Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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PRÁTICA EDUCATIVA PARA O TRÂNSITO: DESAFIO NA PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE EM UNIDADE PEDIÁTRICA
Franciele Foschiera Camboin, Ana Cristina Geiss Casarolli

Resumo


INTRODUÇÃO: As crianças e jovens, por estarem em fase de desenvolvimento e crescimento, têm uma maior propensão a lesões fatais ou complicações localizadas em algumas partes de seu corpo quando expostas aos acidentes. Além dos custos sociais, econômicos e emocionais, os acidentes na infância são responsáveis não só pelo grande número de mortes, mas também pelas injúrias, traumatismos não fatais e sequelas que exercem grande impacto na vivência familiar e na sociedade. Neste sentido, um dos instrumentos que pode colaborar para a redução do risco dos acidentes de trânsito é a educação da população infanto-juvenil. A Educação em Saúde é uma prática social, que contribui para o desenvolvimento da consciência crítica das pessoas em relação aos problemas de saúde e estimula a busca de soluções e organização para a ação individual e coletiva. A educação para o trânsito direcionada a crianças e adolescentes emerge como desafio na prevenção e promoção à saúde da população fomentando estratégias que promovam a disseminação do comportamento seguro no trânsito. OBJETIVO: Relatar atividades educativas e realizadas acerca da educação para o trânsito com crianças entre 07 e 14 anos incompletos internadas em um Hospital Universitário do Oeste do Paraná. METODOLOGIA: No presente estudo caracterizado como descritivo exploratório, a coleta de dados foi realizada no Alojamento Conjunto Pediátrico durante os meses de novembro, dezembro e fevereiro, em três dias semanais. Realizou-se a aplicação de um questionário, após a prática educativa para o trânsito com o intuito de avaliar a prática de educação no trânsito. O questionário foi desenvolvido utilizando assuntos relacionados com a segurança no trânsito. Optou-se por questões curtas, poucas questões e na maioria objetiva para que não excedesse o tempo programado para a realização da prática educativa. A prática educativa desenvolvida utilizou álbum seriado e software. Após a prática educativa foi aplicado um questionário para avaliação da atividade. Para realização da prática educativa foi utilizado um software intitulado O Jogo de Aprendizado Multidisciplinar (JAM), desenvolvido pelo curso de Ciência da Computação e adaptado para a necessidade desta prática educativa. RESULTADOS: Participaram da prática educativa para o trânsito 41 crianças que, de acordo com a caracterização dos indivíduos, tem-se em sua maioria 26 (63,4%) crianças do sexo masculino e 15 do sexo feminino (36,6%). Em relação a faixa etária, prevaleceu 15 (36,6%) crianças na faixa etária de 09 e 10 anos e foi bimodal para crianças com 07 e 08 anos e entre 11 e 13 anos que apresentaram 13 (31,7%) crianças. Quanto ao grau de escolaridade, 18 (43,9%) crianças estavam no 4° e 5° ano, 15 (36,6%) no 2° e 3° ano e 8 (19,5%) no 6°, 7° e 8° ano. Para avaliação da aplicabilidade da prática educativa foi desenvolvido um questionário contendo nove questões relacionadas com a característica, duração e o desempenho individual. Em relação às dificuldades encontradas, 37 crianças relataram não ter dificuldades em manusear o programa e 04 tiveram dificuldades na interpretação e leitura. Todas as crianças conseguiram terminar a atividade que foi desenvolvida. Do total das crianças em estudo, 40 não acharam difícil participar das atividades que foram propostas e 27 não precisaram de ajuda. Ressaltamos que as 04 crianças que tiveram dificuldades na interpretação e leitura, 3 delas estão no 2° ano sendo que duas tem 7 anos e uma tem 8 anos e 01 no 3° ano com 7 anos, todas demoraram mais de 1hora para realizar todas as atividades. Quanto à característica das atividades, 35 crianças acharam a atividade colorida, 25 gostaram da prática educativa (jogo e álbum seriado) e 32 crianças relataram não ter participado de qualquer outra atividade parecida com a desenvolvida. Quando questionados sobre qual a atividade desenvolvida que as crianças mais gostaram, os resultados apontam que a maioria das crianças gostou das atividades propostas. Em relação ao tempo utilizado para o desenvolvimento da prática educativa foi preciso até 45 minutos para realizar todas as atividades com 14 crianças, de 45 minutos a uma hora com 16 crianças e mais de uma hora com 11 crianças. As práticas educativas em saúde devem fazer parte do cotidiano do profissional de saúde, em particular o enfermeiro, que ao desenvolver atividades de prevenção, promoção e recuperação da saúde devem incluir, dentre as práticas educativas o tema comportamento seguro no trânsito. A educação em saúde deve fazer parte do cotidiano do profissional de enfermagem que atua tanto na atenção básica como na especializada. Comumente é realizada essa prática em saúde nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de nosso município pela equipe de enfermagem, médica e por acadêmicos, porém tem sido pouco desenvolvida no ambiente hospitalar. É importante que esses profissionais tenham conhecimento dos índices alarmantes dos acidentes de trânsito envolvendo a população infanto-juvenil e os agravos decorrentes dos mesmos. Contudo, um dos instrumentos que podem colaborar para a redução deste importante agravo é a educação das crianças e adolescentes e dos pais e/ou responsáveis. CONSIDERAÇÕES: O enfermeiro é um educador, estando apto a desenvolver a educação em saúde. Os objetivos propostos no estudo foram alcançados no período proposto e com a metodologia escolhida. Algumas dificuldades foram encontradas como: a coleta de dados foi realizada em três dias semanais, assim as crianças que foram internadas e receberam alta hospitalar nos demais dias da semana não foram inclusas, portanto não foi possível a realização da prática educativa com todas as crianças, mas sim com uma amostra delas; a data da coleta de dados não coincide com o estabelecido inicialmente, devido a dificuldade encontrada por se tratar de um período em que estavam presentes feriados prolongados e recesso acadêmico e a maioria das crianças internadas não compreendiam a faixa etária estabelecida para participar do projeto. Tivemos como aspectos facilitadores o ambiente e a presença de computadores que possibilitou a aplicação do software e a compreensão e apoio da equipe de enfermagem do hospital. Acreditamos também que a iniciativa de realizar a prática educativa em ambiente hospitalar foi positiva, uma vez que as crianças internadas possuem um tempo ocioso e o local escolhido possuía um espaço físico adequado e bem equipado para o desenvolvimento da educação em saúde.