Tamanho da fonte:
VER-SUS: transformador da realidade acadêmica
Resumo
Quando me inscrevi no VER-SUS, não sabia exatamente o que esperar da proposta. Pouco sabia deste projeto. Resolvi vir e conhecer. Descobrir o que poderia ser. Cheguei pensando e visualizando muito o meu curso, a minha área de atuação. No primeiro dia, ao apontar minhas expectativas em relação a este processo, salientei meu desejo de me perder e me reencontrar, de perder o foco que se tem durante a graduação. E para minha felicidade, a cada dia fui percebendo que isso realmente estava a acontecer. Muitas vezes me perdi, perdi o foco, encontrei novamente, novamente me perdi. Neste processo todo, muitas coisas foram construídas e desconstruídas, algumas com mais intensidade que outras, mas todo o experienciado foi único, singular e ao mesmo tempo, coletivo. Aqui convivi com muitos outros colegas, vindos de diferentes cursos e instituições. Detentores de um conhecimento e uma forma de ver/ler/interpretar o mundo singular que, ao ser posta na roda de conversa e dividida com o coletivo, adquiria significados múltiplos, fazendo parte deste processo de construção/desconstrução de saberes e práticas prévios. Conhecer a região foi sem dúvida de extrema importância, tanto para compreender como se dá a construção da rede quanto para presenciar a realidade de cada serviço. Compartilhar, conviver e trocar com meus colegas versusianos me fez crescer como pessoa, como futura profissional, como futura facilitadora, como usuária do sistema e como parte de um coletivo imenso que se forma e desforma a cada dia. Outro ponto de extrema importância foi a construção de uma identidade de coletivo, enquanto grupo VER-SUS Centro/RS. Ficamos alocados em um hotel no centro da cidade de Santa Maria. Sei que para alguns as acomodações e o espaço simbolizam qualidade e conforto, porém, a meu ver, estas instalações foram um grande empecilho na construção de uma identidade coletiva, o que, de certa forma, quase fragmentou o grupo. Houve união, mas ela poderia ser muito maior, muito mais intensa a partir do momento em que se organizassem espaços coletivos de convivência e não somente os de discussão. Alojamento conjunto, banheiros coletivos, grupo responsável por despertar os colegas/amigos para um novo dia de trabalho, grupos responsáveis pelas refeições, outros pela louça, outros pela organização dos espaços de convivência, entre outros, e com uma rotatividade que integraria muito mais os versusianos. Fica aqui minha sugestão para que nos aperfeiçoemos a cada processo e que no final, sejamos todos capazes de olhar para trás, sentindo orgulho de ser, de fazer parte e de viver o SUS nos mais diversos âmbitos de atuação que ele nos permite. Surgiu a proposta da trama, onde todos estão de alguma forma envolvidos e sustentando o coletivo. Aqui porém, ainda agimos como rede, tendo pontos onde nos unimos e não nos unimos a todos os companheiros. Hoje saio mais forte, mais feliz quem sabe, eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei. Eu nada sei. Agradeço a todos envolvidos neste processo, tanto comissões como a meus colegas, companheiros de luta. E aqui me despeço desta experiência incrível, fascinante, com uma frase de Ernesto Che Guevara que surgiu em uma de nossas viagens: "Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros". Que não desistamos nunca da luta! A palavra da vez é transformação. Que não se deixe morrer este espírito de solidariedade e indignação com as situações vivenciadas. Até o próximos VER-SUS!