Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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PROMOÇÃO DA SAÚDE A PARTIR DE TRABALHOS PEDAGÓGICOS COM ÊNFASE NA GESTÃO PARTICIPATIVA E EDUCAÇÃO POPULAR
Kelly Oliveira Alves, Amanda Amaiy Pessoa, Amanda França, Ariany Dágma, Isabelle Coutinho Andrade, Nayara Gomes Cavalcante, Tatiana Pontes Silva, Pedro José Cruz

Resumo


Introdução O Projeto de extensão “Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde” (PINAB), vinculado ao Departamento de Nutrição/UFPB, atua há quatro anos em parceria com as comunidades Boa Esperança, Pedra Branca e Jardim Itabaiana, no bairro Cristo Redentor, João Pessoa-PB, desenvolvendo ações de Promoção da Saúde com ênfase na Gestão Participativa da Saúde na perspectiva do referencial teórico-metodológico da Educação Popular. Dentre as ações desenvolvidas pelos três grupos operativos deste Projeto, destaca-se o grupo “Saúde na Comunidade”, que surgiu devido à necessidade que o Projeto sentiu de conhecer de modo mais profundo a história de vida dos grupos e dos sujeitos das comunidades, além de criar espaços sistemáticos de escuta comunitária e de participação popular local. As atividades do grupo acontecem na comunidade há três anos, e atualmente são realizadas quinzenalmente com as mulheres da comunidade, em parceria com educadores populares comunitários, Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) da Unidade de Saúde da Família (USF) Vila Saúde e os extensionistas do PINAB. Desenvolvimento O “Saúde na Comunidade” consiste em uma construção coletiva, no qual todos são protagonistas das atividades, na medida que participam da decisão dos temas debatidos, dos problemas enfocados e das dinâmicas de discussão empreendidas. Tudo isto possibilitado por procedimentos pedagógicos com ênfase na escuta compartilhada e no incentivo a capacidade crítica e criativa dos sujeitos do grupo. A cada semestre, o início das atividades do grupo é marcado pela escolha, por parte dos comunitários, dos temas a serem discutidos, os quais passam então a ser desenvolvidos em reuniões temáticas, de caráter pedagógico, considerando-se o contexto socioeconômico e cultural da população e dando voz às diversidades encontrada no grupo. Para o desenvolvimento dos encontros destaca-se como estratégia central a horizontalidade entre os participantes, o diálogo, à escuta, humanização, problematização e valorização dos saberes dos sujeitos e de sua cultura. A metodologia utilizada nas atividades do grupo engloba a utilização de dinâmicas coletivas, esquetes, vídeos, músicas, cartazes educativos, e práticas culinárias. Os encontros são realizados através de rodas de conversa com ênfase no cotidiano comunitário, onde decorrem diálogos a partir das experiências vivenciadas por cada pessoa e pelos movimentos sociais locais, permitindo-se através das ações trocas mútuas de saberes e aprendizados prazerosos, visando não só a valorização da informação da temática abordada, mas o benefício que cada experiência compartilhada trará para o cotidiano dos protagonistas do grupo, proporcionando mudanças pessoais e coletivas que influenciarão tanto no contexto social como cultural de cada um. No âmbito acadêmico acredita-se que essa realização repercutiu incentivando o estudante a compreender a realidade social das classes populares, entendendo as inquietações da comunidade na busca de uma melhor qualidade de vida, valorizando, sua percepção sobre “o fazer saúde”, o saber popular, a escuta e seus interesses. O grupo “Saúde na Comunidade” busca ser um espaço de enunciação e acolhimento onde os saberes e valores que os participantes trazem consigo são considerados e se organizam na luta pela garantia de seu direito à saúde. Esses participantes não só dizem respeito aos moradores e usuários da rede de saúde, mas também se tenta chegar aos profissionais da área de saúde que assim como a população sofrem com os problemas encontrados na sua área de atuação, onde também se almeja chegar aos gestores municipais e estaduais, levando aos mesmos através da gestão participativa da USF na comunidade o reconhecimento dos seus maiores problemas, com o intuito que haja conscientização por parte dessas autoridades responsáveis e através da sensibilização dos problemas expostos, adotem um plano de metas para proporcionar melhores oportunidades e condições de saúde tanto a população como aos profissionais responsáveis por promovê-la. Desse modo o grupo busca estimular o senso crítico e político, contribuindo para o fortalecimento da participação cidadã nos espaços de decisão comunitária, fortalecendo o entendimento de Gestão Participativa como uma prática perene nas realizações cotidianas de saúde no local, cristalizada em atitudes como a criação de espaços permanentes para identificação coletiva dos principais problemas que afligem a comunidade e as potenciais perspectivas de resposta e encaminhamentos de intervenção. Conclusões O PINAB é hoje referência da extensão em Nutrição da UFPB, por estar contribuindo processualmente com a concretização de ações marcadas de modo contundente pela humanização em saúde e pela promoção de ações visando o fomento a participação popular e a garantia dos direitos e deveres de todos os cidadãos. Esta vivência nos permite afirmar o real potencial da Educação Popular que tem se desenvolvido na perspectiva de um processo de organização dos saberes, práticas, processos de formação de atores para a saúde e de novas relações entre população e serviços. Esse tipo de educação se preocupa não só em transmitir conhecimento, mas também em construir espaços de interação cultural, como os movimentos sociais, com conversas baseadas na discussão aberta que busca solução para um determinado problema social, respeitando os interesses e as singularidades de cada um e ainda que priorize a qualidade de vida e de saúde como parte fundamental da equidade. Dessa forma, atua como norteadora no processo de encaminhamento dos estudantes de Nutrição para as práticas nos serviços de saúde, nos fazendo acreditar que o cuidado com a saúde está além do “curar”, no qual podemos compreender que através da mesma criamos um cenário cheio de privilégios que não se tem como prioridade os conteúdos a serem transmitidos, mais a troca mútua de conhecimentos entre os membros que integram o grupo. É nesse momento de trocas que percebemos a importância da cultura popular, cultura essa que nos possibilita novas inspirações teóricas que serão como um dispositivo para a promoção da saúde por meio da gestão participativa, e dessa forma, incentivar o diálogo compartilhado, buscando discussões críticas que nos façam entender nossos direitos e deveres. Além disso, experiências como essas para as extensionistas são ricas em aprendizados que não são adquiridos na sala de aula e que nos permite mudar conceitos, atitudes e nos tornarmos profissionais promotores de uma saúde mais digna, lutando por interesses que visem o censo comum dentro do contexto da realidade diária que não apenas deve ser compreendido, mas também questionado e muitas vezes transformado. Promover a saúde faz com que possamos colocar cada vez mais um tijolo nessa grande construção que é a nossa sociedade e para que nos sintamos pelo menos com um pouco da sensação do dever cumprido, como agentes do meio que somos dessa grande construção.