Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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PET-SAÚDE DA FAMÍLIA: A ATENÇÃO BÁSICA COMO CENÁRIO DA FORMAÇÃO EM SAÚDE
Claudia Christianne de Melo Medeiros, Francisca Nazaré Liberalino, Iramara Lima Ribeiro, Nilma Dias Leão Costa

Resumo


INTRODUÇÃO: Os relatórios das Conferências Nacionais de Recursos Humanos, dentre os quais a III Conferência Nacional de Gestão no Trabalho e da Educação na Saúde1 têm constatado que os perfis dos profissionais, são inadequados para uma atuação no desenvolvimento de práticas e cuidados eficientes, notadamente na Atenção Primária à Saúde. O novo paradigma de universidade volta-se ao ensino cujo conhecimento é disponível e apropriado pelos estudantes, devendo articular os itinerários da pesquisa e extensão na formação, em acordo com as demandas sociais e do mundo do trabalho. Para isto, é preciso fortalecer a flexibilidade dos Projetos Pedagógicos dos cursos de graduação na saúde, melhorando as práticas pedagógicas guiadas por processos metodológicos e avaliativos inclusivos, dialógicos, críticos e, da aprendizagem partindo das vivências. Portanto, os serviços de saúde, campos férteis na interlocução com distintos saberes, permitem múltiplas experiências nos ambientes sociais e preparam para atuação em equipes multidisciplinares, na interação com os usuários, no desenvolvimento das competências indispensáveis para cuidar do ser humano em sua integralidade. O objetivo desse trabalho é mostrar a importância da atenção básica, notadamente da Estratégia de Saúde da Família, como um dos cenários da formação integrada em saúde. METODOLOGIA: O estudo é descritivo e prioriza os princípios pedagógicos da Escola Crítica na formação dos grupos tutoriais PET-Saúde por projetos de trabalho integrados, distribuídos em diferentes Unidades de Saúde da Família do município de Natal-RN. DISCUSSÃO Há três anos temos desenvolvido como estratégias de ensino na graduação a Atividade Integrada de Educação, Saúde e Cidadania (SACI) e o Programa de Orientação Tutorial Integrado (POTI) que vêm sendo incorporadas aos cursos da saúde. Na relação educação, trabalho e saúde, os estudantes vivenciam atividades multiprofissionais, desenvolvendo projetos nos serviços e comunidade que proporcionam articular teoria-prática e dão significado ao aprendizado interdisciplinar. Assim, têm o ambiente propício a identificação, reflexão e priorização de problemas da população e ao planejamento de ações estratégicas junto a comunidade, relacionando educação-saúde-cidadania. Trabalham as situações de saúde-doença multidimensionalmente e segundo as diretrizes do Sistema Único de Saúde2. Conhecem as habilidades específicas de cada profissão e exercitam as transversais e comuns a todos os membros da equipe. Orientados por metodologias e avaliações inclusivas, dialógicas e críticas, apropriam-se de conhecimentos, habilidades e valores indispensáveis a compreensão da realidade social, ajudando a reforçar a importância de inserir a universidade na realidade que a rodeia3, permitindo a realização de estudos como os descritos a seguir. O estudo sobre o perfil multidimensional da pessoa idosa (2011-2012) que poderá ser aproveitado para potencializar os benefícios de uma velhice saudável, através de um acompanhamento eficaz pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), demonstrou um grau de vulnerabilidade sócio-epidemiológica. Evidenciou-se as doenças crônicas como hipertensão e diabetes que demandam a reorientação do HIPERDIA. A depressão citada por um número menor de idosos requer olhar especial das equipes. Ao compartilhar socialmente os conhecimentos acerca da condição atual dos serviços, sua organização, oferta e avaliação pelos usuários, constatamos a insuficiente mobilização social de trabalhadores e usuários da saúde, na busca por mudanças no cenário municipal. Prevalece a gestão individualista do problema, em detrimento da luta pela efetivação do direito à saúde por toda sociedade. Isto requer fortalecer a educação permanente dos profissionais e usuários, através de parcerias entre a educação, gestão, serviços de saúde e controle social. Estudos de iniciação científica também são realizados mobilizando discentes para as práticas formativas na Atenção Básica, dentre os quais podemos destacar: a avaliação do risco para o pé diabético e o perfil nutricional de gestantes atendidas pelas equipes de saúde, gerando alguns resultados satisfatórios para o trinômio discente-equipe-usuário. A extensão propicia aos docentes, preceptores e discentes, participarem de ações multidisciplinares em espaços e territórios, sob a responsabilidade das equipes de saúde da família. Diferentes ações são desenvolvidas tais como: prevenção das doenças transmissíveis, estímulo ao uso consciente de medicamentos, atenção à saúde direcionada aos diferentes ciclos de vida, além dos inquéritos epidemiológicos da saúde bucal. Toscano4, estudando as experiências Saúde e Cidadania na UFRN e a Atividade Curricular em Comunidade na UFBA, conclui que estas experiências contribuem para pensar uma Universidade atuante, dialogando com os interesses da comunidade, formando profissionais responsáveis, solidários e cidadãos, desenvolvendo experiências inseridas na globalização alternativa, contra-hegemônica, uma vez que contemplam ações para a superação das desigualdades sociais, na luta pela emancipação social dos sujeitos participantes. CONCLUSÃO: Conclui-se que o Pet-Saúde da Família contribui para a construção de espaços de experimentação da interdisciplinaridade na formação contextualizada com os problemas de saúde locais, na melhoria da formação em saúde, na articulação intra-institucional na UFRN, abrangendo as áreas do ensino, pesquisa, extensão. Estimula as ações colaborativas na Atenção Básica para a qualificação e aperfeiçoamento da gestão do cuidado no Sistema Único de Saúde, além da articulação com os serviços municipais. Embora reconheçamos esses avanços, é importante investir em novos esforços para superar o paradigma educacional predominante de formação fragmentada. É preciso mudar a estruturação dos planos de cursos em disciplinas e especialidades. Articular os conhecimentos básicos e clínicos, além de minimizar o uso/difusão de tecnologias sofisticadas. Urge enfatizar os processos formativos na rede de serviços de saúde, na valorização da cultura e no desenvolvimento humano e social. REFERÊNCIAS 1. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. III Conferência Nacional de Gestão no Trabalho e da Educação na Saúde. Cadernos de RH Saúde, v.1, n.1. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 188p. 2. MEDEIROS JUNIOR, Antônio; LIBERALINO, Francisca Nazaré; COSTA, Nilma Dias Leão (Org.). Caminhos da tutoria e aprendizagem em Saúde e Cidadania. Natal/RN: EDUFRN, 2011. 162p. 3. ALMEIDA JÚNIOR. Relatos de uma vivência interdisciplinar: Educação, saúde e cidadania. 2008. 89f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN. 2008. 4. TOSCANO, Geovânia da Silva. Extensão universitária e formação Cidadã: a UFRN e a UFBA em ação. 2006. 293f. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Natal/RN. 2006.