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Vivências e Estágios na realidade da Saúde Indígena - Um relato de experiência
Resumo
Introdução: Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde-VER-SUS é um projeto do Ministério da Saúde junto a Rede Unida que possibilita a aproximação de acadêmicos da área da saúde com o SUS. No estado de Mato Grosso do Sul o programa teve sua primeira edição em fevereiro de 2012 e contou com a participação de acadêmicos em diversos municípios, sendo um deles a cidade de Dourados. Dourados está localizado no sul do estado e possui uma quantidade populacional um pouco maior que 180 mil habitantes e, destes, mais de 13 mil são indígenas. Para atender tal demanda, o SUS conta com serviços em locais estratégicos (aldeias) e direcionados para a população indígena.Descrição da experiência: A partir do VER-SUS, acadêmicos das diversas áreas da saúde tiveram a oportunidade de conhecer a realidade da saúde indígena de Dourados-MS. Durante os dez dias de vivência no município, os participantes passaram por unidades de saúde que contemplavam os três níveis de atenção, incluindo na população indígena. A fim de conhecer as particularidades da saúde local e a rede de funcionamento do SUS, os discentes visitaram as aldeias urbanas Bororó I, II e Jaguapirú I, bem como suas respectivas Unidades de Saúde da Família e o Hospital das Missões - o único hospital indígena do Brasil. Os alunos vivenciaram o fluxo, a organização e o processo de trabalho das Redes de Atenção voltada à população indígena. Os discentes observaram, nas aldeias, dilemas sociais marcantes como a dependência química, violência doméstica, deficiência no saneamento básico, más condições de subsistência e dificuldade de compreensão indígena no conceito de prevenção e educação em saúde. Apesar das dificuldades, observou-se também uma forte equipe de profissionais que, mesmo com pouca capacitação para atuar na saúde indígena, com grande empenho consegue desdobrar as enormes dificuldades para manter, promover e recuperar a saúde integral desta população. Impactos: A vivência oportunizou aos envolvidos conhecer uma nova realidade, alertando-os quanto a importância do fortalecimento das políticas públicas voltadas para a população indígena, a necessidade de capacitação para atuar nesta vertente, a construção de novas estratégias afim de reduzir os altos índices de violência, alcoolismo e dependência química desta população, além de evidenciar a importância do trabalho multi e interprofissional. Esta experiência também quebrou paradigmas e preconceitos sociais existentes e possibilitou o aprimoramento do senso comum, do acolhimento e da humanização para esta população.Considerações finais: Tal experiência demonstra a importância deste estágio na formação de futuros profissionais comprometidos com as necessidades do SUS e dos usuários, uma vez que as precariedades de recursos, a demanda populacional e as diversidades socioculturais são obstáculos freqüentes neste percurso. As políticas existentes devem proporcionar saúde de qualidade sem suprimir a cultura e costumes da comunidade indígena.