Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Vivências e Estágios na realidade da Saúde Indígena - Um relato de experiência
Janainny Magalhães Fernandes, Vivian Lidiane da Silva Melo, Juliana Llano, Arianne Tiemi Jyoboji Moraes, Nayara Souza Alves, Regiane Gleisy Feitosa, Monique Macedo Ferraz, Simone Cinthia Ramos Benites

Resumo


Introdução: Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde-VER-SUS é um projeto do Ministério da Saúde junto a Rede Unida que possibilita a aproximação de acadêmicos da área da saúde com o SUS. No estado de Mato Grosso do Sul o programa teve sua primeira edição em fevereiro de 2012 e contou com a participação de acadêmicos em diversos municípios, sendo um deles a cidade de Dourados. Dourados está localizado no sul do estado e possui uma quantidade populacional um pouco maior que 180 mil habitantes e, destes, mais de 13 mil são indígenas. Para atender tal demanda, o SUS conta com serviços em locais estratégicos (aldeias) e direcionados para a população indígena.Descrição da experiência: A partir do VER-SUS, acadêmicos das diversas áreas da saúde tiveram a oportunidade de conhecer a realidade da saúde indígena de Dourados-MS. Durante os dez dias de vivência no município, os participantes passaram por unidades de saúde que contemplavam os três níveis de atenção, incluindo na população indígena. A fim de conhecer as particularidades da saúde local e a rede de funcionamento do SUS, os discentes visitaram as aldeias urbanas Bororó I, II e Jaguapirú I, bem como suas respectivas Unidades de Saúde da Família e o Hospital das Missões - o único hospital indígena do Brasil. Os alunos vivenciaram o fluxo, a organização e o processo de trabalho das Redes de Atenção voltada à população indígena. Os discentes observaram, nas aldeias, dilemas sociais marcantes como a dependência química, violência doméstica, deficiência no saneamento básico, más condições de subsistência e dificuldade de compreensão indígena no conceito de prevenção e educação em saúde. Apesar das dificuldades, observou-se também uma forte equipe de profissionais que, mesmo com pouca capacitação para atuar na saúde indígena, com grande empenho consegue desdobrar as enormes dificuldades para manter, promover e recuperar a saúde integral desta população. Impactos: A vivência oportunizou aos envolvidos conhecer uma nova realidade, alertando-os quanto a importância do fortalecimento das políticas públicas voltadas para a população indígena, a necessidade de capacitação para atuar nesta vertente, a construção de novas estratégias afim de reduzir os altos índices de violência, alcoolismo e dependência química desta população, além de evidenciar a importância do trabalho multi e interprofissional. Esta experiência também quebrou paradigmas e preconceitos sociais existentes e possibilitou o aprimoramento do senso comum, do acolhimento e da humanização para esta população.Considerações finais: Tal experiência demonstra a importância deste estágio na formação de futuros profissionais comprometidos com as necessidades do SUS e dos usuários, uma vez que as precariedades de recursos, a demanda populacional e as diversidades socioculturais são obstáculos freqüentes neste percurso. As políticas existentes devem proporcionar saúde de qualidade sem suprimir a cultura e costumes da comunidade indígena.