Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Relato de experiência da implantação, processo e condições de trabalho do Núcleo de Apoio a Saúde da Família do município de Barreiras/BA
Alan Jesus Jonh

Resumo


Caracterização do problema: O NASF Núcleo de Apoio a Saúde da Família foi criado no ano de 2008 tendo como atribuição principal o matriciamento as Equipes de Saúde da Família da (EqSF). Apoio que visa ampliação das ações e do escopo da Atenção Primária e auxiliar na implementação da (ESF) Estratégia de Saúde da Família através do compartilhamento de campos diversos de saber e do incentivo a incorporação de novas ferramentas de cuidado. Todavia devido ao curto período de sua implantação e da existência de diversas contradições relativas a condições e processo de trabalho, observa-se que trabalhadores e gestores tem pela frente um imenso desafio de reflexão e qualificação de suas prática para cumprimento de suas atribuições. A história do NASF/Barreiras segundo documentos oficiais do Conselho Municipal de saúde indica que sua criação se deu em meio a críticas da equipe de auditoria da SESAB – Secretária de Saúde da Bahia que chamava a atenção para o fato do município possuir uma cobertura de apenas 27%%, apresentando como porta principal de entrada o serviço hospitalar e esta implantando uma equipe de NASF. Município que no período de implantação do NASF possuía 12 EqSF e 09 unidades básicas de saúde atualmente possui 18 EqSF e 12 unidades básicas de saúde da família que em sua grande maioria tem como atividades centrais as ações curativas em detrimento da promoção e prevenção. As principais enfermidades que atingem a população são: hipertensão, diabetes, doenças e transtornos mentais, dependência ao uso de álcool e outras drogas e as enfermidades mais ligadas à baixa cobertura de saneamento, e a vulnerabilidade econômica, social e educacional da população. Descrição da experiência: O processo inicial de trabalho da equipe NASF foi direcionado a leitura e estudos de documentos oficiais que atribuíam suas diretrizes. Logo em seguida a equipe passou a tarefa de elaboração de agenda de serviços, de projetos pilotos a serem apresentados as EqSF e a realização de uma oficina de capacitação das equipes problematizando o conceito de saúde/doença, as diferenças entre promoção, prevenção e recuperação , a relação interpessoal do trabalho em saúde e os diferentes modelos de agenda de equipe. As discussões sobre agenda deram origem a um modelo de representação/organização do processo de trabalho diário (agenda) consolidada por três instrumentos: um calendário anual onde se anotam todos os compromissos fixos (reunião de equipe e atividade de grupo e oficina de capacitação) para os meses futuros; um grande calendário mensal onde se agendam todos os compromissos da equipe naquele mês, e um livro de ocorrência onde a equipe descreve com riqueza de detalhes todas as ações e eventos ocorridos a cada dia. Vale ressaltar, que a partir desta primeira oficina foi possível observar que a grande maioria dos profissionais possuía (possue) um conceito de saúde/doença fragmentado, estático, biologizante, e unicausal (dentre eles os profissionais de nível superior), além de não apresentar clareza quanto aos conceitos de promoção da saúde e prevenção das doenças o que foi debatido e problematizado, fazendo-se referência a importância desses conceitos para atuação e definição das ações a serem desenvolvidas. Na oportunidade, ainda foram discutidos os pontos positivos e os limites da realização das ações de promoção da saúde e prevenção da doença, relacionando à discussão da centralidade das ações de recuperação atribuídas no fazer saúde das equipes. A partir destes pressupostos e com base nas próprias características de formação de seus membros a equipe NASF passou a definir o apoio a incorporação de novas ferramentas às EqSF consequentemente a ampliação das ações de promoção da saúde e prevenção das enfermidades como objetivo central de seu processo de trabalho. Passando a entender o NASF (tomando como categoria de análise o par dialético realidade/possibilidade) enquanto um terreno de disputas de projetos (realidade) e enquanto força de construção de um modelo alternativo para o SUS (possibilidade). Processo de trabalho que recebeu importantes contribuições da FIT - Formação Inicial dos trabalhadores implantado pela Fundação Estatal de Saúde da Família. Mecanismo de formação permanente que envolve atividades presenciais e a distância e propõe-se a apoiar cada trabalhador e equipe na organização e qualificação de seu trabalho. Além da FIT merecem destaque no plano de ação apoio da FESF: A Praça Virtual, o papel desempenhado pelos Apoiadores, o Prêmio por Inovação e Qualidade e o incentivo a implementação dos princípios do SUS. A praça virtual é um espaço público (virtual) de troca de experiências, saberes, angústia e diálogo entre os diversos trabalhadores. A lógica de acompanhamento regional as demandas e necessidades das equipes a partir de apoiadores é um importante mecanismo de incentivo a qualificação do processo de trabalho das mesmas e de gestores. O prêmio por Inovação e Qualidade - diz respeito ao incentivo pago semestralmente aos trabalhadores de carreira da FESF pelo desenvolvimento/e aplicação de projetos inovadores na área de saúde da família. Outro marco importante neste processo é o apoio a implementação dos princípios do SUS realizado através da socialização de textos, dos momentos de Educação Permanente e da interlocução com apoiadores e tutores. Efeitos alcançados: A produção e leitura do referido estudo nos da possibilidade de refletir sobre os princípios apontados pelas formulações do Caderno de Atenção Básica nº 27 para o desempenho das ações do NASF no momento inicial de implantação. Abordando o dilema de organização da agenda, da consolidação de instrumentos e ferramentas iniciais dispensados para estabelecimento do contato e reconhecimento das equipes e territórios a serem apoiados. Além de problematizar a relação da formação profissional em saúde com a definição do modelo de atenção dos NASF e as dificuldades enfrentadas diante do fato da maioria das EqSF não pautarem suas atuações nos princípios da ESF. Dentre as ações de contribuição do NASF/Barreiras para mudança do modelo de atenção das EqSF destacam-se: as atividades de educação permanente na realização das reuniões de equipe, nas oficinas de capacitação; o incentivo a implantação de atividades de grupo (inexistentes até então) em quase todas USF ( grupo de gestantes , hipertensos e diabéticos); realização de atividade de promoção da saúde da pessoa idosa e da criança em unidades sobre sua cobertura além da ações de articulação de outros setores. Recomendações: Por fim, o trabalho enfatiza a importância da definição da ampliação da clinica, das ações de educação permanente, e do incentivo a adoção das tecnologias leves, consequentemente a mudança do modelo de atenção em saúde enquanto função central das Equipes NASF.