Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Socializar informações para garantir direitos
Iana Vasconcelos Moreira Rosado, Eciran Targino de Macedo, Lúcia Helena Dantas Martins, Liduina Felipe de Mendonça Fernandes, Gláucia Helena Araújo Russo, Felipe dos Santos Galvão, Helaine Stefanny de Souza Evangelista, Cristiane Lima Farias, Bruna Kellen Gonçalves Freire

Resumo


Caracterização do problemaO processo de ensino-aprendizagem materializado por meio do estágio supervisionado se constitui um relevante espaço de construção e socialização de conhecimentos, bem como potencializa ações que visem responder a demandas presentes nos campos de estágio. O presente relato insere-se nesse contexto, consistindo numa experiência vivenciada por estagiários/as de Serviço Social sob supervisão de docentes da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e de assistentes sociais da Unidade de Pronto Atendimento Dr. Tarcísio de Vasconcelos Maia (UPA), em Mossoró-RN.É relevante evidenciar que a UPA integra a rede de serviços públicos de saúde, realizando atendimentos de urgência e emergência 24h, com assistência de complexidade intermediária entre as unidades básicas e os hospitais de urgência, em conformidade com as orientações e normatizações do Ministério da Saúde. Um dos programas efetivados nesta instituição trata-se do “Humaniza SUS”, no qual se insere o Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco (AACR), implantado na unidade em março de 2010, sendo realizado por uma equipe composta por um/a enfermeiro/a, um/a técnico/a de enfermagem e uma assistente social. A classificação de risco é feita a partir de uma avaliação preliminar da condição de saúde-adoecimento dos/as usuários/as para identificar sua gravidade e priorizar o atendimento conforme a intensidade do risco. Assim, os níveis de risco são representados com cores vermelha (emergência), amarela (urgência), verde (urgência de gravidade mais moderada) e azul (atendimento ambulatorial). Nesta situação, por ser de complexidade da Atenção Básica, o/a usuário/a será encaminhado/a para a UBS da sua área de residência, por meio de contato com a unidade para viabilização do agendamento e garantia do atendimento. Não sendo possível o agendamento ou se o/a usuário/a solicitar a assistência na UPA, este/a será esclarecido/a acerca do tempo de espera (até 3 horas) e deverá aguardar seu atendimento. Destarte, o funcionamento do AACR e sua potencialidade para humanizar/qualificar a assistência, depende do funcionamento dos demais níveis de atenção do SUS e da articulação entre os serviços. Em meio à dinâmica de atendimento, constamos que a população tem dificuldade de compreender o porquê da classificação de risco, por desconhecer as competências de cada unidade de saúde diante do perfil de atendimento de cada uma delas, como também o desconhecimento em grande parte dos seus direitos enquanto usuários/as do SUS e como fazer para garanti-los. Tal situação nos despertou o interesse de contribuir para a mudança dessa realidade, plantando sementes que possam dar frutos no terreno da educação em saúde.Descrição da experiênciaDadas as apreensões do processo de estágio, elaboramos o projeto de intervenção intitulado “Socializar Informações para Garantir Direitos” o qual abrangeu a produção do vídeo educativo “Saúde: O que temos? O que queremos?” e da cartilha “Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco”. Tal projeto objetivou esclarecer os/as usuários/as sobre a dinâmica do acolhimento, divulgar os serviços públicos de saúde existentes em Mossoró-RN e a forma como estes funcionam, assim como difundir o reconhecimento da saúde como um direito e do processo saúde-doença como resultante tanto de fatores biológicos como das condições de vida e trabalho. Inicialmente, elaboramos um roteiro preliminar do vídeo, passando por várias revisões até sua finalização. Em seguida, mediante consentimento da administração da UPA, providenciamos as filmagens na referida unidade, com a participação de um médico, um maqueiro, três assistentes sociais e dois usuários. Empenhamos-nos em usar uma linguagem de fácil compreensão e que interagisse com os sujeitos quando assistissem ao vídeo, utilizando depoimentos, fotografias e fantoches. No encerramento do vídeo, incluímos uma paródia, gravada com a colaboração de um músico que também produziu melodias inseridas na abertura do vídeo e como fundo musical.As filmagens, a edição e algumas locuções foram realizadas por técnicos do Departamento de Comunicação da UERN. Mesmo contando com o apoio de profissionais, por tratar-se de uma produção de nível amador, primeira experiência de muitos/as dos/as envolvidos/as, surgiram dificuldades decorrentes do desconhecimento das técnicas de manejo dos fantoches e inexperiência diante das câmeras. Para a cartilha, o roteiro do vídeo foi adaptado ao formato de história em quadrinhos e foram desenhados personagens e planos de fundo, possibilitando um conteúdo colorido e criativo. A busca de produzir um texto breve, claro e de conteúdo abrangente e instigante, exigiu várias reformulações e grande esforço direcionado ao designer da cartilha. Finalizados o vídeo e a cartilha, solicitamos à Gerência Executiva de Saúde de Mossoró a reprodução das cartilhas e dos DVD’s e o envio destes às unidades básicas de saúde do município. O passo seguinte foi realizar um evento para divulgação do material educativo produzido, no qual estiveram presentes assistentes sociais e gerentes de unidades de saúde, além de representantes da Faculdade de Serviço Social, da Gerência Executiva da Saúde e do Conselho Regional de Serviço Social/Seccional de Mossoró. Na ocasião, houve palestra sobre Educação em Saúde, ministrada pela assistente social da UPA, Liduina Felipe, seguida da apresentação dos instrumentos, distribuição da cartilha e exibição do vídeo, o que motivou um debate acerca da educação em saúde e da própria organização da rede de serviços de saúde no município.Diante da experiência vivenciada, ressaltamos a importância da educação em saúde para propiciar a socialização de informações e a produção coletiva de conhecimentos e de práticas que potencializem melhores condições de saúde para a população, contribuindo para a construção de sujeitos autônomos e de direitos.Efeitos alcançadosA efetivação deste projeto contribuiu para incrementar o acervo de recursos potencializadores das ações de educação em saúde realizadas pelos/as profissionais que atuam na rede de serviços de saúde de Mossoró-RN, dando-se ênfase para a particularidade de apresentar aspectos da realidade local. Além disso, as ações realizadas foram significativas para a formação profissional dos diversos sujeitos que protagonizaram esta experiência, propiciando a capacitação no campo da instrumentalidade, que consiste num dos aspectos fundamentais na atuação dos/as assistentes sociais.RecomendaçõesNa expectativa de fortalecer a educação em saúde, recomendamos a implementação de outras iniciativas que venham potencializar as ações socioeducativas, tais como: a utilização de e-mails e redes sociais, a produção de vídeos, cartilhas, exposições, esquetes teatrais, curtas metragens, folders e cartazes, enfocando temas e situações vinculadas às realidades de saúde vivenciadas em suas particularidades locais e contextos socioculturais de cada município.