Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Práticas integradas de estágio na área da saúde fortalecendo a integração ensino-serviço : a experiência do Pró-Saúde II na Universidade do Vale do Itajaí e Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí/SC.
Aldo José Correa Junior, Deise Baixo Duarte, Alessandra Monastel, Scharline Trevizol, Jonilda Hugen Souza Vieira

Resumo


Em 2007 a Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e a Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí/SC (SMS) aprovaram o projeto Pró-Saúde II – ação multiprofissional junto à Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde e desde 2008 os cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Farmácia, Nutrição, Psicologia, Educação Física e a Rede Assistencial vem participando deste projeto. O objetivo da proposta é ativar o processo de reorientação da formação profissional em saúde como ação multiprofissional com vistas à reorganização do processo de trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS).Vislumbra-se o eixo ético/epistemológico do cuidado como integralidade, assumindo uma educação que provoque novas alteridades e identidades profissionais forjadas na imersão na realidade local mediada pelo acesso a interdisciplinaridade do conhecimento em saúde coletiva. Nos cenários de práticas, as ações foram voltadas para o incentivo e planejamento das atividades integradas de estágio nas unidades básicas de saúde. Para isso foram realizadas reuniões periódicas com representantes da SMS-Itajaí visando planejamento e gestão compartilhada do processo de integração ensino-serviço. Este processo junto as equipes de ESF iniciou-se com uma oficina em julho de 2009, realizada em parceria com o FNEPAS e cujo tema foi Integralidade, neste momento participaram 181 membros das equipes de ESF das unidades onde eram realizados os estágios curriculares,docentes e usuários. A questão norteadora do debate foi: Avaliação da experiência de integração ensino-serviço-comunidade em Itajaí e proposição de estratégias que visem à melhoria da atenção à saúde da comunidade. O trabalho em grupos procurou reunir os alunos, professores e profissionais do serviço por regionais de saúde, conforme a organização da própria secretaria de saúde no município, levando em conta a proximidade local das unidades de saúde. Os relatos revelaram especificidades relativas às comunidades atendidas e a trajetória da equipe nesta ou naquela região, havendo diferenças entre equipes implantadas há mais ou menos tempo nos bairros. Como norteador dos debates apareceu à necessidade de planejamento conjunto para que não haja a repetição de ações pelos diferentes estágios. Além disso, o planejamento foi apontado como o principal articulador do ensino e serviço para que se faça previsão da distribuição do número de estágios e alunos nas unidades de saúde. Destacou-se ainda que o aprender em serviço não se limita a presença na unidade de saúde (UBS), mas a quaisquer espaços da rede de serviço, nos diferentes níveis de atenção, incluindo também a gestão. Os resultados dessa oficina associado à análise dos Projetos Pedagógicos de cada curso, originou uma nova oficina desta vez voltada para coordenadores de curso e responsáveis pelos estágios. Desta oficina participaram 50 docentes, a partir da discussão do texto: Saber, agir e educar: o ensino-aprendizagem em serviços de saúde. Maria Alice Amorim Garcia, trabalhou-se com duas questões norteadoras: Quais as dificuldades apresentadas no cotidiano do estágio? Quais as proposições para superação destas dificuldades? Elencaram-se as seguintes dificuldades: Acolhimento entre os serviços; Formação do professor para o aprendizado significativo; Expectativas do aluno por formação mais técnica; Inserção do professor no campo x envolvimento do professor do campo com o ensino; Processos de trabalho diferente entre o campo e a academia; Desconhecimento dos diversos cursos em relação as ações de estágio e sua operacionalização;. Ausência de ambiente em comum as áreas de estágio de cursos diferentes; Falta de integralidade nos serviços da própria universidade; Falta de referencia e contra-referencia nos serviços da universidade; Falta de articulação e planejamento entre os serviços de saúde e as ações pedagógicas; Carência de uma visão do sujeito integral; Falta de iniciativa do acadêmico (pro atividade) Muito discurso, poucas ações integradas; Falta de integração nas áreas da saúde. Apontando-se como ações em relação as fragilidades: Planejamento conjunto das atividades do ensino x campo; Definição política da escola, município e comunidade; Propor modelos assistenciais comuns; Manutenção do professor no campo; Educação permanente entre professores e profissionais; Manter os alunos por mais tempo no campo; Uso de metodologias ativas; Definir as unidades teóricas a partir da realidade; Oficina com intervenção integradas nos diversos níveis de complexidade;. Pontos de convergência dos cursos/momentos/atividades; Institucionalização de referência e contra-referência (protocolo); Identificar os docentes com perfil para atuar em serviços de saúde (flexibilidade, criatividade, resolubilidade, atuar em equipe); Aproximar a gestão dos serviços de saúde e a universidade. Definição das ações que são de interesse mútuo (e os objetivos);. Ações integradas (seminários, formações, semanas acadêmicas); Estágios integrados; Planejamento conjunto; Espaços de reflexão. Estes momentos de diagnóstico possibilitaram o delineamento de ações futuras como planificação semestral dos estágios, acolhimento, momentos de planejamento de estágios nas formações continuadas para docentes com participação dos profissionais da rede. Um ponto forte foi a realização do “Acolhimento” dos acadêmicos dos cursos da área da saúde pelos profissionais da Rede Regional e Municipal de Saúde no início do semestre letivo, em que se apresentaram a estrutura e o fluxo de serviços desenvolvidos por cada esfera de gestão. Esta ação resultou em depoimentos favoráveis dos docentes e discentes quanto à importância de conhecer nas diferentes instâncias a estrutura técnico-administrativa, hierarquização, programas desenvolvidos, dados epidemiológicos, financiamento dos serviços de saúde. Em relação ao planejamento conjunto realizou-se uma nova oficina final de 2010 para se falar de processo de trabalho e começar a organizar os estágios de 2011, no inicio de 2011 em uma nova oficina fechou-se o planejamento que teve um processo de avaliação no meio e no final do semestre. Atualmente alguns cursos já tem a rotina de planejamento de estágio integrado com a rede. Nos relatos de docentes, discentes e profissionais de saúde evidencia-se que esta oportunidade favoreceu a aproximação ensino-serviço bem como o planejamento e desenvolvimento de ações em saúde mais adequadas à realidade loco-regional. Destaca-se ainda a realização de ações educativas sobre temáticas como sexualidade e cuidado de si, meio ambiente, integralidade, planejamento familiar, realizadas por discentes/docentes de diferentes cursos em parceria com escolas e grupos de saúde nas comunidades. O processo de mudança no serviço evidenciou-se elevada implicação dos profissionais na mudança inerente à atenção à saúde desenvolvida por eles no processo de trabalho.