Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Oficinas terapêuticas como instrumento de reabilitação psicossocial de idosos institucionalizados.
Thaizy Valânia Lopes Silveira, Felipe Leonardo Rigo, Rafaela Magalhães Fernandes Saltarelli, Rhavena Barbosa Santos, Pedro Paulo do Prado Júnior, Luciene Muniz Braga, Mara Rúbia Maciel Cardoso

Resumo


I - Introdução O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um dos nossos grandes desafios. No Brasil, esse fenômeno tem ocorrido em um ritmo tão rápido, exigindo a formulação de políticas públicas que possibilitem assegurar a atenção integral à saúde do idoso e a sua inclusão social. Cada vez mais, torna-se importante o preparo das instituições de longa permanência de forma a garantir melhoria da qualidade de vida dos idosos e minimizar o risco de incapacidades e dependência física e cognitiva decorrentes do processo de envelhecer. Assim, diante desse discurso, vê-se a oficina terapêutica como grande aliada no tratamento e socialização dos pacientes idosos institucionalizados. Compreendendo-se a importância da mesma como estratégia de promoção da qualidade de vida, foi desenvolvido um trabalho com os idosos residentes no Lar São Vicente de Paulo, no município de Teixeiras-MG. II - Objetivo Criar um espaço terapêutico para a socialização dos idosos institucionalizados. III - Método O projeto de extensão intitulado “Promoção da Qualidade de Vida dos Idosos Institucionalizados no Lar São Vicente de Paulo de Teixeiras-MG – Uma Assistência Integral à saúde do Idoso”, tem sido desenvolvido há dois anos e iniciou suas atividades com a realização de um diagnóstico situacional da instituição a fim de identificar o perfil epidemiológico e socioeconômico de cada interno. A seguir realizou-se a consulta de enfermagem com o intuito de identificar as necessidades humanas básicas afetadas, segundo a teoria de Wanda de Aguiar Horta e por meio do processo de enfermagem, identificar os problemas e a partir destes planejar e implementar as intervenções necessárias. Paralelo às atividades acima descritas foram desenvolvidas oficinas terapêuticas, recorte apresentando neste trabalho. Os temas escolhidos para as oficinas levaram em consideração o interesse dos participantes, sempre pensando na melhor forma de trabalhar as emoções, conflitos e aflições dos mesmos. A observação participativa foi utilizada para registrar as reações dos idosos durante as oficinas. Este trabalho foi finalizado com uma festa de comemoração buscando a interação dos pacientes com a comunidade, equipe da instituição, profissionais do Programa Estratégia Saúde da Família e participantes desse projeto. III - Resultados O Lar São Vicente de Paulo situado na cidade de Teixeiras, interior do estado de Minas Gerais, abriga um total de 44 internos que ficam sob o cuidado de uma equipe multiprofissional, e fazem parte da equipe de cuidados diretos aos mesmos quatro profissionais de enfermagem e três cuidadores de idosos. Os 44 internos são na sua maioria idosos, no entanto, há um número considerável de pacientes com idade abaixo de 60 anos. Isso se justifica pelo fato de não haver na cidade um serviço de saúde mental, por isso, aqueles pacientes com transtornos mentais e que não possuem família, foram acolhidos pela instituição. Os principais problemas de saúde identificados nos internos são: transtornos psiquiátricos, hipertensão arterial e diabetes mellitus. Existem ainda dez internos que são acamados e que recebem assistência de enfermagem em período integral. As políticas públicas de saúde buscam substituir progressivamente o isolamento imposto pela intervenção asilar por formas mais socializantes de tratamento com respeito ao direito de cidadania do paciente idoso e do paciente psiquiátrico. A realização das oficinas oportunizou um ambiente de interação, produção e valorização dos internos. Dentre elas destacam-se: 1ª Oficina: “Expressões do Dia”: Com o intuito de conhecer os internos e os seus sentimentos foram confeccionadas cinco figuras de carinhas com expressões de tristeza, irritação, felicidade, indecisão e paixão. Os internos escolheram a carinha que reproduzia os seus sentimentos naquele momento. 2ª Oficina: “Descobrindo Arte”: Utilizando a técnica de recorte e colagem com revistas e espoja de aço, foram construídas figuras em formato de estrela, coração, borboleta e peixe, desenvolvendo a coordenação motora. 3ª Oficina: “Desenharte”: Por meio do desenho os internos expressaram seus sentimentos e criatividade. 4ª Oficina: “Cores no Papel”: Para estimular a capacidade motora e cognitiva, os internos criaram vários desenhos, coloridos e em formatos variados, os quais demonstraram satisfação com a conclusão da atividade. .5ª Oficina: “Modelando Sonhos”: Para desenvolver habilidades manuais e possibilitar o uso da criatividade e momentos de lazer, realizou-se a construção de formas e objetos com massa de modelar. Verificando-se a dificuldade dos mesmos para o uso da técnica. 6ª Oficina “Cantando a Vida”: Oportunizou-se um espaço de lazer com música e dança, além de promover a interação entre os internos. 7ª Oficina: “Festa de Comemoração”: A comemoração do aniversariante do mês proporcionou a interação entre os internos, profissionais da Instituição, da Estratégia de Saúde da Família, comunidade e discentes do projeto. Neste trabalho, pode-se dizer que as oficinas terapêuticas passam a exercer um papel duplo: o terapêutico, no qual é representado pela própria convivência e pela construção do vínculo estabelecido entre os oficineiros e internos e o de se constituir um veículo de reinserção social através das ações que envolvem o trabalho, confecção de produtos e autonomia do sujeito. Elas instigam tanto nos usuários quanto nos seus familiares o desejo da conquista do respeito social e possibilitam despertar nos pacientes algum interesse pela criatividade e pela convivência do fazer. V - Conclusão Relações significativas de solidariedade, cooperação e autonomia do sujeito foram construídas. Alcançou-se o propósito terapêutico de socializar, de melhorar as relações de convivência no grupo e de promover a adequação à realidade. Além disso, esse trabalho tem sido uma oportunidade das alunas de graduação em enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV) aplicar os conhecimentos apreendidos e desempenhar o papel de responsabilidade social.