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A educação constitui a base de toda a formação e organização humana, e os instrumentos usados durante este processo são de extrema importância. Com o crescimento da tecnologia no mundo, a educação vem sofrendo alterações em sua didática, através da utilização de uma variedade de recursos com o intuito de atrair a atenção dos educandos e incentivar o interesse pela temática abordada (SILVEIRA et al, 2009). A partir dessa visão de mundo globalizado e comunicativo, essas mudanças constantes na história da didática educativa vêm como meio para alcançar uma aprendizagem diferenciada. Essa adaptação das práticas de ensino visa melhorar a qualidade do mesmo, explorando a aplicação de imagens, movimentos, musicas e artes. Os professores estão notando essas mudanças na educação e percebem a necessidade de buscar meios para tornar a aprendizagem mais prazerosa e os filmes vem sendo usados como um desses recursos (CARMO, 2003). O cinema veio sofrendo alterações ao longo das décadas e hoje tornou-se um recurso audiovisual que pode ser implantado em sala de aula com a função pedagógica, dando mais motivação ao estudante para interessar-se pelo temas propostos e analisá-los de forma diferenciada, valorizando questões sociais, psicológicas e espirituais, muito abordadas nos filmes, ele se tornou um meio de circulação do conhecimento. Desde o início da difusão do ‘cinema como diversão’, os filmes foram sendo utilizados também como material didático, particularmente no ensino de ciências (OLIVEIRA, 2006), sendo uma ferramenta que se constitui numa forma criativa de aprendizado em saúde à medida que desperta o interesse dos estudantes por temas contidos em suas histórias. O filme promove o uso da percepção, uma atividade cognitiva que desenvolve estratégias de exploração, busca de informação e estabelece relações. Os vídeos ajudam a ilustrar os temas que se deseja trabalhar, tendo em vista que a imagem tem uma capacidade de convencimento maior que as palavras, pois elas simulam a realidade facilitando a reflexão e discussão do assunto abordado no filme (MORAN, 1995). Por meio deles a história é contada não apenas por palavras, mas também sons e imagens que colaboram para despertar a emoção do espectador. O cinema é útil para educar a afetividade do estudante, o que requer estratégias inovadoras, novos recursos que vão ao encontro das necessidades do estudante (BLASCO et al, 2005). O cinema empresta ao aluno sua força comunicativa e por meio dele consegue exprimir realidades que com palavras não conseguiria tornar transparentes. A cultura discursiva e lógica, com a qual o aluno tem pouca familiaridade, é substituída pela cultura da imagem e da emoção. O projeto de extensão “A Vida Pintando na Telinha: Expondo Vídeos e Discutindo Saúde”, vinculado ao programa de extensão “Vida, ciência e arte: inovação e criatividade no processo de formação em saúde” foi iniciado em 2007 e encontra-se devidamente registrado no Siex Brasil. É desenvolvido no Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo, e tem como objetivos debater temas ligados à saúde, desenvolvendo a sensibilidade e percepção de estudantes, profissionais de saúde e da comunidade. Estimula as discussões e reflexões ao debater relacionados à saúde, por meio da exibição de filmes, com intuito de utilizar esta estratégia de ensino de forma que ela possibilite um maior interesse e participação do estudante na temática a ser discutida, bem como estabelecer o processo de ensinar e aprender a partir de uma atividade de entretenimento e lazer. O projeto é direcionado a estudantes e professores dos cursos de enfermagem, farmácia, medicina, nutrição, terapia ocupacional, odontologia, fisioterapia, e também a profissionais de saúde do hospital universitário e das unidades de saúde que são campo de estágio para os estudantes. As atividades do projeto contribuem para uma maior aproximação dos estudantes dos cursos de saúde, profissionais de saúde, docentes e comunidade no debate de temas relevantes no cuidado humano em saúde utilizando os filmes como recurso didático. As sessões ocorrem mensalmente sendo que é um dos poucos espaços no Centro de Ciências da Saúde (CCS) que reúne estudantes de diversos cursos para discussões de assuntos sobre saúde. O processo de divulgação é realizado com banners e cartazes com informações sobre data, horário e local de exposição dos filmes. As sessões são realizadas mensalmente no CCS e também em outros espaços comunitários como unidades de saúde, hospital universitário e escolas. São selecionados filmes relacionados à saúde e são convidados debatedores que coordenam as discussões dos temas propostos pelos filmes e estimulam a participação dos presentes no debate. Após a realização de quatro anos do projeto constata-se a diversidade temática que esse recurso possibilita, bem como as discussões profundas aliadas ao lazer e aprendizado. Neste período foram abordados temas ligados à saúde mental, álcool e outras drogas, saúde do trabalhador, políticas de saúde, violência contra a criança e adolescente, enfrentamento da doença, bioética, relacionamento entre profissionais de saúde e usuários, entre outros. As experiências vivenciadas por meio do projeto abriram espaço para discussões nem sempre presentes nos espaços formais de aprendizado. Os filmes são uma fonte importante de conhecimento da realidade, porque ajudam a recriá-la por meio de suas histórias. São pouco explorados no processo de formação em saúde, que frequentemente focam seus processos pedagógicos em aulas expositivas que nem sempre despertam o interesse dos estudantes. A arte é um importante recurso no processo de aprendizado sendo que sua utilização nem sempre é explorada em sala de aula. As experiências do projeto revelam que filmes são um recurso poderoso na abordagem de temas complexos e permitem a discussão partilhada de diversas opiniões em relação aos temas abordados. Pode ser mais amplamente utilizada na formação dos profissionais de saúde para desenvolver o senso crítico e a percepção de uma atenção à saúde mais sensível e humanizada. Nesse sentido, recomendamos a utilização de filmes nas discussões de temas de interesse à saúde durante o processo de formação.