Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Título: A Articulação Interinstitucional como dispositivo para Educação Permanente
Carla Haas Centurião, Silene Alminda Galle Ceolin, Lourdes Rossato Stefanello, Maiara Weber Botton, Sueli Goi Barrios

Resumo


Título: A Articulação Interinstitucional como dispositivo para Educação Permanente Autoras: Carla Haas Centurião Lourdes Rossato Stefanello Maiara Weber Botton Sueli Goi Barrios Silene Alminda Galle Ceolin Este resumo trata do relato de uma experiência de trabalho integrado e sua importância para a cultura da educação permanente. Envolve Coordenação de Prevenção do Câncer Ocupacional do Instituto Nacional do Câncer - CONPREV/INCA, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador - CEREST de Santa Maria, Secretaria Municipal de Saúde - SMS de Nova Palma, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, através do Hospital Universitário - HUSM e Programa de Pós-Graduação de Enfermagem - PPGENF e foi desenvolvido com pessoas residentes no município de Nova Palma - RS. O Ministério da Saúde, através do INCA, vem fortalecendo a área de vigilância do câncer relacionado ao trabalho e ao ambiente, o que tem favorecido o desenvolvimento de estudos epidemiológicos que relacionem os diversos agentes cancerígenos presentes no meio ambiente e nos ambientes de trabalho com o desenvolvimento de câncer. Nesse sentido, com o objetivo de desenvolver uma pesquisa sobre prevalência de câncer de pele e lesões precursoras em residentes de municípios agricultores, a CONPREV/INCA buscou junto ao CEREST centro, um município parceiro para a realização de estudo envolvendo atenção básica e especializada no SUS, resultando na adesão do município de Nova Palma e HUSM. Coube ao CEREST desencadear um processo bastante complexo de negociações entre as diferentes instituições. Este exercício de articulações e negociações entre os atores, para o desenvolvimento de ações integradas deu-se desde a elaboração de projeto/captação de recursos (INCA), identificação / construção de parcerias (INCA – CEREST; INCA – CEREST – Nova Palma (SMS e Hospital) – UFSM/HUSM), até a preparação técnica e organização de fluxos que respondessem também à demanda assistencial da população, identificada através da pesquisa. Nessa perspectiva, Ceccim e Feuerwerker, 2004, referem que experiências como essa, extrapolam o domínio técnico-científico dos profissionais e se estendem pelos aspectos estruturantes de relações e de práticas de interesse ou relevância social que contribuam para o enfrentamento dos problemas de organização da gestão do setor saúde e estruturação do cuidado à saúde. Este processo possibilitou a aproximação entre trabalhadores e instituições que historicamente desenvolvem suas atividades de forma isolada, considerando apenas seu núcleo de atuação, desconectada do campo da saúde coletiva e/ou das necessidades da população. Aproximar uma proposta de pesquisa do INCA a um município de pequeno porte no interior do RS significou muito além do que o cumprimento de objetivos institucionais, pois se o conceito chave da educação permanente em saúde é a articulação entre educação e trabalho, mundo da formação/pesquisa e mundo do trabalho, o município é o lugar sede da concretização desse ato político. (MS, 2004) Este ato político contribuiu para a valorização, para a construção do conhecimento cientifico a partir do reconhecimento do saber local, tornando cada ator (gestor, médico, enfermeiro, ACS, usuário) um autor. Desde a presença de pesquisadores do INCA no município até a participação de médicos dermatologistas do HUSM em Nova Palma, o processo de pesquisar a prevalência de câncer de pele naquela população oportunizou o encontro de diferentes saberes e práticas reconhecidos e validados pelos diversos setores envolvidos, onde a interinstitucionalidade e a locorregionalização expressaram a diversidade de atores sociais integrantes do processo da educação permanente, quer seja como dirigentes, profissionais, trabalhadores, usuários das ações e serviços de saúde, favorecendo a reflexão, e a partir daí, se definiu as necessidades da população, das equipes, dos serviços e da esfera de gestão na produção de novos estudos em nível local. A articulação interinstitucional desencadeada por meio dessa experiência contribuiu também para que o conjunto dos atores envolvidos refletissem criticamente sobre as praticas de pesquisa, de atenção, gestão e formação, sendo, por si só, um processo educativo aplicado ao trabalho, possibilitando mudanças nas relações, nos processos, nos atos de saúde e nas pessoas e uma melhor articulação para dentro e para fora das instituições. (MS, 2004) Por fim, recomenda-se que experiências de educação permanente, articuladas e desenvolvidas coletivamente entre instituições de pesquisa, ensino e a assistência à saúde, sejam reconhecidas como dispositivos com capacidade de impactar essa cultura, possibilitando qualificação nas práticas de atenção, da gestão e da formação em saúde, fortalecendo a construção do município como ator/formulador ativo dessa política de tal sorte que a Educação Permanente se materialize de forma agregadora em sintonia com as peculiaridades locorregionais. Referências Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Política de educação e desenvolvimento para o SUS: caminhos para a educação permanente em saúde: pólos de educação permanente em saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação na Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 68 p. – (Série C. Projetos, Programas e Relatórios) Ceccim, R. B e Feuerwerker, L. C. M. O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Socia PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 14(1): 41- 65, 2004