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Socializar informações para garantir direitos
Resumo
Caracterização do problemaO processo de ensino-aprendizagem materializado por meio do estágio supervisionado se constitui um relevante espaço de construção e socialização de conhecimentos, bem como potencializa ações que visem responder a demandas presentes nos campos de estágio. O presente relato insere-se nesse contexto, consistindo numa experiência vivenciada por estagiários/as de Serviço Social sob supervisão de docentes da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e de assistentes sociais da Unidade de Pronto Atendimento Dr. Tarcísio de Vasconcelos Maia (UPA), em Mossoró-RN.É relevante evidenciar que a UPA integra a rede de serviços públicos de saúde, realizando atendimentos de urgência e emergência 24h, com assistência de complexidade intermediária entre as unidades básicas e os hospitais de urgência, em conformidade com as orientações e normatizações do Ministério da Saúde. Um dos programas efetivados nesta instituição trata-se do “Humaniza SUS”, no qual se insere o Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco (AACR), implantado na unidade em março de 2010, sendo realizado por uma equipe composta por um/a enfermeiro/a, um/a técnico/a de enfermagem e uma assistente social. A classificação de risco é feita a partir de uma avaliação preliminar da condição de saúde-adoecimento dos/as usuários/as para identificar sua gravidade e priorizar o atendimento conforme a intensidade do risco. Assim, os níveis de risco são representados com cores vermelha (emergência), amarela (urgência), verde (urgência de gravidade mais moderada) e azul (atendimento ambulatorial). Nesta situação, por ser de complexidade da Atenção Básica, o/a usuário/a será encaminhado/a para a UBS da sua área de residência, por meio de contato com a unidade para viabilização do agendamento e garantia do atendimento. Não sendo possível o agendamento ou se o/a usuário/a solicitar a assistência na UPA, este/a será esclarecido/a acerca do tempo de espera (até 3 horas) e deverá aguardar seu atendimento. Destarte, o funcionamento do AACR e sua potencialidade para humanizar/qualificar a assistência, depende do funcionamento dos demais níveis de atenção do SUS e da articulação entre os serviços. Em meio à dinâmica de atendimento, constamos que a população tem dificuldade de compreender o porquê da classificação de risco, por desconhecer as competências de cada unidade de saúde diante do perfil de atendimento de cada uma delas, como também o desconhecimento em grande parte dos seus direitos enquanto usuários/as do SUS e como fazer para garanti-los. Tal situação nos despertou o interesse de contribuir para a mudança dessa realidade, plantando sementes que possam dar frutos no terreno da educação em saúde.Descrição da experiênciaDadas as apreensões do processo de estágio, elaboramos o projeto de intervenção intitulado “Socializar Informações para Garantir Direitos” o qual abrangeu a produção do vídeo educativo “Saúde: O que temos? O que queremos?” e da cartilha “Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco”. Tal projeto objetivou esclarecer os/as usuários/as sobre a dinâmica do acolhimento, divulgar os serviços públicos de saúde existentes em Mossoró-RN e a forma como estes funcionam, assim como difundir o reconhecimento da saúde como um direito e do processo saúde-doença como resultante tanto de fatores biológicos como das condições de vida e trabalho. Inicialmente, elaboramos um roteiro preliminar do vídeo, passando por várias revisões até sua finalização. Em seguida, mediante consentimento da administração da UPA, providenciamos as filmagens na referida unidade, com a participação de um médico, um maqueiro, três assistentes sociais e dois usuários. Empenhamos-nos em usar uma linguagem de fácil compreensão e que interagisse com os sujeitos quando assistissem ao vídeo, utilizando depoimentos, fotografias e fantoches. No encerramento do vídeo, incluímos uma paródia, gravada com a colaboração de um músico que também produziu melodias inseridas na abertura do vídeo e como fundo musical.As filmagens, a edição e algumas locuções foram realizadas por técnicos do Departamento de Comunicação da UERN. Mesmo contando com o apoio de profissionais, por tratar-se de uma produção de nível amador, primeira experiência de muitos/as dos/as envolvidos/as, surgiram dificuldades decorrentes do desconhecimento das técnicas de manejo dos fantoches e inexperiência diante das câmeras. Para a cartilha, o roteiro do vídeo foi adaptado ao formato de história em quadrinhos e foram desenhados personagens e planos de fundo, possibilitando um conteúdo colorido e criativo. A busca de produzir um texto breve, claro e de conteúdo abrangente e instigante, exigiu várias reformulações e grande esforço direcionado ao designer da cartilha. Finalizados o vídeo e a cartilha, solicitamos à Gerência Executiva de Saúde de Mossoró a reprodução das cartilhas e dos DVD’s e o envio destes às unidades básicas de saúde do município. O passo seguinte foi realizar um evento para divulgação do material educativo produzido, no qual estiveram presentes assistentes sociais e gerentes de unidades de saúde, além de representantes da Faculdade de Serviço Social, da Gerência Executiva da Saúde e do Conselho Regional de Serviço Social/Seccional de Mossoró. Na ocasião, houve palestra sobre Educação em Saúde, ministrada pela assistente social da UPA, Liduina Felipe, seguida da apresentação dos instrumentos, distribuição da cartilha e exibição do vídeo, o que motivou um debate acerca da educação em saúde e da própria organização da rede de serviços de saúde no município.Diante da experiência vivenciada, ressaltamos a importância da educação em saúde para propiciar a socialização de informações e a produção coletiva de conhecimentos e de práticas que potencializem melhores condições de saúde para a população, contribuindo para a construção de sujeitos autônomos e de direitos.Efeitos alcançadosA efetivação deste projeto contribuiu para incrementar o acervo de recursos potencializadores das ações de educação em saúde realizadas pelos/as profissionais que atuam na rede de serviços de saúde de Mossoró-RN, dando-se ênfase para a particularidade de apresentar aspectos da realidade local. Além disso, as ações realizadas foram significativas para a formação profissional dos diversos sujeitos que protagonizaram esta experiência, propiciando a capacitação no campo da instrumentalidade, que consiste num dos aspectos fundamentais na atuação dos/as assistentes sociais.RecomendaçõesNa expectativa de fortalecer a educação em saúde, recomendamos a implementação de outras iniciativas que venham potencializar as ações socioeducativas, tais como: a utilização de e-mails e redes sociais, a produção de vídeos, cartilhas, exposições, esquetes teatrais, curtas metragens, folders e cartazes, enfocando temas e situações vinculadas às realidades de saúde vivenciadas em suas particularidades locais e contextos socioculturais de cada município.