Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Sistematização da Assistência de Enfermagem ao Paciente de Saúde Mental e sua Interação com a Família: Processos Familiares Interrompidos
Lais Macedo Angelo

Resumo


A atenção em saúde mental continua em transformação, não sendo dada como acabada, pronta, mas em construção de novas formas de assistência. A reforma psiquiátrica no Brasil vem mostrando-se com diferentes adesões e compreensão por profissionais e a sociedade. Referida como desospitalização, reflete de forma negativa sobre a família, pois é nesta que se dá a realidade cotidiana do cuidado ao doente mental. Na literatura brasileira sobre saúde mental, os autores freqüentemente se referem à necessidade de assistência à família do doente mental como parte do tratamento. No entanto, buscou-se com este estudo identificar qual a importância deste processo para o enfrentamento familiar na saúde mental e sua contextualização quanto aos profissionais de enfermagem. Para sistematizar a assistência de enfermagem é necessário haver um marco conceitual que fundamente a organização que o serviço almeja alcançar. Segundo Ferreira (1975);sistematizar é tornar coerente com determinada linha de pensamento, e entre as linhas de pensamento que podem ser utilizadas na enfermagem propomos o uso das teorias de enfermagem, uma vez que foram escritas a partir de vivências da prática profissional, retratando desse modo as ações realizadas pelos enfermeiros e determinando como esses profissionais devem agir.O enfermeiro deverá ter capacidade de análise, julgamento, síntese, percepção ao interpretar elementos caracterizadores nos Processos Familiares Interrompidos que tem como, por exemplo, alteração do estado de saúde de um membro da família, mudanças na disponibilidade para apoio emocional, mudanças na participação na resolução de problemas. A participação ativa de pacientes e famílias na promoção da saúde sustenta a idéia de que esse tipo de intervenção é necessário. “ A família desempenha um papel central na vida do paciente e é uma parte importante do contexto de sua vida. É dentro das famílias que as pessoas crescem, são nutridas, adquirem uma sensação de si próprias, desenvolvem as crenças e os valores a respeito da vida e progridem pelos estágios de desenvolvimento da vida. As famílias também são a primeira fonte para a socialização e o ensino sobre a saúde e a doença...; ( BRUNNER, 2009 ). Sendo reconhecido no contexto atual da saúde o bem-estar como ponto de partida para a melhoria das condições a que está submetida. Porém mudanças no entendimento quanto à doença mental e incapacidade se tornam urgentes frente o acolhimento da proposta de reabilitação psicossocial e atenção integral para todos os membros da família. A realização da assistência de enfermagem deve ser embasada em uma ideologia de cidadania. Entende-se também que as intervenções de enfermagem precisam estar norteadas por estratégias em educação em saúde que atinjam diretamente a saúde da família do sujeito em sofrimento psíquico. A partir disto o devido estudo tem como objetivo identificar e analisar elementos dos processos familiares interrompidos na Oficina de Grupo de Família oferecida aos familiares dos pacientes no Caps Profeta Gentileza. A prática contemporânea da enfermagem psiquiátrica ocorre em um contexto social e ambiental. Utiliza o conhecimento oriundo da psicossociologia e da biosíca e as teorias da personalidade e do comportamento humano para extrair uma estrutura teórica na qual se fundamenta a prática de enfermagem. Entretanto este processo de enfermagem é fundamentado em todas as ações significativas empreendidas pelas enfermeiras no fornecimento de cuidados de saúde mental para todos os pacientes e seus familiares. Em que fatores como a análise da estrutura familiar, suas responsabilidades, normas e valores; a exploração das atitudes da família para com o membro mentalmente doente; identificação da compreensão que a família tem do problema do paciente e do seu plano de tratamento; identificação dos suportes sociais disponíveis para a família, incluindo a família ampliada, os amigos, o suporte financeiro, o envolvimento religioso e os contatos com a comunidade (STUART G, LARAIA M, 2002). São essenciais para que as intervenções possam ser assistidas dentro de uma sistematização com objetivo humanitário e de qualidade. Logo, isto aumenta a responsabilidade do profissional quanto aos cuidados prestados e exige um saber científico tão mais aprofundado quanto específico (TANNURE, GONÇALVES,2009). Além de sua interação com o saber popular o que demonstra uma posição consolidada a favor da perspectiva interdisciplinar. Em busca de caminhos e maneiras que tornem menos tortuoso o lidar com a loucura em uma abordagem mais ampla de cuidado em saúde para a família e o paciente. Contudo, novas formas de interação com o cliente e o familiar constituem um desafio para os profissionais de enfermagem que se encontravam ainda muito isolados e timidamente colocados nesta discussão. Dos novos dispositivos assistenciais do tipo psicossocial como,CAPS, a enfermagem passa a assumir uma nova postura, voltando-se para questões de relacionamento com o paciente e sua família, ambiente terapêutico e inclusão social (TAVARES,C.M.M.,2005). Assim como está ainda pode ser visualizada como auxiliar de processos diagnósticos e de tratamento individuais ou então é avaliada como um problema que deve ser transformado em objeto terapêutico. Portanto, quanto aos profissionais de enfermagem que atuam nos serviços de saúde mental manter-se atualizados quanto às novas propostas de atuação frente à família é importante visto que estes foram banidos da assistência na constituição da psiquiatria. Entretanto, ampliar as formas de intervenções da enfermagem implica “aprender sobre a família” buscando também informações em outras áreas de conhecimento, identificando, assistindo as reais necessidades das famílias nos serviços de forma a tornar o papel do enfermeiro psiquiátrico concreto e contribuinte para um trabalho multiprofissional. (MORENO V.,2010) Encontrando na sua prática profissional cuidados que integrem os aspectos biopsicossociais do indivíduo familiar na avaliação, no planejamento e na implementação das intervenções. Compreender a importância das forças sociais e culturais, reconhece a excepcionalidade desses aspectos, e incorpora a informação sociocultural dentro dos cuidados de enfermagem psiquiátrica. (STUART G, LARAIA M, 2002)