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A vigilância ambiental em saúde tem suas ações voltadas para o estudo do ambiente no qual o indivíduo está inserido, observando todos os fatores de risco que possa vir a prejudicar o seu bem estar. Baseado nessa perspectiva e devido ao fato de termos atualmente vários fatores de contaminação ambiental que corroboram para o surgimento de doenças, ameaçando o futuro das atuais e futuras gerações, faz-se necessário a saúde interagir com a educação no intuito de desenvolver ações preventivas que tenham como finalidade amenizar esses impactos. Caucaia tem se caracterizado como um município que necessita urgentemente dessa interação devido apresentar uma projeção de um crescimento populacional e industrial acima de suas expectativas. Acompanhando esse desenvolvimento, percebe-se um elevado número de pessoas migrando da zona rural para a urbana. Devido os espaços para invasões cada vez mais restritos em Fortaleza, essa população se concentra nos municípios da região metropolitana, como o município em questão, que possui uma extensa área territorial (1.223,796 Km2) e uma baixa densidade demográfica (265,93 hab/Km2) e é o inverso da capital cearense que possui uma menor área territorial (314,927 Km2) e uma alta densidade demográfica (7.786,52 hab/Km2) (IBGE, 2010). Devido a preferência por moradias próximas a centros urbanos, os indivíduos que migram para essas regiões se instalam em locais inadequados, trazendo consigo, em sua maioria, animais domésticos. Essa ocupação desordenada do solo acompanhado da criação irregular de animais vem trazendo como consequência o surgimento e a elevação do número de agravos a saúde, notificados nos núcleos de epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, relacionados à degradação de ambientes aos quais convivem. O presente trabalho tem como objetivo relatar as ações de educação em saúde realizadas nas zonas rural e urbana do município de Caucaia através da Célula de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, no período referente aos meses de janeiro a novembro de 2011, cuja meta principal foi de conscientizar a comunidade escolar sobre os impactos a saúde humana causados pela contaminação ambiental. As ações realizadas tiveram o intuito de informar aos alunos do 5º ao 9º ano e comunidade escolar, sobre o aumento dos agravos relacionados à contaminação ambiental, dando ênfase aos ocorridos com maior frequências nos bairros aos quais residem. Os eventos ocorreram em forma de palestras interativas, nas quais se baseavam na realidade dos problemas vividos por cada comunidade e visitas domiciliares que tiveram como objetivo principal identificar fatores de risco a saúde humana, como qualidade da água, disposição inadequada de resíduos e criação desordenada de animais domésticos. Em todos os momentos, contamos com a participação da Secretaria Municipal de Educação, autorizando a realização do trabalho educativo em 23 escolas municipais, sendo 5 localizadas na zona rural e 18 na zona urbana. Os setores da Secretaria Municipal de Saúde envolvidos nesse processo foram: Célula de Vigilância Sanitária, que abordou sobre a sua metodologia de trabalho e os malefícios do uso do tabaco; Célula de Endemias e Zoonoses, que relatou e questionou os critérios de exame e coleta de cães, proliferação do mosquito transmissor da leishmaniose visceral e controle vetorial; Célula de Epidemiologia, que nos informou semanalmente os agravos relacionados a contaminação da água, do ar e do solo, possibilitando-nos palestrar e discutir sobre o assunto e atenção básica que proporcionou o engajamento dos agentes comunitários de saúde nesse processo. Os dados dos eventos foram coletados e registrados através de planilhas Excel, boletins de campo, folhas de frequência, fotografias e atas das escolas. Os bairros foram selecionados utilizando-se os critérios de prevalência de agravos relacionados à contaminação ambiental como as diarréias, leishmaniose visceral humana e canina, índice de infestação do mosquito transmissor da dengue, ausência de Agentes Comunitários de Saúde - ACS e ausência de sistemas de abastecimento de água. Os resultados obtidos no decorrer do ano foram a realização do projeto semana do meio ambiente em 14 escolas municipais que contou com a participação de 300 alunos representantes de sala, a fim de torná-los agentes multiplicadores e 65 Agentes Comunitários de Saúde, somando um total de 365 ouvintes. Ressaltamos que a convocação dos ACS para o referido evento teve como finalidade, contribuir, através do seu conhecimento do ambiente da comunidade ao qual trabalha, no enriquecimento do conteúdo das palestras. Também tivemos como resultado a realização de visitas domiciliares bimestrais com distribuição de 700 frascos de hipoclorito, seguido de palestras nas escolas das comunidades de Serra do Juá, São Pedro, São Bento e Pirapora, intensificamos a participação da comunidade escolar nas ações de educação em saúde das áreas identificadas, com ausência de abastecimento de água e ACS, realizamos reuniões nas escolas das comunidades de Alto do Garrote, Tabuleiro grande, Bom Princípio, Brasília e Várzea do Meio que necessitavam de informações sobre o trabalho de vigilância da qualidade da água e Identificamos 10 bairros prioritários para as ações de Vigilância Ambiental, localizados entre as zonas rural e urbana. Os problemas de saúde pública identificados com maior frequência nos referidos bairros foram: diarréia, dengue e leishmaniose visceral humana e animal. De acordo com os resultados obtidos, pode se observar a interação dos trabalhos realizados entre os setores Saúde e Educação no município de Caucaia, que informaram à população os fatores de risco de contaminação ambiental aos quais possam estar expostos em seus ambientes. Observamos ainda, que esses fatores estão ligados diretamente a ocupação desordenada dos espaços urbanos, a criação irregular de animais domésticos e ao hábito de colocar lixo em locais inadequados. Dessa forma, concluímos que os indivíduos envolvidos nesse processo devem ficar atentos a simples atos, muitas vezes involuntários, que podem prejudicar a saúde do seu ambiente e que a comunidade escolar pode contribuir no sentido de divulgar informações para colegas de sala, familiares, amigos e vizinhos. Também foi observado no decorrer dos eventos, que a maioria dos alunos não tem conhecimento do trabalho realizado pelos ACS e que a sua participação nos eventos promovidos pela Secretaria de Saúde nas escolas no período citado possibilitou, através das discussões em sala, informá-los sobre a importância do trabalho de campo realizado por esses profissionais.