Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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MEDIAÇÃO DE APRENDIZAGEM DA 4ª EDIÇÃO DO ESTÁGIO DE VIVÊNCIA NO SUS: um relato de experiência
Laise Falheiros Leme, Mavy Batista Dourado

Resumo


A constituição e implementação do Sistema Único de Saúde, proporcionou a criação de novos cenários e possibilidades que exigem estratégias de formação que tenham como referência os princípios éticos da universalidade, da equidade e da integralidade na assistência. Assim, revela-se a necessidade de se discutir a reorientação da formação em saúde que expresse o atendimento dos interesses públicos no cumprimento das responsabilidades de formação acadêmico-científica, ética e humanista para o exercício profissional (CECCIM, LAURA, FEUERWEKER, 2004). Neste contexto, o “Estágio de Vivência no SUS (EV-SUS): o cotidiano no SUS enquanto princípio educativo” se constitui como uma importante estratégia que permite o estudante experimentar um novo espaço de aprendizagem que é o cotidiano de trabalho das organizações de saúde e os processos de lutas e educação dos setores do campo da saúde. A 4ª edição do Estágio de Vivência no SUS foi construída a partir da articulação entre a Escola Estadual de Saúde Pública Professor Francisco Peixoto Magalhães Netto e estudantes das diferentes graduações da área de saúde do estado da Bahia e tem como objetivos: (1) provocar no estudante o compromisso ético-político no processo de transformação do setor saúde, a partir da reflexão acerca do seu papel enquanto agente construtor e modificador das práticas sociais; (2) estimular discussões relativas à integração entre educação e trabalho na saúde na perspectiva da reorientação das práticas de ensino e de atenção, mediante articulação entre gestores, trabalhadores, usuários, instituições formadoras; e (3) contribuir para o amadurecimento da prática multiprofissional e interdisciplinar. No processo de construção do EV-SUS, enfatiza-se o processo seletivo de estudantes para três modalidades: facilitador, mediador de aprendizagem e estagiário. Pretende-se, por meio deste relato, apresentar as vivências experimentadas, as observações e as reflexões de duas mediadoras de aprendizagem no processo de construção da 4ª Edição do Estágio de Vivência no SUS, que envolveu desde o Curso de Formação de Mediador de Aprendizagem e a imersão do grupo (mediadoras de aprendizagem e estagiários) ocorrida em dezembro de 2011 no município de Lauro de Freitas – Bahia. A inserção das mediadoras de aprendizagem no processo de construção da 4ª Edição do Estágio de Vivência no SUS ocorreu com a participação no Curso de Formação de Mediadores de Aprendizagem oferecido pela Escola Estadual de Saúde Pública Professor Francisco Peixoto Magalhães Netto com o objetivo de capacitar estudantes para contribuir no processo de construção coletiva dos saberes durante o Estágio de Vivência. O Curso de Formação de Mediadores foi composto por oito oficinas, nas quais foram discutidos os eixos norteadores: políticas de saúde e modelos de atenção, financiamento do SUS, níveis de assistência, saúde mental, educação permanente e reorientação da formação em saúde. A participação nesta oficina foi importante, pois serviram para simular o papel do mediador de aprendizagem durante a ocorrência do Estágio através de rodas de conversas, socializações, problematização e mediação de debates. Portanto, é possível considerar o mediador como peça-chave no processo de construção coletiva dos saberes, e assim tornam-se protagonistas na construção na história do SUS na Bahia (FERNANDES et al, 2011). As atividades desenvolvidas durante o Estágio foram estabelecidas mediante um cronograma construído por um representante da Secretaria Municipal de Saúde de Lauro de Freitas e as mediadoras de aprendizagem. As atividades agendadas contemplaram visitas diárias aos serviços de saúde do município nos três níveis de assistências, compreendendo assim desde a Gestão, Atenção Básica através das Unidades de Saúde da Família; serviços ambulatoriais especializados: policlínica, Centro de Atenção Psicossocial, laboratório central, Centro de Controle de Zoonoses, Centro de Especialidades Odontológicas; serviços pré-hospitalares e hospitalares: central de regulação, hospital municipal, unidade de pronto atendimento; departamento de vigilância sanitária e o controle social / participação popular. Após cada visita aos serviços de saúde, havia um momento de socialização das observações e reflexões das situações encontradas. E, neste momento, a mediação de aprendizagem desempenhava um papel fundamental na tentativa de fomentar, mediar e nortear a discussão de maneira que possibilitasse a articulação entre o conhecimento adquirido no curso de graduação de todos os estagiários à realidade encontrada diante as atividades desenvolvidas no estágio, de modo que provocasse uma reflexão crítica acerca do processo de reorientação da formação em saúde. Além das visitas, foram propostas pela mediação de aprendizagem, a realização de dinâmicas em grupos, reprodução de vídeos e atividades lúdicas a fim de discutir outras temáticas tais como: modelos assistenciais, formação em saúde, controle social e opressões sociais. A experiência como Mediadores de Aprendizagem contribuiu, positivamente, para a nossa formação, pois permitiu, a partir das vivências na realidade do SUS, um aprofundamento de aspectos teóricos relacionados às Políticas Públicas de Saúde, Modelos de Atenção à Saúde e Formação em Saúde bem como a articulação na prática. E, também permitiu desempenhar papéis de pró-atividade, acolhimento, criatividade e motivação para o desempenho desta função. Entretanto, reconhecemos que o Estágio de Vivência não é suficiente para sanar os desafios existentes no processo de reorientação da formação em saúde. Portanto, sugerimos a continuidade da construção de estratégias que permitam o diálogo entre os Serviços de Saúde, a Comunidade e as instituições de ensino, de maneira que, a partir da reorientação da formação em saúde, favoreça o fortalecimento da prática multiprofissional e interdisciplinar. Referências: [1] CECCIM, R. B.; FEUERWERKE, L. C. M. O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 14(1): 41- 65, 2004. [2] FERNANDES, A et al. Estagio de vivências no SUS - Bahia: manual do mediador de aprendizagem. 3. ed. rev.ampl. Salvador: SESAB/EESP, 2011, p: 4 – 15