Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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“Auto do pré-natal de Maria”: metáfora crítica ao desamparo humano pelo sistema de saúde público.
Vitor Nina de Lima, Leon Henrique Mourão, Heitor da Silva Portal, Ana Paula Prata Costa, Bianca Leão, Bruno Brabo

Resumo


A Trupe da Pro-Cura é um grupo acadêmico da Universidade Federal do Pará que se apropria de diferentes linguagens artísticas para promover a saúde. Tem no teatro a sua base principal de pesquisa, adquirindo ramos na arte da palhaçaria, tanto para desenvolver intervenções periódicas em hospitais (palhaçoterapia) quanto para exposições públicas de cunho satírico (teatro de rua).A utilização de um espetáculo de palhaços como recurso de exposição das problemáticas sociais, como a precariedade do SUS, parte da idéia de comoção coletiva pelo desnudamento das relações hierárquicas e calamidades públicas que se tornam habituais por sua recorrência. O clown revela o entorpecimento da sociedade como uma grande piada, deixando o discurso abrangente e incisivo, portanto, mais efetivo.Seguindo essa estratégia, o “Auto do pré-natal de Maria” faz um diálogo cômico com a sociedade, mostrando a deficitária infra-estrutura de amparo à gravidez presente no estado do Pará e a adaptação da população ao cruel descaso. Por meio de uma metáfora crítica, é apresentada a carência de assistência do complexo sistema de saúde nas regiões menos abastadas do território brasileiro.No espetáculo, a personagem Maria representando a mulher do povo. Ela recebe de um anjo servidor público do SUS a informação de que está grávida de gêmeos, porém a notícia chega com nove meses de atraso. Junto com José, seu marido, passa a percorrer o estado do Pará atrás de condições básicas para o parto. Maria é carregada pelo jumento, que simboliza o trabalhador da saúde que acredita na organização do sistema. Em vários momentos são mostrados indicadores de saúde insuficientes e o fantasma da corrupção que vitimiza a sociedade.A elaboração do auto demorou 5 meses para ser concluída e está em fase de apresentação experimental. Conta com um elenco de 14 pessoas, composto em sua maioria por acadêmicos de medicina iniciados na palhaçaria pelas oficinas de palhaçoterapia da Trupe da Pro-Cura. Por se tratar de um espetáculo curto e simples em recursos cênicos pode ser transportado para diversos locais públicos. A ideia principal é que ele apresentado em frente às unidades de saúde, praças, feiras e até em filas de espera por atendimento hospitalar.O espetáculo é um auto de fé nos homens e em tudo o que ele pode transformar, pois o grupo acredita que o homem, quando sensibilizado, pode lutar contra os mecanismos que lhe oprimem e buscar seu bem-estar a partir da consolidação de eu senso crítico.