúde do município é fazer o descarte do material contaminado (luvas, chumaços, gazes, algodão) na própria caixa de papel. O preconizado pela ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) é que se descarte os resíduos contaminados em sacos branco-leitoso, pois no descarpack pode causar acidentes prejudicando a saúde com a transmissão de certas patologias, causando ansiedade no trabalhador envolvido no descarte dos materiais.