Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Relato de experiência – Visão acadêmica sobre aulas práticas, realizadas no ambiente hospitalar- Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campo Grande- MS
Jackeline Sousa da Silva, Mara Lisiane de Moraes Santos, Larissa Olmedo, Gabriele Cristina Kuhn Souza, Leila Foerster Merey

Resumo


Introdução: As aulas práticas são um desafio para professores, que caminham em busca de meios para aplicar o conteúdo visto em sala de aula de forma prazerosa, na tentativa de aumentar a participação dos acadêmicos através de aulas dinâmicas que despertam o interesse pelo assunto. As aulas práticas de Métodos e Técnicas de Avaliação em Fisioterapia foram realizadas com este propósito, através da utilização de novos modos de ensinagem, como a utilização de novas metodologias de ensino baseada na problematização e rodas de conversa, dando ao aluno autonomia para tornar-se membro ativo no processo de construção do seu próprio conhecimento, sendo co-responsável pelo seu próprio saber. Esta forma de aprender favorece o processo de construção de um modelo educacional que busca a formação de um profissional crítico-reflexivo diante dos problemas do mundo, capaz de entender e trabalhar com conceitos amplos de saúde como a promoção, prevenção e recuperação do processo de adoecimento. O envolvimento da academia neste contexto é imprescindível através do desenvolvimento de estratégias que consigam despertar novos interesses em seus alunos. Os cenários de prática utilizados devem ser capazes de promover mudanças no processo de formação dos profissionais da saúde, promovendo uma visão mais ampla das condições do paciente, exercitando assim o principio da integralidade sugerido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além do desenvolvimento de habilidades interpessoais com o paciente e profissionais da equipe de saúde. Durante a graduação, os momentos que colocam o aluno frente a situações que serão vivenciadas depois da formação favorece o processo assistencial, uma vez que o torna mais seguro para frente a eleição de terapêuticas assim como diante das adversidades que possa encontrar. Este comportamento é frequentemente observado em alunos que utilizaram a problematização como estratégia de ensino-aprendizagem com consequente aumento na confiança de seus conhecimentos. Objetivos: Relatar a importância da experiência prática na formação de futuros profissionais da Saúde, desde o inicio da graduação, bem como sugerir sua reprodutibilidade nas demais disciplinas e, também, em outros cursos da área da Saúde. Método: Foram analisados 32 relatos de experiência de alunos do 4ª semestre do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), obtidos através de aulas práticas realizadas no Hospital Universitário, na disciplina de Métodos e Técnicas de Avaliação em Fisioterapia. Utilizou-se o método de Análise de Conteúdo de Bardin. Tal método consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos a descrição do conteúdo das mensagens, que por vez permite a criação de indicadores, quantitativos ou qualitativos, que viabilizam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção das mensagens. Na Analise de Conteúdo o texto é um meio de expressão do sujeito, onde o analista procura categorizar as unidade de texto que se repetem, inferindo uma expressão que as representem. Através da presente análise foram formuladas duas categorias temáticas: Pontos Negativos e Pontos Positivos. As mesmas foram dividas em subcategorias, sendo a primeira categoria composta por cinco subcategorias e a segunda por sete subcategorias. Estas categorias foram feitas de acordo com a repetição de palavras ou frases nos textos dos acadêmicos. Resultados: Dentro dos pontos negativos tivemos: 50% para insegurança, evidenciada pela fala do sujeito um: “No primeiro contato a insegurança, a falta de prática hospitalar”; 25% para falta de preparo/experiência, de acordo com a fala do sujeito dois: “incomodo em estabelecer uma aproximação com o paciente devido a minha inexperiência”; 18,75% para paciente não colaborativo; 12,5% para dificuldade em obter informações sobre o paciente e 18,75% para Outros (falta de privacidade, falta de tempo e ambiente hospitalar). Já nos pontos positivos obtivemos: 81,25% para oportunidade de colocar em prática a teoria, como na fala do sujeito três: “atividades práticas como esta são muito importantes para conciliar teoria com prática.”; 15,62% para conhecimento de aparelhos utilizados na avaliação dos pacientes; 53,12% para criação de vínculo com os pacientes, vista na fala do sujeito quatro: “nós precisamos desse contato direto desde o começo, criando um vínculo profissional-paciente”; 31,25% para ganho de experiência; 34,37% para conhecimento de ambiente hospitalar, conforme o que disse o sujeito cinco: “preparar o aluno para a realidade da prática hospitalar”; 21,87% para estímulo do raciocínio; 34,37% para participação ativa dos alunos/dedicação aos estudos. De acordo com os resultados pode-se inferir, principalmente, o sucesso da utilização da metodologia ativa de ensino que foi bastante citada pelos alunos como uma vantagem em sua formação, uma vez que se tornam mais participativos e adquirem maior segurança na hora de realizar as práticas, sendo que, em um segundo momento, atingiu-se também, os objetivos propostos no inicio da disciplina de Métodos e Técnicas de Avaliação em Fisioterapia, que era o de promover autonomia aos alunos, bem como melhorar suas habilidades em um cenário de prática, sendo o papel central do ensino o de proporcionar aos acadêmicos a oportunidade de mudança, pois a maioria veio de uma metodologia tradicional de ensino, ou seja, utilização de aulas expositivas onde não há problematização que faça com que esse aluno aplique seus conhecimentos ao cotidiano, sem desenvolver habilidades de análise e reflexão acerca de problemas. Tal mudança promove um aumento das possibilidades de compreensão e interação do aluno, aguçando seu interesse e responsabilidade em sua formação enquanto profissional da saúde. Conclusão: A análise dos relatos demonstrou a importância de incluir essas vivências desde o inicio da graduação, pois esta modalidade de ensino impulsiona o acadêmico a buscar e aperfeiçoar seus conhecimentos. A metodologia ativa de ensino adotada nas aulas foi bem vista pelos acadêmicos do curso de Fisioterapia, podendo ser utilizado nas demais disciplinas, bem como nos demais cursos da área de Saúde, sendo uma forma de estimular o aluno que, diante do problema, se detém, examina, reflete, relaciona a sua história e passa a ressignificar suas descobertas.