Tamanho da fonte: 

Introdução O projeto Feiras de Saúde é um programa interdisciplinar e interinstitucional, que envolve acadêmicos das diversas áreas da saúde. Tem como objetivo geral a promoção de experiências e vivências com promoção e educação em saúde nas comunidades periféricas de maior vulnerabilidade social, na cidade de Juiz de Fora (MG) e em municípios vizinhos. As Feiras de Saúde correspondem a uma das atividades de extensão já consolidadas ao longo de anos, que auxilia na aquisição de habilidades pelos acadêmicos, principalmente nos primeiros anos do curso de graduação. Elas têm como intuito ampliar os laços entre os acadêmicos da área da saúde e a comunidade e estabelecer uma interação precoce do aluno com atividades de atenção à saúde comunitária. O desenvolvimento do trabalho em equipe multidisciplinar apresenta-se como um dos grandes diferenciais deste projeto, uma vez que permite uma relação próxima com as diversas profissões da saúde, colocando os acadêmicos em situações-problemas, em que a capacidade de cooperação e complementação da equipe como um todo é fundamental para o sucesso da tarefa. Além desses aspectos, o desenvolvimento de ações de promoção e educação em saúde são atividades essenciais na formação do profissional almejado às novas demandas, com uma visão mais integralizada do processo saúde – doença, direcionado ao desenvolvimento de um sistema de saúde universal, justo e integral (CASTRO et al, 2010). Possui como objetivos específicos o desenvolvimento de atividades de promoção de saúde, noções de trabalho em equipe multidisciplinar e despertar, no aluno, o interesse pela prática da pesquisa científica. Materiais e Métodos As Feiras de Saúde são realizadas com uma equipe composta de 12 bolsistas remunerados (PROEX/UFJF) e 18 voluntários que totalizam 30 alunos da área de saúde e um Farmacêutico mestrando sob orientação do Professor Dr. João Batista Picinini Teixeira (Coordenador do PROPLAMED/TNC/UFJF). O evento atende em média 500 pessoas a cada realização, as quais podem obter serviços clínicos, preventivos e palestras oferecidas, sendo todas as atividades enquadradas na atenção primária à saúde de forma gratuita. Trata-se de evento itinerante que conta com o apoio de parceiros para o fornecimento de material, na realização de todas as atividades, em comunidades carentes ou em locais de grande fluxo de pessoas, praças públicas, escolas e igrejas, entre outras localidades previamente estabelecidas de forma que atenda o maior número de indivíduos. São instaladas barracas/tendas, estandes e unidades de saúde móvel (ônibus). Os alunos do curso de Medicina responsabilizam-se pelos serviços de medição da pressão arterial e exames de acuidade visual; os acadêmicos da Fisioterapia garantem a avaliação do índice de massa corporal (IMC), medição de cintura pélvica e orientações a respeito de atividades físicas e posturais; os de Odontologia realizam orientações quanto à escovação e higiene bucal, além de promover a conscientização a respeito do câncer de boca e distribuição de quites contendo escova e creme dental a todos os clientes participantes; e são realizados exames de glicemia capilar pelos acadêmicos de Farmácia e Enfermagem. As palestras versam sobre contracepção e hipertensão arterial, câncer de pele e de mama, doenças sexualmente transmissíveis, tabagismo e alcoolismo, planejamento familiar, orientação sobre o uso correto de medicamentos e utilização de plantas medicinais sob a responsabilidade de alunos do curso de Enfermagem, Farmácia e Medicina. Durante todo o evento os alunos realizam a coleta de dados fornecidos pelas pessoas que receberam atendimento, como os referentes à pressão arterial e glicemia capilar. Resultados Através das Feiras de Saúde constatou-se a necessidade e a importância do trabalho multidisciplinar e em equipe com o objetivo de prevenção e orientação da população a respeito de problemas de saúde. No evento realizado na cidade de Ubá- MG, por exemplo, evidenciou-se grande número de indivíduos que apresentaram valores elevados da concentração de glicose sanguínea e de pressão arterial (PA). Foram atendidas 134 pessoas sendo 40,29% do sexo masculino e 59,71% do sexo feminino, destes 64,92% relataram histórico familiar de hipertensão arterial sistêmica; no entanto, 32,83% (40,9% homens e 59% mulheres) apresentaram valores de PA acima de 140 x 90 mmHg, sendo que apenas 23,88% dos pacientes tinham acompanhamento médico. Com relação à concentração de glicose sanguínea, entre os pacientes que relataram estar em jejum de no mínimo de 8 horas, 4,44% apresentaram índices de glicemia acima de 200mg/dl os quais desconheciam tal situação e qual atitude a ser tomada futuramente. Em um segundo trabalho realizado, na cidade de Descoberto-MG, foi constatado um grande número de pessoas com valores de pressão arterial sistêmica acima de 140x90mmHg em diferentes faixas etárias. Assim sendo, percebeu-se a necessidade de acesso à saúde para o diagnóstico, tratamento e até mesmo orientação por parte dos profissionais de saúde para o esclarecimento de dúvidas e prevenção de doenças. Conclusão Por meio deste trabalho o aluno participante se depara com problemas e questionamentos que permitem a aplicação e consolidação de seu conhecimento, além de garantir ampliação de sua bagagem científica e profissional que está sendo adquirida durante o período da graduação. Trata-se de uma Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), que estimula no aluno a capacidade de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de ouvir e aceitar outras opiniões, mesmo contrárias às suas, e induz o aluno a assumir um papel ativo e responsável por seu aprendizado. A metodologia da ABP objetiva, ainda, conscientizar o aluno do que ele sabe e do que precisa aprender e o motiva a buscar as informações relevantes (CYRINO, TORALLES-PEREIRA, 2004; FERREIRA et al, 2010). O presente projeto busca informar e sensibilizar a comunidade quanto à melhoria da qualidade de vida a partir da prevenção, orientando para a mudança de hábitos de vida e diagnosticando precocemente as doenças a fim de tratá-las e curá-las. Com este trabalho pode-se perceber a carência de informações básicas de saúde nas comunidades atendidas, a presença de inúmeros casos de doentes não tratados e a necessidade de uma maior atenção às comunidades mais necessitadas no que diz respeito à prevenção e ao tratamento de doenças crônicas, que poderiam ser evitadas, garantindo qualidade de vida.