Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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RÁDIO COMUNITÁRIA: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Maira Rossetto, Micheli Scolari Rossetto, Eder Campos Pinto

Resumo


RÁDIO COMUNITÁRIA: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A EDUCAÇÃO EM SAÚDE RESUMOO profissional da área da saúde, mais especificamente o enfermeiro, pode atuar buscando novas alternativas para o desenvolvimento das práticas de educação em saúde, neste contexto, o rádio pode ser utilizado como estratégia para a promoção de autonomia dos sujeitos. Desta forma, a partir das necessidades regionais e a fim de criar novas estratégias de educação em saúde oportunizou-se um projeto de extensão com o objetivo de desenvolver atividades de educação em saúde através da radio comunitária partindo das necessidades das pessoas. Os programas eram realizados três vezes por semana, com duração de 90 minutos e de acordo com as necessidades dos ouvintes. A educação em saúde pode ser uma estratégia para a troca de saberes entre profissionais e usuários, estabelecendo a escuta como principal condutor para a promoção de sujeitos que possam fazer suas escolhas. Palavras chaves: comunicação/rádio, educação em saúde, enfermagem. INTRODUÇÃOO profissional da área da saúde, mais especificamente o enfermeiro, pode atuar buscando novas alternativas para o desenvolvimento das práticas de educação em saúde. Neste contexto, os meios de comunicação podem ser inseridos e atuar como porta de entrada profissional e sobre um amplo número de pessoas, não privilegiando determinado grupo e nem escolhendo classe social (Vasconcellos, 2001).Através das práticas educativas, cada equipe de saúde através de suas ações assume responsabilidade pelo cuidado integral à saúde da população a ela vinculada, através de ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes (Neto e Kind, 2010).Pensando nas questões relacionadas à comunicação em saúde, foi desenvolvido o projeto de extensão “Rádio como Ferramenta Pedagógico para a Educação em Saúde”. A realização do projeto de extensão suscitou reflexões sobre o cotidiano das práticas educativas e a forma como são desenvolvidas. Sendo tal estratégia, utilizada para a promoção da saúde da população tendo como um dos seus princípios o desenvolvimento da autonomia para o autocuidado (Oliveira, 2011). Porém, tal iniciativa pode promover equívocos e ocorrer de forma linear e vertical, sem escuta ativa das pessoas e sobre o que é importante para o seu bem estar.Assim, a educação em saúde deve ter em suas bases, referenciais que superem a conceituação biomédica de saúde e abranjam objetivos mais amplos, uma vez que a saúde deixa de ser apenas a ausência de doenças para ser uma fonte de vida. Deste modo, na sua versão contemporânea, a educação em saúde já não se destina apenas a prevenir doenças, mas a preparar o indivíduo para a luta por uma vida mais saudável (Oliveira, 2005).Neste contexto, a promoção da saúde busca a superação da responsabilização do individuo pelo seu estado de saúde e investe num cenário onde o individuo faz suas próprias escolhas, esta defende a tese do investimento na autonomia e na escolha individual. Um termo muito usado na promoção da saúde, o empowerment emprega a ideia de instrumentalizar o individuo para cuidar da sua vida e da sua saúde ( Kleba e Wendausen, 2009).Para a promoção da saúde, através do empowerment – realizado através de ações de educação permeadas pela troca de experiências - o indivíduo deve ser estimulado a tomar decisões sobre a sua própria vida, com uma noção de autonomia que cria um ideal de autogoverno. Trabalhar com essa abordagem proporciona ao individuo a ideia de que ele pode optar pelo que deseja fazer, sendo que se apoia no pilar de que suas escolhas são o produto final do processo educativo (Oliveira, 2005). Neste contexto, realizou-se um projeto de extensão com o objetivo de desenvolver atividades de educação em saúde através da radio comunitária partindo das necessidades das pessoas. O CENÁRIO E OS ATORES ENVOLVIDOS O projeto de extensão “Rádio como Ferramenta Pedagógica para a Educação em Saúde”, foi construído no intuito de desenvolver novas experiências de Educação em Saúde. Aprovado pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões no ano de 2005, sob-responsabilidade de uma professora do curso de graduação em enfermagem e de bolsistas voluntários, os programas eram realizados na Rádio Comunitária FM 97.9 de Frederico Westphalen-RS.Os programas eram realizados na rádio comunitária três vezes por semana e tinham duração média de 90 minutos. ‘Dicas de Saúde’ era realizado uma vez por semana e ‘Conversando sobre Saúde’ era realizado duas vezes por semana. Os temas eram escolhidos de acordo com as demandas dos ouvintes e seguia a variação das estações do ano (inverno, primavera, verão e outono) que possuem doenças características influenciadas pelo clima, temperatura, pelas condições ambientais, etc.Também, era possível a comunicação entre os ouvintes e o rádio através do telefone, internet e de uma urna colocada na universidade. Assim, os ouvintes poderiam sugerir temas que julgassem pertinentes e discutir os assuntos abordados em cada edição do programa. Os programas também recebiam profissionais especializados, que eram convidados para abordar os temas de seus domínios. AS AÇÕES DESENVOLVIDASO formato do programa valorizava as pessoas e seus saberes, sendo possível nas conversas a discussão sobre o cientifico e o popular. Os temas abordados nos programas variavam de acordo com as estações do ano. No inverno estavam centrados em complicações do sistema respiratório. No verão, relacionavam-se a exposição ao sol, ingesta hídrica e alimentar, doenças diarreicas, lazer e esportes. Na primavera, alergias e lesões de pele. No outono, abordavam-se temas universais e as doenças emergentes no período. Em cada programa os convidados traziam novas dinâmicas para falarem sobre o assunto, que buscavam uma linguagem popular e a associação com exemplos do dia a dia.O contato e a participação dos ouvintes proporcionavam grande audiência aos programas e reconhecimento regional da proposta de educação em saúde. Para os alunos, também se constituía oportunidade de aprendizado de uma modalidade de educação em saúde que não estava centrada nos modelos tradicionais e que exigia conhecimento e dinamismo. A realização dos programas também foi um desafio para os professores que acompanhavam os alunos, pois nenhum professor tinha experenciado esta modalidade educativa. CONSIDERAÇÕES FINAISHegemonicamente, as ações de educação em saúde têm se apresentado como importantes instrumentos de dominação e de responsabilização dos indivíduos pelas suas condições de vida. Para superar tal situação, propõe-se reorientar as práticas de saúde, de modo que a educação em saúde deixe de ser apenas mais uma oferta pontual dos serviços para ser algo inerente às suas práticas, construindo assim a participação popular no seu cotidiano.Neste sentido, o rádio pode ser utilizado como ferramenta para educação e promoção em saúde e como uma estratégia mais dinâmica para a divulgação e troca de informações entre profissionais e usuários do sistema de saúde. Também, como ferramenta para a enfermagem no desenvolvimento de suas ações educativas e de seus alunos em campo prático de ensino. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OLIVEIRA, D.L.L.C. de. A enfermagem e suas apostas no autocuidado: investimentos emancipatórios ou praticas de sujeição. Rev. Bras Enferm. Brasilia; v. 64, n. 1, p.185-8., jan-fev 2011. OLIVEIRA, D.L.L.C. de. A ‘nova’ saúde pública e a promoção da saúde via educação: entre a tradição e a inovação. Rev. Latino Am Enfermagem; v. 13, n. 3, p.423-31, maio-junho 2005. NETO, J.L.F., KIND, L.. Práticas grupais como dispositivo na promoção da saúde. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro; v. 20, n.4, p.1119-1142, 2010. KLEBA, M.E., WENDAUSEN, A.. Empoderamento: processo de fortalecimento dos sujeitos nos espaços de participação social e democratização política. Saúde Soc. São Paulo; v.18, n.4, p.733-743, 2009. VASCONCELOS, E.M. Redefinindo as práticas de Saúde a partir de experiências de Educação Popular nos Serviços de saúde. Interface Comunic., Saúde, Educ., p. 121-126, fev 2001.