Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Promoção a saúde para hipertensos e diabéticos: uma ação com agentes comunitários de saúde
Luciane Lopes Dalfolo, Cynthia Fontella Sant'Anna, Graziele Lima Dalmolin, Maria Izabel Prato, Kelen Fabiana da Silva, Mário Fernando de Moraes

Resumo


A enfermagem, como uma prática voltada para o cuidado humano, no seu cotidiano, pode deparar-se com um perfil de risco, contribuindo para as doenças crônicas, as quais estão assumindo um papel crescente e preocupante na nossa sociedade, constituindo-se em problemas de saúde pública. Identificado como um dos principais atores no elo entre a atenção primária e os usuários, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) atua fortemente na promoção da saúde, e associado às doenças Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica vistas como patologias emergentes à transição demográfica e epidemiológica atual dos brasileiros, resultante do envelhecimento populacional e dos hábitos de vida. Neste sentido, o Diabetes Mellitus e A Hipertensão Arterial Sistêmica configuram-se, atualmente, como uma epidemia mundial, assim como um desafio para os sistemas de saúde mundiais. O aumento de suas incidências e prevalências tem sido associado às modificações decorrentes da industrialização, da urbanização crescente, do envelhecimento da população e, da adoção de hábitos pouco saudáveis como, por exemplo, sedentarismo, nutrição inadequada e obesidade (BRASIL, 2006). O Diabetes Mellitus é reconhecido como um grupo de doenças metabólicas que se caracterizam por hiperglicemia decorrente de defeitos na secreção e/ou ação da insulina, sendo as principais fontes da glicose circulante no sangue a absorção dos alimentos ingeridos pelo trato gastrointestinal e a formação de glicose pelo fígado a partir das substâncias alimentares (BRUNNER, SUDDARTH, 2005). A Hipertensão Arterial, também conhecida como "pressão alta", relaciona-se com a força que o coração tem que fazer para impulsionar o sangue e transportá-lo para o corpo. No entanto, para ser considerado hipertenso, é preciso que a pressão arterial esteja mais alta do que o normal, permanecendo elevada (BRASIL, 2006). O presente estudo teve como objetivo geral realizar grupo de discussão e informação sobre Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica com agentes comunitários de saúde; e como objetivo específico fortalecer e estimular ações de promoção à saúde a diabéticos e hipertensos por meio dos agentes comunitários de saúde no município de Uruguaiana. Este relato de experiência de acadêmicos de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa – Unipampa, emerge das vivências nas atividades de extensão do projeto intitulado “Promoção a saúde para hipertensos e diabéticos: uma ação com agentes comunitários de saúde”. As atividades de extensão possibilitam aos estudantes a vivência em atividades que demandam um envolvimento de suas partes, não apenas como pessoas que aprendem algo, mas sim como pessoas que vivem algo, envolvendo as dimensões intelectual, emocional e social (ZABALZA, 2004). Estas atividades de extensão podem contribuir na formação dos estudantes da graduação em Enfermagem propiciando a participação da comunidade na atuação da universidade, com vistas ao desenvolvimento de sistemas de parcerias interinstitucionais. Primeiramente, reuniu-se acadêmicos e docentes para elaboração e planejamento das ações, incluindo dinâmicas e aprofundamento teórico dos discentes e, após intervenções educativas com os ACS, abordando temáticas pertinentes à diabetes mellitus e hipertensão arterial e demais patologias que surgiam durante as intervenções, por meio de exposições orais, audiovisual, seguida de discussões. As intervenções contemplam o tripé ensino-pesquisa-extensão, favorecem o aperfeiçoamento da formação e melhor articulação entre teoria e prática, conduzidas nas trocas de experiências e conhecimentos com os ACS que atuam cotidianamente com a população assistida pelas Unidades Básicas de Saúde. A totalidade das atividades foi desenvolvida com prévia discussão e planejamento na coletividade dos participantes, que orienta como organizar a ação proposta, bem como desenvolver a capacidade de trabalhar em grupo. Para o desenvolvimento das atividades e sua organização proporcionou maior integração entre os discentes envolvidos e, destes com os docentes durante o processo de ensino-aprendizagem, como também interação dos discentes e docentes com trabalhadores do município de Uruguaiana, a fim de proporcionar oportunidades de aprendizado mútuo aos participantes. Este processo de ensino-aprendizagem na graduação objetiva produzir uma relação de co-responsabilidade entre os sujeitos envolvidos nesse processo, por meio do desenvolvimento e associação entre as atividades de ensino e extensão que articula acadêmicos, docentes e trabalhadores na produção de diferentes oportunidades de aprendizado conjunto, que auxiliam/favorecem como propulsores à mudança nos modelos de pensar e produzir saúde por meio da troca de saberes acadêmicos e populares. A participação dos ACS foi integral e efetiva, dinamizando a apresentação, facilitando o diálogo e a aproximação com os trabalhadores, pois questionam e relatam vivências. Os encontros foram de aprendizado para ambos os atores, pois tal temática é presente no cotidiano de todos e possui uma incidência crescente na população brasileira, por isso necessita contínua e periódica abordagem, enfatizando que a aprendizagem contínua é fundamental, principalmente, nas áreas de prevenção e promoção a saúde. A atenção básica de saúde é um grande desafio em decorrência das peculiaridades exigidas, como a aproximação das necessidades prioritárias da população e o trabalho em saúde. Portanto, o processo de formação dos ACS merece maior atenção de gestores e profissionais da saúde, diante das atribuições e importância que têm na atenção básica. Investir na qualificação e aperfeiçoamento deste trabalhador é responsabilidade dos serviços e, porque não, das universidades. Por meio das constantes discussões sobre a temática para o planejamento da ação, assim como nos questionamentos durante a realização das atividades de extensão, possibilitaram aos discentes desenvolver aprofundamento teórico; incentivar o pensamento crítico do discente refletindo sobre a realidade local; trabalhar em equipe, por ser essencial no processo de cuidado ao indivíduo/família/comunidade, solicitado na atenção básica; desenvolver prática para postura diante exposição a um grupo informativo; entre outras questões acadêmicas que auxiliam na formação profissional. Este estudo permitiu articulação de ensino e extensão, envolvendo acadêmicos, docentes, enfermeiros e ACS, com a produção de um aprendizado conjunto integrando saberes acadêmicos e populares, o que favorece mudanças de pensar e produzir saúde além de fortalecer ações de promoção à saúde à população. Assim, a exposição desse relato de experiência mostra à comunidade acadêmica a importância que deve ser dada aos ACS, devido seu papel fundamental em suas comunidades e UBS. REFERÊNCIAS BRASIL. Dialogando sobre o Pacto pela Saúde. 2006. disponível em www.saude.gov.br . (acesso em 10 de maio de 2008). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica, n. 16 Diabetes Mellitus. Brasília : Ministério da Saúde, 2006. BRUNNER, L.S.; SUDDARTH, D.S. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 10ªed, 2005. ZABALZA, M.A. O ensino universitário: ser cenário e seus protagonistas. Porto Alegre: Artmed, 2004.